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domingo, 10 de março de 2019

O CANGACEIRO VELOCÍPIDO


Por Manoel Belarmino Belarmino

“Oi, diga a papai José
Que tô chorando arrependido
Lá eu era Olímpio Grande
Aqui me chamam Velocípido”.


(Cantiga de autoria dos cangaceiros: Zabelê, Correnteza e Beija Flor).

Um menino apaixonado pelas coisas da roça e da caatinga, das vaquejadas e do cuidar das miunças (pequenos animais). Assim foi Olímpio, um menino nascido em Monte Alegre, filho do vaqueiro José Alves.

Era o tempo do Cangaço. Mortes e perseguições assolavam o sertão inteiro. O medo tomava conta das pessoas do sertão. Com isso os pais de Olímpio decidem mudar sua morada para o então povoado de Monte Alegre. O menino não se acostuma com aquela vida urbana. Sente saudades e retorna para a caatinga.

E, ali, em seguida, o rapazinho Olímpio, conhecido como Olímpio Grande, entra para o mundo bandoleiro do cangaço. É logo batizado por Lampião com o nome de guerra de Velocípido. O povoado de Monte Alegre viu ali o seu primeiro e único filho na condição de cangaceiro.

Com o passar de alguns dias, Velocípido sente o inferno que é a vida bandoleira. Não gosta da vida cangaceira. A tristeza e o desespero toma conta dos dias e da vida do menino Olímpio. Faz planos para desistir da vida cangaceira e fugir dali.

Os seus companheiros de cangaço brincam com a tristeza de arrependimento do menino Velocípido. Os cangaceiros poetas até compõem cantigas para animar o cangaceiro. Mas a tristeza continua na alma do menino bandoleira.

Sem pensar muito, numa manhã de sábado, antes do nascer do Sol, Velocípido fugiu do coito cangaceiro e foi para o povoado Monte Alegre. Logo procurou o senhor José Rodrigues da Silva, conhecido como Zé da Silva, aquele mesmo senhor que se tornou prefeito de Monte Alegre.

Zé da Silva não sabia o que fazer para proteger o rapaz. Teria que esconder o ex-cangaceiro das volantes e dos cangaceiros. Monte Alegre estava sob o comando policial do cabo Nicolau, terrível perseguidor e matador de cangaceiros. Com a intenção de proteger a vida do menino cangaceiro, Zé da Silva resolve levar o ex-cangaceiro até a capital Aracaju para entregar às autoridades.

A viagem para Aracaju foi marcada. Resolvem sair cedinho numa madrugada para Aracaju. Tudo pronto para o cangaceiro Velocípede ser entregue às autoridades da Justiça na capital. Mas o inesperado acontece. Antes de chegar em Nossa Senhora da Glória uma volante cerca os viajantes. Era o sanguinário cabo Nicolau. Zé da Silva tenta dialogar com o cabo, mas este estava irredutível.

Não teve jeito. O cabo Nicolau ordena que o cangaceiro se ajoelhe e com três tiros e duas punhaladas assassina o menino de Monte Alegre Olímpio Grande. Em seguida corta a cabeça do ex-cangaceiro e levando-a para o quartel de Nossa Senhora da Glória para exposição pública.

Assim foi a curta vida do único cangaceiro de Monte Alegre de Sergipe.

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