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quinta-feira, 31 de julho de 2025

CAPITÃO TIMÓTHEO E OS VIRIATOS.

Por Cícero Pereira de Sousa

 

No começo de julho de 1878, o Capitão Francisco Timótheo de Sousa recebeu ordens do Governo Imperial para combater os Viriatos, conhecidos bandidos que, homiziados em Boa Esperança, no Ceará, aterrorizavam fazendeiros e populações daquela província e dos vizinhos Rio Grande do Norte e Paraíba. Com apenas 28 anos de idade, embora já integrasse a Guarda Nacional, Francisco Timotheo ainda não havia consolidado sua liderança na região, a ponto de poder organizar com a rapidez que o caso requeria, um contingente capaz de cumprir com sucesso tão grave missão.

Os homens de que dispunha no momento não passavam de trinta e cinco, embora contasse com um bom armamento de fuzis, mosquetões e rifles,além da coragem e lealdade desses valorosos companheiros. Por outro lado, a grande seca de 1877, que ceifou centenas de milhares de vidas naqueles sertões, continuava vitimando famílias inteiras com epidemias e doenças de todo tipo. Para completar, os constantes assaltos de bandos armados que pululavam por todo o sertão, representavam impedimento à ausência daqueles homens de suas próprias casas, ainda que por pouco tempo. Mesmo assim, tão logo pôde, o Capitão os convocou e se organizaram todos para a luta.

Foi nessas condições desfavoráveis que partiram de Bonito-PB, na madrugada de 25 de julho de 1878. Rumaram até São José de Piranhas-PB e, a partir daí, seguiram pela estrada das Cuncas. Era a mais curta, embora acidentada. Seguindo pelo Vale do Piranhas, com suas terras férteis e matas ainda fechadas, rumaram por umas trilhas pedregosas até atingirem o sopé da serra do Bongá. Dalí por diante, em direção ao oeste, tiveram que enfrentar sucessivas ladeiras para chegarem ao sítio Barros, (hoje cidade e à época pertencente ao Termo de Milagres, no Ceará). Gastou-se um dia e meio de viagem até esse ponto. Aí, na fazenda de um amigo, para descanso da tropa e refazimento dos animais, o Capitão resolveu acampar antes de percorrer o último estágio da caminhada até Boa Esperança (Cangati), o reduto do inimigo.

Quando ainda se preparava para essa missão, o Capitão Timotheo teve o cuidado de avisar o seu grande amigo e compadre José Guimarães, um português conhecido como Cazuza Marinheiro, residente em Cajazeiras-PB. Ao receber a mensagem, Cazuza exclamou para o portador: - Meu compadre ficou doido! Enfrentar aqueles bandidos com apenas trintae cinco homens? Volte agora mesmo e diga a ele que eu vou também. Pra vencer ou pra morrer com ele! Comerciante abastado e bem relacionado na região do Rio do Peixe, Guimarães depressa conseguiu recrutar cem homens bem armados e marchou com eles em auxílio do amigo Timotheo.

O COMBATE

Francisco Timotheo acercou-se de Boa Esperança, com os seus comandados, no início da noite do dia 26. No entanto, já tinha decidido que só atacaria na manhã seguinte, pois tinha conhecimento de que aqueles bandidos agiam à noite e dormiam durante o dia(*). Os Viriatos, por sua vez, ao notarem a aproximação daquela pequena tropa, debocharam, mandando repicar o sino da igreja e tocar sanfona, zabumba e cornetas, em clima de festa. (*) José do Patrocínio, em seu livro Os Retirantes, p 84, escreveu: Os Viriatos andam à noite, como as corujas agoureiras, com as onças; assustam e matam sem ver a quem o fazem. Nenhum deles por isso mesmo conhece as suas vítimas, nem é por elas conhecido, e no entanto ficam da passagem dos bandidos rastros de sangue e de cinzas, resultado dos assassinatos e dos incêndios .É noite e chove. Uma raridade nos sertões, durante julho. Um pouco pela chuva, um pouco pela iminência dos combates, ninguém dorme. Todos aguçam os ouvidos. Continuam repicando na escuridão os sinos da Capela da Conceição e as danças ao som das sanfonas e dos zabumbas. Entre os homens do Capitão, o silêncio. Diálogo mudo na treva chuvosa, prelúdio daquele combate histórico que fuzis, rifles e bacamartes travarão, mal desponte o dia.

