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terça-feira, 1 de setembro de 2020

O CAPITÃO PATRIOTA


Por Marilourdes Ferraz

Após receber a patente de capitão em Juazeiro do Norte, Lampião queria saber como as forças policiais de seu estado o receberiam, retornou a Pernambuco e penetrou em Cabrobó, onde a população lhe entregou dinheiro e objetos. Os três soldados do destacamento local foram aconselhados a permanecer distante dos cangaceiros, conselho aceito de boa vontade e até com certo alívio. Saindo pacificamente de Cabrobó, Lampião seguiu para Belém do são Francisco, onde também pretendia ingressar. Nas proximidades, Lampião precavido como sempre, mandou um mensageiro avisar as autoridades. Na ocasião, o coronel João Nunes, que organizava a defesa regional com o objetivo de repelir a Coluna Prestes, estava em Belém e recebeu a comunicação, a qual respondeu incisivamente: “Diga a Lampião que não o conheço como capitão e que, se vier, eu o recebo a bala”. Com a reação do coronel, Lampião foi para Salgueiro e dali, seguiu para sua região preferida, São Francisco no município de Vila Bela. Após a chegada de Virgulino a São Francisco, Emiliano Novais, comerciante local e de prestigio na região, apresentou-se voluntariamente para integrar o bando. Depois de uma curiosa polêmica entre o chefe e o aspirante, o comerciante aceitou as condições impostas e foi admitido no grupo. Seu ingresso tornou-se valioso para os cangaceiros, pois reforçou o bando com rapazes, bravos e aguerridos, da Serra do Umã, da Serra do Arapuá e de outras ribeiras, empregando o engenhoso expediente de que, Virgulino recebeu a patente de “capitão” e necessitava de homens para combater os revoltosos. Em 1926, a impressão que se tinha era que, no Sertão, não havia lugar para se exercer outras atividades que não de cangaceiro, soldado das volantes e informantes de uma ou outra facção.

Os versos que se cantavam naquele ano deixava clara a situação:

Minha mãe, me dê dinheiro
Pra comprá um cinturão
Pra vivê de cartuchêra
No grupo de Lampião
Minha mãe, me dê dinheiro
Pra comprá um cinturão
Qui a vida milho do mundo
É andá mais Lampião.

Fonte: O CANTO DO ACAUÃ
De: Marilourdes Ferraz


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