Por Antônio Corrêa Sobrinho
Li boa parte,
meu caro Robério Santos, o suficiente pra correr e lhe dizer, nesta página, o
quanto eu gostei de “O CANGAÇO EM ITABAIANA GRANDE”, o seu mais recente livro,
que o vi escrito também com as tintas do coração, dizendo-nos convincentemente,
pelo testemunho de tantos que, na velha Itabaiana, vivenciaram o banditismo
cangaceiro - que Lampião e muitos dos seus companheiros, como um José Sereno,
José Baiano, Mariano, Volta Seca e outros mais, se não invadiram a cidade de
Itabaiana, nascedouro de ilustres sergipanos, a exemplo do meu colega Antônio
Samarone, foi porque não precisaram, eis que tinham suas necessidades ali devidamente
satisfeitas, assim eu penso; mas logicamente que nesta cidade eles frequentaram
sim, pessoas e lugares, disfarçados - como fazem os grandes artistas -,
especialmente a grande feira de Itabaiana, sem mencionar que, naqueles idos,
este termo já era um dos principais centros comerciais de Sergipe. Não podemos
esquecer que estes cangaceiros, embora trilhando caminhos tortuosos, sob certas
condições viviam e agiam como qualquer outro cidadão, principalmente num
território, como o nosso, relativamente tranquilo às andanças destes celerados,
pois comandado por uma liderança política coiteira de cangaceiros, como é
sabido. Pois bem, estes impetuosos e ousados cangaceiros não deixariam de botar
os pés na velha e atraente Itabaiana, nem de fazer, pelo menos, umas comprinhas
na sua movimentada e farta feira, logradouro comercial dos mais atraentes e
destacados do agreste sergipano, desde aqueles tempos. Parece que estou
vendo... Lampião, em indumentária comum, de óculos escuros no rosto, talvez um
chapéu pequeno na cabeça, calmamente, a comprar queijo, beiju molhado, milho
assado...
Impressionaram-me, também, no livro, a rica icnografia e o ineditismo e
significado de algumas imagens. E vi com satisfação a homenagem que você fez
aos nossos grandes pesquisadores do cangaço, ao fazer menção aos seus nomes, ou
transcrevendo para o livro, textos, informações, colocações. Da mesma forma,
quando você faz perpetuadas as opiniões sobre o seu livro, postadas por amigos
no Facebook.
História interessante, outrossim, a do bandido itabaianense, o que poderia ter sido o nosso Lucas da Feira, o infeliz Mata Escura - história que este seu livro nos traz.
E o cordel sobre Antônio Conselheiro! E o conto “Memórias de uma cabeça emancipada”!, ambos de sua autoria, que você nos brindou ao incluí-los no livro – trabalhos que, junto a outros de sua lavra, só revelam o homem de cultura que você é, inteligente, criativo e talentoso, além de pesquisador voraz e perspicaz e dotado dos bons atributos próprios dos grandes escritores, que é a espontaneidade no escrever e a coragem de dizer.
De modo que só me resta felicitá-lo pelo ótimo trabalho, no qual, além de você demonstrar em saciedade o que se propôs a fazê-lo, ou seja, a presença do cangaço em Itabaiana -, já nos faz vislumbrar, nas várias linhas dedicadas ao cangaceiro-mirim Volta Seca, um rascunho do que será a sua futura empreitada: biografar este lendário bandoleiro, este que será um dos seus melhores trabalhos, penso.
“O Cangaço em Itabaiana Grande” é um livro que recomendo a todos, especialmente aos sergipanos e aos que cultuam a cultura e a história deste País.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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