Na manhã de 27, quando cessou o irônico folguedo na praça centralde Boa Esperança, o Capitão ordenou o ataque, suspendendo o sono dos Viriatos. Não durou muito para que estrugissem repetidos, prolongados e pavorosos viva aos Viriatos e, ao mesmo tempo, o bater dos mourões nas portas e janelas das casas. O espanto e a confusão propagaram-se e, de imediato, em todas as residências, cada um, temendo pela própria sorte, buscava refúgio para não ser atingido. A batalha começou heroicamente, envolvendo os combatentes dos dois lados, com um novo ressoar de cornetas e a vibração do sino daigrejinha. Desta vez, não mais em festa. Após três horas de um cerrado tiroteio, Francisco Timotheo, considerando sua posição de inferioridade em homens e armas, pensou em recuar. Contra ele, com mais de cem mosquetões e bacamartes, a artilharia inimiga, favorecida pela configuração topográfica do terreno, disparava cem cessar. Mesmo nessa condição, o Capitão logo ponderou: - “Uma retirada agora, em plena luz do dia, seria insensatez. E, para onde? Por onde? Seria levar ao sacrifício homens extenuados por dois dias de uma longa caminhada, uma noite sem dormir e horas a fio de intenso combate. – Eu nunca recuei na vida, por maior que fosse o perigo. Não será agora, quando empenhei minha honra e a de tantos companheiros que vou fazê-lo. Portanto, vou prosseguir.” Por volta do meio dia, quando o efetivo do Capitão já oscilava entre o cansaço e o desânimo, chegou o amigo Cazuza Marinheiro com a sua tropa, composta por cem guerreiros, ansiosos por entrarem na luta. -Compadre! – disse Cazuza a Francisco TImotheo. – Os seus homens estão exaustos! Recue para descansar com eles, enquanto eu e os meus assumiremos o ataque.

O tiroteio seguiu por toda a tarde, ora esparso ora mais intenso. Com o reforço de Cajazeiras, foram bloqueados os demais acessos à fortaleza dos Viriatos, do Muquén e de Monte Alegre (hoje um posto fiscal), ficando os bandidos completamente isolados. Favorecido por essa vantagem, metade do batalhão de Cazuza Marinheiro marchou veloz, sob uma saraivada de balas, até o início do arruado onde se entocavam os bandidos, a pouco mais de cem metros da igreja. Em menos de uma hora pisavam no centro de Boa Esperança os primeiros guerreiros do seu valoroso grupo, dispostos a tomar de assalto a cidadela. Alguns tombaram ali mesmo, atingidos pelos tiros do inimigo entrincheirado no interior do casario, que se erguia em torno da praça. Enquanto isso, houve um princípio de desorganização na formatura do combate, por parte das forças do Capitão. De repente, embora extenuados, seus soldados se reanimaram, vendo avançar à sua frente o próprio Francisco Timotheo, manejando seu rifle Winchester com a mesma presteza e velocidade com que os bandidos assomavam e desapareciam nas cumeeiras das casas em volta. Já era madrugada do dia 28 quando o Capitão foi informado da chegada de mais reforços. A boa notícia vinha de Lavras da Mangabeira (distrito de Milagres), no Ceará. Era uma volante composta de cento e quarenta homens da polícia estadual, com ordens para se apresentarem aele e submeterem-se ao seu comando. Com esse novo contingente, as tropas legais resolveram invadir, definitivamente, o reduto do inimigo. 

Acossados, os Viriatos e seus sequazes, que apesar das perdas, ainda somavam quase duzentos homens, fortaleceram suas trincheiras, com certa vantagem sobre os atacantes, uma vez que se posicionavam fora da pontaria destes. Os combates, agora mais organizados e também mais ferozes com a entrada do elemento policial, prosseguiram por mais três horas consecutivas. Sentindo-se perdidos, os bandidos atacavam atônitos, apenas o tempo necessário para uma pontaria malfeita, uma descarga e recuavam. Em seguida, protegiam-se pelas casas adentro, ou então lançavam-se, atrevidamente, sobre os invasores num desespero suicida, empunhando sabres e punhais num corpo a corpo de vida ou morte. Era uma cena dantesca, que provocou inúmeras baixas em seu próprio reduto. Por fim, perdidos e sem mais ilusão de vitória, os Viriatos improvisaram a própria fuga. Liderados por José Vicente Viriato, sob intenso tiroteio, os principais chefes do bando deslocaram-se de suas posições até o interior da capela onde algumas famílias permaneciam em segurança e rezavam. Ali eles rasparam barbas e bigodes, trocaram de roupa com suas companheiras, fizeram turbantes com tiras de pano na cabeça e fugiram disfarçados de mulheres. Muitos outros empreenderam a fuga rompendo as paredes internas das habitações e transpondo-as, uma a uma, até atingir o extremo da rua, por onde se evadiram. A formação dessas casas, todas conjugadas, facilitou essa estratégia de fuga.

