Por Dr. Epitácio de Andrade
Esta incursão
poética do artista multimídia Gil Holanda é uma viagem histórica ao fascinante
universo paralelo do cangaço. Baseado numa pesquisa etnográfica sobre Liberato
Cavalcanti de Carvalho Nóbrega, o poeta resgata na linguagem do cordel a história
de um homem nomeado delegado que, por força da situação de injustiça social,
tornou-se cangaceiro.
Liberato
Nóbrega era membro da tradicional família sertaneja, sendo nomeado delegado de
Teixeira, cidade serrana da região de Patos, no sertão central paraibano por
influência de políticos poderosos da região que tinham interesse em combater o bando
dos Guabirabas, famosos cangaceiros da região de Flores no Pernambuco, onde eram
aliados de Batistão, pai do famigerado cangaceiro Antônio Silvino.
Com riqueza de
detalhes, Gil traz à tona uma época, situada historicamente na segunda metade
do século XIX, onde o cenário geo-histórico do sertão setentrional começa a ser
o território do cangaço, cujo chefe de bando mais afamado era Jesuíno Brilhante
(1844-1879), que a exemplo de Liberato, seu contemporâneo, ficou conhecido como
justiceiro.
Os versos de
Gil Holanda neste folheto “O delegado que virou cangaceiro” reproduzem o
compromisso da poesia com a beleza, transformando a trágica história do cangaço
num produto assimilável pelo povo, o cordel.
Epitácio de
Andrade filho – médico psiquiatra e pesquisador social
Publicado em
março de 2008
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