Por José Mendes Pereira
Quando eu escrevi, Raimundo Feliciano ainda era vivo.
Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano, somente nós podemos falar o que aconteceu de engraçado naquela escola. Tivemos todas as assistências necessárias, segundo os regulamentos que regiam àquela instituição. Lembrar de lá é muito bom, mas melhor seria se você ainda estivesse aqui no meio de nós.
Certa vez, o
Zé Fernandes que era filho de Pedro e Telina, chegou das suas férias, trazendo
consigo uma enorme rapadura, e o local que ela foi fabricada eu não sei.
Sebastião o
natalense (que diziam que o diretor do SAM (posteriormente FEBEM), tinha um namorico com a mãe dele), juntamente com ele, você e eu desejamos comer a rapadura do Zé Fernandes. A solução seria nós
roubá-la da sua mala que se encontrava lá no vestiário. Feito o roubo, fomos lá para trás da escola. Com bolachas, fizemos um
bom lanche, coisa que nós não sabíamos que iríamos pagar caro.
No dia
seguinte, assim que dona Severina Rocha, a vice-diretora chegou na escola, Zé
Fernandes enredou-a do furto que haviam feito na sua mala.
Aquele maldito
sino, para nós, sempre foi malvado. Sei que você ainda lembra que um toque era
para nós, internos, dois toques eram para os funcionários. Quando o sino batia
a primeira pancada, nós ficávamos esperando pela segunda, do contrário, todos os
internos estavam fritos. Alguém tinha feito algo errado.
Nesse dia,
assim que o sino tocou uma batida, esperamos a segunda, mas não houve a
segunda. Ali, nós três estávamos fritos. O roubo da rapadura tinha chegado à
diretoria.
Fomos todos
para diretoria, todos ali amontoados,. Os outros não tinham feitos nada de
errado. Somente nós três éramos os responsáveis pelo furto da rapadura de Zé
Fernandes.
Um dizia que
não tinha sido ele. outro também declarava que não sabia de tal rapadura. outro
pedia que quem tivesse furtado a rapadura que se entregasse. Como os outros não
eram responsáveis pelo furto, fomos obrigados a declararmos o nosso feito, que
nós três éramos os malfeitores da rapadura de Zé Fernandes.
Ficamos uma
semana sem sairmos para lugar nenhum, apenas sentados, ao redor de uma mesa,
excelo aulas e banhos. Lembro bem que nós só almoçávamos depois que todos os
internos fizessem as suas refeições.
A Beatriz que
sempre fazia o papel de mãe, implorava a dona Severina que nós deveríamos
almoçar juntos com os outros, e que isso era uma humilhação, e não alimentarmos
separados como se fôssemos marginais.
Após as
refeições dos outros internos, fazíamos as nossas refeições. E quando as
empregadas traziam os nossos almoços, geralmente você dizia: "-Lá vem o
comer dos três ladrões".
Foram tantas
estripulias feitas por nós, principalmente por você, as quais contarei na
próxima publicação.
Nota: O que
nós fazíamos de errado naquele internato era apenas coisa de adolescente, e
nenhum de nós tornou-se ladrão, marginal ou outra coisa parecida.
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