Terminado o conflito, Francisco Timotheo dirigiu-se à Capela do lugar para agradecer a Deus pela vitória. Ao adentrar o seu interior, surpreendeu-se com a presença ali de dezenas de mulheres assustadas e em pranto, todas vestindo roupas masculinas. Diante disso, determinou aos seus comandados, que perseguissem imediatamente, e abordassem qualquer bando, ainda que de senhoras, caminhando às pressas, nadireção de Milagres-CE ou de Cajazeiras-PB. Retornando, tranquilizou aquelas criaturas aflitas, prometendo respeitar a integridade física dos prisioneiros e rezou com elas. Deu graças também porque nessa refrega a grande maioria dos seus comandados retornaria ao seio de suas famílias sãos e salvos. Apenas um deles perdeu a vida e seis sofreram ferimentos em combate. Mandou tocar o sino da capela e saiu. Eram 18 horas do dia 28 de julho de 1878.Perseguidos, o mais valente dos Viriatos, José Vicente, resistiu e foi morto. Seu irmão Miguel entregou-se às forças legais e foi conduzido com vários outros prisioneiros para Fortaleza, onde seriam julgados e condenados por seus inúmeros crimes. 

Quase seis meses depois, os jornais do Ceará publicavam as informações oficiais da guerra contra os Viriatos: [...] contavam-se treze mortos, sendo doze dos Viriatos e um das forças legais. Os feridos eram muitos de lado a lado. Ao retornarem para suas bases, os vencedores conduziam vários prisioneiros, cem cavalgaduras e grande quantidade de ouro e moeda, fruto dos inúmeros assaltos dos bandidos.

Cícero Pereira de Sousa, Bacharel em Ciências Jurídicas, escritor e pesquisador, consultor do SEBRAE, Ex Diplomata da ONU / FAO

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PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É UM BOM COLÍRIO

 Por José Mendes Pereira

Identidades: 1 - Zé Paulo, primo; 2 -Venâncio Ferreira, tio; 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 João Ferreira, irmão; 6 -Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7- Francisco Paulo, primo; 8- Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 – Zé Dandão, agregado da família. Sentados, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11-Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 -Maria Mocinha, ou Maria Queiroz ,irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião. Dos nove irmãos da família Ferreira, dois estão ausentes nesta foto: Levino, que morrera no ano anterior, 1925, no sítio Tenório, Flores do Pajeú/PE, em combate contra as volantes paraibanas dos sargentos Zé Guedes e Cícero Oliveira. E Virtuosa, que, sinceramente, não sei dizer se simplesmente não quis aparecer na foto, ou já era falecida. Élise Jasmin afirma no seu Livros cangaceiros, que esta foto foi feita por Lauro Cabral de Oliveira, que dividiu então com Pedro Maia, a fama de fazer as fotos de Lampião, bando e familiares em Juazeiro, Março de 1926. Fonte: Volta Seca.

Às vezes, a gente ignora o péssimo comportamento de um amigo, um primo, parente..., ou até mesmo de pessoas que nem fazem parte da nossa família, convivência, do nosso círculo de amizade. Mas para julgarmos o outro, o certo seria colocarmos no seu lugar, para depois abrirmos a boca e dizermos o que bem pensamos do outro.

Muitos que ainda não conhecem o que significa a palavra "cangaceiro", e o porquê das perversidades que fez o rei do cangaço e seus comparsas, acham que eram uns verdadeiros desumanos. Na verdade eles eram. Mas para o sujeito saber como tudo começou e dar a sua opinião, é preciso que leia livros sobre o cangaço, os quais encontrará em diversas livrarias do nordeste e do Brasil, como por exemplo: diretamente na Livraria do Professor Pereira, lá em Cajazeiras, no Estado da Paraíba, através deste e-mail: franpelima@bol.com.br.

A péssima e aperreada vida que ganhara a família de José Ferreira da Silva, não foi fruto de si mesma, mas causada por vizinho que não teve um tico de dó, mudando a sua bela vida que tinha nas terras de Pernambuco, desmoralizando-a desnecessariamente, só no intuito de vencer, de magoar, de humilhar, de vingar as acusações de roubos de animais  feitas por Virgulino Ferreira da Silva, o futuro Lampião.
  
