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domingo, 30 de agosto de 2020

NÃO SE SERVE A DOIS SENHORES.


Por João Filho de Paula Pessoa

Zé Joaquim era um coiteiro de confiança de Lampião e Zé Sereno, à quem servia com atenção e recebia destes, votos de confiança e certa vez lhe foi partilhado um plano para emboscar o Tenente Zé Rufino. Sendo que, para fazer uma média e obter créditos também junto à polícia, Zé Joaquim segredou ao temido Volante Zé Rufino, os planos dos cangaceiros para emboscá-lo e eliminá-lo. Com isto, Zé Rufino se esquivou da emboscada e como prometido ao delator, guardou o segredo lhe confiado, mas a vaidade do ambicioso coiteiro se sobrepôs à prudência, quando este, para se vangloriar, envaidecidamente passou a contar aos seus conhecidos que o famoso tenente Zé Rufino só estava vivo graças à ele e que se não fosse por ele o afamado caçador de cangaceiros já estaria morto.

Não tardou muito e a notícia da traição chegou ao conhecimento de Lampião e Zé Sereno, que indignados com a falsidade do coiteiro em quem confiavam, resolveram aplicar-lhe a justiça do cangaço.

Certo dia, Zé Sereno com seu bando, emboscou desta vez, o coiteiro traíra, agarrando-lhe e amarrando suas mãos para trás, contando-lhe de seu conhecimento sobre sua traição, momento em que o mesmo, covardemente jurou inocência, sendo tarde para nova falsidade. Zé Joaquim foi humilhado como traidor e submetido à todo tipo de tortura possível, foi espancado, teve seus dentes quebrados por murros e coronhadas, teve suas orelhas decepadas, foi castrado e levado ao leito seco de um riacho e lá foi morto à golpes de esporas e punhais, pagando assim um alto preço por sua cobiça e astúcia. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce., 29/08/2020.


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