Lampião consertando equipamento

Baixar a cabeça e entregar o lombo para o inimigo bater, o que irá acontecer é que o castigador sente logo a fragilidade do castigado, que não tem coragem de reagir, e daí passará a enfrentá-lo para vencê-lo de qualquer forma, já que o castigado aceita. 

Foi o caso do patriarca José Ferreira da Silva, homem íntegro, paciente, honesto, e não queria ver nenhum escândalo dentro da sua família, e nem desavenças com os seus vizinhos, principalmente causadas pelos seus filhos, findou no que findou. Se desde o início José Ferreira da Silva tivesse endurecido o pescoço, como se diz, contra qualquer um dos seus vizinhos que tentasse lhe desrespeitar, juntamente com seus filhos, tinha evitado tamanha confusão, e o inimigo, no caso o Zé Saturnino, teria temido, e a confusão perderia forças para seguir, morrendo ali mesmo. E como José Ferreira não apoiava os filhos, Zé Saturnino já sabia que uns a menos na confusão não participariam, no caso José Ferreira, esperava vencê-los de qualquer jeito.


Antes que julgue a família Ferreira, adquira logo o livro "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS", de autoria do escritor e pesquisador do cangaço José Bezerra Lima Irmão, para você entender o que realmente aconteceu com os Ferreira nos anos 20 e 30 do século passado.

Encontro em Piranhas. Da esquerda para a direita: José Bezerra Limã Irmã, Paulo Brito, já se encontra co,m Deus,  e Oleone Coelho Fontes. Paulo Brito, filho do legendário João Bezerra, que comandou a tropa no tiroteio da Grota do Angico, quando morreu Lampião, sustém na mão o livro "No Rastro das Alpercatas do Conselheiro", de Oleone Coelho.

O livro é cheio de informações que muitos estudiosos do cangaço ainda não conhecem. O leitor irá conhecer a vida dos Ferreira, desde os pais de José Ferreira e dos pais de dona Maria Sulena da Purificação, casamento dos patriarcas dos Ferreira, primeira residência, mudanças de sítios para outros, empurrados por

Zé Saturnino da Fazenda Pedreiras - o inimigo nº 1 de Lampião

Zé Saturnino, as propriedades que os pais dos Ferreira possuíram, comprovadas com documentos e cópias em poder do autor do livro; sofrimentos, humilhações, decepções, perseguições, acordos, roubos de animais..., mortes dos pais dos Ferreiras..., a causa da morte de dona Maria Sulena (Maria Lopes), a morte de José Ferreira da Silva... 

O livro é uma excelente obra, e foram 11 anos de pesquisas. O livro não é apenas a família Ferreira, está completo sobre "cangaço". Eu falei apenas um pouquinho sobre a família Ferreira, mas tem tantas novidades que você ainda não as conhece.

- Total de Páginas: 736
- Tamanho: 29 centímetros
- Largura: 21 centímetros
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Para você adquiri-lo é através deste e-mail:
josebezerra@terra.com.br - ou ainda franpelima@bol.com.br

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A ÍNDIA KATHAUÃ COBRA DE FILHO QUE MALTRATA SEUS PAIS

Por José Mendes Pereira

 Fonte da imagem: https://publicdomainvectors.org

Boatos se espalham de repente. Se for bom, demora mais um pouquinho chegar à boca de fofoqueiros de calçadas, mas se o boato for ruim, ele corre o mundo mais rápido, e não escolhe as classes, atingindo até as sociais.  

A imagem pertence ao site http://galeria.colorir.com/contos-e-lendas/indios-e-vaqueiros/indio-pintado-por-ma-183069.html

O índio “Piatã” era um dos que vivia da caça e da pesca às margens do rio Mossoró, mas não gostava de respeitar o seu pai “Kauê”, um índio conhecido em toda região mossoroense e comunidades adjacentes como bondoso, mas vez por outra, o filho dava-lhe chicotadas sem olhar para o lugar que iria bater. 

A imagem pertence ao site http://www.colorir.blog.br/desenhos-para-colorir/desenhos-de-idosos-para-colorir

O velho “Kauê” tentava  se defender de todas as maneiras dos maus tratos praticados pelo filho, implorava até pelo amor de Deus para não ser maltratado, mas não tinha jeito, ou merecendo ou não, “Piatã” batia sem piedade no velho pai “Kauê”.

A imagem pertecne ao site https://tudorbrasil.com/2014/04/16/a-roupa-da-classe-baixa-e-media-no-periodo-tudor/

A índia “Thaynara”, mãe do Piatã, e companheira do Kauê, quando via a brutalidade do filho fazendo com o pai, partia para cima do impiedoso com gosto de gás, e em suas mãos, um pedaço de pau, e, com toda sua força feminina, fortemente o batia, pois o que ela queria era defender o seu companheiro dos maus tratos daquele animal produzido por eles dois. Mas, geralmente, mãe e filho apanhavam um do outro, isto é, de igual para igual.

Imagem pertencente ao site https://commons.princeton.edu/indigenous-brazil/os-potiguara-povo-guerreiro-povo-pacifico/

Aquela restrita vizinhança indígena temia defender o velho “Kauê” dos maus tratos praticados por “Piatã”, a sua violência poderia acontecer contra ela, e ali, viraria uma comunidade indígena sem código, sem ética, sem rumo e sem respeito.

Ninguém sabia explicar o porquê de tanto ódio armazenado na mente do “Piatã” contra o seu genitor Kauê, o velho sempre estava ali, na hora em que aquele infeliz precisava, mas como pagamento, recebia fortes chicotadas daquele amalucado, um satanás em forma de gente.

A índia "Thaynara" chorava e se lastimava da má sorte que ganhara do mundo. Um filho totalmente desequilibrado, não tinha um tico de dó do velho seu pai, com a idade avançada, andando devagar e com poucas chances de se defender, quase diariamente, ter que passar por violentas surras. O ódio do “Piatã” contra o pai era permanente, o velho estava sujeito a levar boas lapadas, e reclamava da péssima vida que ganhara: 

Um inferno surgiu em minha cabana, assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços!

- Paciência, meu velho Kauê, paciência! Se nascemos para o sofrimento, vamos sofrer juntos, até os nossos últimos dias das nossas vida.

- Calma, Kauê! Calma! Se Deus nos trouxe ao mundo para sofrermos, vamos aceitar o mundo do jeito que o Deus preparou para nós! Mas enquanto eu tiver forças para te defender dos maus tratos do nosso filho desajustado, mesmo apanhando também dele, te defenderei. - Dizia a índia "Thaynara".

Mas o “Kauê” só apanhou até o dia em que a índia “Kathauã” "antes", não tinha tomado conhecimento dos maus tratos praticados pelo filho “Piatã”.

Toda comunidade fora chamada a atenção pela índia “Kathauã”, dizendo ela que quem se omite, é cúmplice. Soubera dos maus tratos que sofria o “Kauê”, feito pelo filho, através de pessoas que nem faziam parte daquela comunidade indígena.

No silêncio, a índia “Kathauã” em seu cavalo percorria toda a região, ali, só na finalidade de encontrar o “Piatã”, para um possível castigo, acusado de bater no pai. Ninguém ali abriria a boca para dizer que a índia procurava o “Piatã”. A índia mantinha ordem, e era respeitada em toda região mossoroense. E quem era capaz de dizer a “Piatã” que “Kathauã” andava à sua procura? Só se fosse louco, mano!

Imagem do site https://commons.princeton.edu/indigenous-brazil/os-potiguara-povo-guerreiro-povo-pacifico/

No dia seguinte, “Piatã” foi encontrado pescando no rio Mossoró. De pressa, “Kathauã” chamou-o até a sua presença, precisava conversar com ele. Inocente, porque até aquele momento não sabia que a índia andava à sua procura, “Piatã” foi se aproximando, mas sempre receoso, vez que ele sabia muito bem quantos quilos pesava o chicote da “Kathauã” em suas mãos, e era uma verdadeira justiceira, sua volta era por dentro mesmo.

- Pronto senhora Kathauã, o que deseja de mim? – Perguntou com uma tremura nas pernas.

- Tenho conhecimento que você anda açoitando o seu velho pai “Kauê”, malandro?

E com um chicote ela o laçou, e com o outro o acoitava violentamente.

Sendo justiçado pelo chicote da índia “Kathauã”, “Piatã” chorava desesperadamente, pedindo por todos os santos que “Kathauã” parasse com aquele castigo. E ainda lhe alertava:

- Dona “Kathauã”, bata devagar para não quebrar as minhas costelas...!

- Malandro, quando açoita o seu velho pai, você se lembra que ele tem costelas também, e podem ser quebradas? – Perguntava ela o surrando como se fosse um animal.

Após muitas chicotadas sobre o largo lombo do “Piatã”, finalmente, “Kathauã” terminou o seu castigo, resolveu soltá-lo, dizendo-lhe:

- Vá embora e não quero mais ouvir falar que você açoita seu velho pai “Kauê”! Está me ouvindo bem? – Perguntava-lhe com voz poderosa de autoridade mesma.

- Sim senhora, estou!

“Piatã” entrou nas matas e nem quis mais ir atrás dos peixes que havia pegado ali, naquela pescaria. E nunca mais, na comunidade, se ouviu falar que ele tivesse batido no pai. Um exemplo para aqueles que pensavam bater nos seus pais também. A índia “Kathauã” nasceu em Mossoró para justiçar malandros!

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quarta-feira, 30 de julho de 2025

O TRISTE FIM DO JAGUNÇO QUE BATEU NA MÃE EM DIA DE SEXTA-FEIRA SANTA… LAMPIÃO FEZ JUSTIÇA.

 Por A História do Cangaço


https://www.youtube.com/watch?v=DU4bVSHgTdU&ab_channel=AHistoriaDoCanga%C3%A7o

No sertão seco e esquecido, onde até as rezas parecem morrer de sede, vivia um jagunço cruel, temido por homens… e odiado por Deus. O povo da vila sabia de tudo, mas se calava. Dentro daquela casa de barro, ele batia na própria mãe — uma senhora idosa, frágil, que passava os dias rezando o terço e pedindo perdão pelas pancadas que levava.

Mas naquela manhã, alguém viu, correu, e contou pra quem não tem medo de homem ruim: Lampião.

O capitão do cangaço não hesitou. Subiu a estrada com os óculos firme no rosto e o facão nas costas. Quando chegou, não falou. Apenas olhou. A cena que se seguiu virou lenda: o jagunço ajoelhado no chão, chorando, com a mãe de pé atrás dele… e Lampião apontando o fuzil com raiva nos olhos e fé na alma.

Este vídeo conta a história de uma justiça feita sem tribunal, sem padre e sem perdão.

Uma história que mostra que bater na própria mãe é o mesmo que cuspir na cara de Deus — e que no sertão, quem faz isso… paga caro.

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A EXECUÇÃO DE SADDAM HUSSEIN.

 Por Disturban History

https://www.youtube.com/watch?v=a2IqeCYvPn4&ab_channel=DisturbanHistoryemPortugu%C3%AAs

Prepare-se para uma viagem ao passado com nosso vídeo sobre a captura do infame Saddam Hussein! Descubra como o ditador iraquiano foi finalmente encontrado e levado a julgamento após anos de busca intensa. Relembre os momentos dramáticos e os detalhes curiosos dessa operação histórica. Não perca esse episódio cheio de reviravoltas e curiosidades! Curtiu? Inscreva-se no nosso canal e comente o que mais chamou sua atenção! #História #Iraque #SaddamHussein #Guerra #Justiça
👉 Este canal foi criado em colaboração com @disturbanhistory
00:00:00 - Captura do ex-ditador Saddam Hussein
00:01:37 - Início da Segunda Guerra do Golfo
00:02:39 - Mensagens gravadas de Saddam após a invasão
00:03:24 - Operação Red Dawn e táticas de captura
00:04:25 - Captura e primeiros momentos após a prisão
00:05:55 - Polêmica da transmissão pós-captura
00:06:45 - Julgamento e condenação de Saddam Hussein
00:08:20 - Execução e impacto posterior

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O CANGAÇO EM SANTA INÊS - PB. A morte do "Azulão paraibano".

 Pesquisa de José Francisco Gomes de Lima (Perfil Lampião Governador do Sertão).

Na década de 1920, o cangaceirismo assolava os estados nordestinos. Na época, a Paraíba vivia em constantes combates contra o cangaceiro Virgulino Ferreira (Lampião),o rei dos cangaceiros, que dizia livremente que a culpa daquele estado de coisas era do coronel José Pereira Lima (Zé Pereira de Princesa). 

Segundo o Cangaceiro, Zé Pereira avia o traído e o roubando uma grande quantia de dinheiro. Para piorar a situação para o lado de Lampião, as volantes paraibanas aumentaram o nível das perseguições. Mesmo assim alguns lugares como Patos de Irerê na Paraíba era coito seguro de Lampião.

Desde 1924, quando Lampião foi baleado na Lagoa do Vieira no vizinho Estado do Pernambuco, o trânsito do cangaceiro só aumentou na Paraíba e Santa Inês virou rota do banditismo rural. 

Nesta época um bando de cangaceiros liderados por "Azulão" vivia fazendo coalizões com o bando de Lampião. "Azulão" era um homem perverso e tudo indica que ele era paraibano. Seu bando variava de 5 a 10 homens e suas atuações eram basicamente nos mesmos lugares. 

Devido à brutalidade de Azulão e a falta de insubordinação aliada a um desejo sádico te possuir mulheres, Lampião decidiu expulsa-lo do seu bando. Azulão tinha fama de praticar estupros e de alguma maneira Lampião não aprovava as atitudes dele e esse foi o motivo da separação. Na realidade, Lampião detestava Azulão, porque o cabra era desprezível até mesmo para outros cangaceiros. 

Vira e mexe ele mandava recado para pais de família, dizendo que ia carregar as filhas que estivessem em sua casa. Ele dizia e fazia e por isso ele era temido. A ira de Lampião só aumentava contra Azulão, que além de praticar estupros, dizia ele que era cabra de Lampião e a culpa sempre caia nas costas do Rei do Cangaço.

 Em Conceição na Paraíba o cangaceiro Azulão e seu bando puseram suas garras numa pobre moça. A família que tinha posses, ficou  bastante desmoralizada. Zé Pereira foi cobrado e com o apoio do Governo do Estado intensificou as ações das forças volantes na região. Todavia, depois do acontecido em Conceição, Santa Inês foi palco de uma terrível visita do Azulão e seu bando onde também praticou estupros. 

O terror estava solto. Um dia, Azulão avisou que iria carregar três filhas de um senhor chamado José Nunes. O coitado do trabalhador rural acuado e sem ter o que fazer, mandou avisar a volante comandada pelo Tenente Raimundo Quintino em Conceição na Paraíba, que o bando de Azulão estava em suas terras, pronto para atacá-lo e ele precisava de uma rápida ajuda. 

Em meados de 1927 a volante de Raimundo Quintino sofrendo forte pressão do coronel José Pereira que exigia resultados satisfatórios, estacionou próximo a fazenda de José Nunes na Serra Pintada, que na época pertencia a Conceição, mas que hoje pertence a cidade de Santa Inês. 

Raimundo Quintino era muito Valente e esperto, sua força volante era composta por parentes incluindo um filho.Ele soube que próximo a fazenda do pobre trabalhador havia um caldeirão com água e ele decidiu fazer ali uma espera, (tocaia). 

Foi uma ideia de gênio, pois não demorou muitos dias e logo o bando de azulão se aproximou do caldeirão na Serra Pintada. O cangaceiro, gostava de andar no meio da fila indiana, formada pelo bando, mas quando chegou no caldeirão o cabra se antecipou e foi pular uma cerca de faxina. Não deu tempo nem botar os pés no chão e logo o fuzil cantou. Azulão foi varado de bala e ficou igual uma peneira, o resto do bando se escondeu próximo a um umbuzeiro e abriu  fogo contra volante onde Raimundo Quintino foi baleado no pé. 


O tiroteio não demorou muito e logo os cabras sumiram no meio da caatinga. Azulão foi pego e amarrado em um jumento e levado para a cidade de Conceição onde foi jogado numa calçada. No mesmo dia esta foto abaixo foi tirada mas azulão não saiu na fotografia porque Raimundo Quitino não queria que sua imagem fosse associada a um cangaceiro daquele nível. 

Note que Raimundo Quintino, o primeiro da esquerda está com o pé enfaixado. E foi assim que uma onça terrível chamada Azulão, foi tirada do pasto em Santa Inês-PB.

Agradecimentos:

Professor José Fabio Nicolau e Damião Holanda de Lacerda.

https://lampiaoaceso.blogspot.com/2025/03/o-cangaco-em-santa-ines-pb.html

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LAMPIÃO E ZÉ BAIANO |

 Por  O CANGAÇO NA LITERATURA | #309.

https://www.youtube.com/watch?v=WGGceiPKsgo&ab_channel=OCanga%C3%A7onaLiteratura

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terça-feira, 29 de julho de 2025

LIVROS NOVOS E USADOS

 

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NATAL DE 1944 – BATALHA DAS ARDENAS – QUANDO DEUS VEIO PARA A CEIA DE NATAL.

 Autor: Rostand Medeiros - Publicado em 20/12/2013

 
Para mim o espírito de Natal é algo tão forte, tão intenso, que mesmo no meio de uma sangrenta guerra ele pode produzir milagres. Foi assim na fria véspera de Natal de 1944, nesta incrível história que conto a vocês.


Após a invasão da Normandia, a chamada Operação Overlord, a consequente conquista da Normandia no fim de julho de 1944 e do hoje pouco lembrado desembarque no sul da França em 15 de agosto, os Aliados avançavam rumo a Alemanha de forma mais rápida do que era esperado.

Em meio a problemas de abastecimento e do cansaço das forças americanas e britânicas, Hitler decidiu lançar uma contraofensiva alemã na frente ocidental, na tentativa de deter o avanço Aliado.

Em meio a neve, a destruição de uma aldeia belga na região das Ardenas

Conhecida como Batalha das Ardenas, ou Batalha do Bulge, aconteceu na floresta das Ardenas, na região da Valônia, sul da Bélgica. Tudo começou em meio a um inverno rigoroso, no dia 16 de dezembro de 1944, quando tanques panzers alemães avançaram, causando fortes estragos nas fileiras Aliadas pegas completamente de surpresa. Os americanos e britânicos estavam com suas linhas de combate muito espalhadas, passando a enfrentar uma força inimiga inicialmente superior.

Os alemães capturaram milhares de prisioneiros e seu ataque deixou muitas unidades americanas e britânicas isoladas em meio à floresta.

 Fritz Vincken em 1940

Enquanto a carnificina se generalizada nas Ardenas, uma mãe e seu filho de 12 anos, chamados Elisabeth e Fritz Vincken, tentavam sobreviver ao caos escondidos em uma cabana no meio da floresta.
 
Escondidos Para Viver…

Eles eram alemães da cidade de Aachen. Ali o marido de Elisabeth tinha uma padaria. Na madrugada de 11 para 12 de abril de 1944, 352 bombardeiros britânicos atacaram esta cidade, perdendo nove aeronaves. O ataque foi intensamente destrutivo, causando danos generalizados e fortes incêndios. Entre os locais atingidos estavam a padaria e a casa dos Vincken, que sobreviveram. Na sequência todos foram evacuados para uma aldeia, onde encontraram abrigo.

Alemães nas Ardenas

Consta que o pai de Fritz ficou então agregado como cozinheiro de uma unidade do exército alemão. Uma noite ele veio em um pequeno caminhão militar e levou sua família para as profundezas da floresta de Ardenas, 20 quilômetros ao sul do abrigo onde se encontravam, perto da fronteira da Alemanha com a Bélgica. Era uma área elevada, bem arborizada, onde existia uma solitária cabana de caça. Foi um amigo belga do marido de Elisabeth que mostrou o caminho para chegar lá. Foi neste local que ela e Fritz se encontravam na véspera de Natal de 1944.

Fritz comentou que na noite anterior as temperaturas caíram para abaixo de zero, entretanto no dia 24 de dezembro, o sol nasceu com vigor, trazendo um espetacular céu azul sem nuvens. Aproveitando a visibilidade, durante todo o dia centenas de aviões aliados voaram em suas missões mortais. O rugido sombrio e pesado de seus motores permaneceriam para sempre enraizado na mente do garoto.

Quando a escuridão caiu no final da tarde, a quietude repentina era caracterizada pelo silêncio na floresta e incontáveis estrelas ​​no céu. Fritz narrou que havia até mesmo longos pingentes de gelo formados fora das janelas da casa. Mãe e filho ficaram algum tempo olhando o espetáculo celeste e comentando quando viriam novamente o seu mundo em paz. Depois entraram para dividirem a ceia de Natal.

Prisioneiros americanos. Na Batalha das Ardenas, só os americanos tiveram 19.000 mortos, 47.500 feridos, 23.000 capturados ou desaparecidos.

Nisso ouviram batidas na porta do abrigo. Aterrorizada, Elisabeth rapidamente apagou as velas que iluminavam o lugar e Fritz foi até a porta, sendo bloqueado por sua mãe.

Mesmo sabendo que ali fora poderia haver problemas, Elisabeth e Fritz decidiram abrir e ver quem lá estava. Como fantasmas contra as árvores cobertas de neve, ali se encontravam dois homens com capacetes de aço. Um deles falou em uma língua que eles não entenderam, apontando para um terceiro homem deitado na neve. Elisabeth percebeu que eram soldados americanos. Eram inimigos!

Um Escolha Difícil

Mãe e filho ficaram olhando em silêncio, parados. Eles estavam armados, poderiam ter forçado a entrada na cabana e, além disso, estavam com um homem ferido, parecendo mais morto do que vivo. Ela sabia que a pena por abrigar o inimigo era a morte por fuzilamento, mas quando olhou nos olhos dos jovens americanos não teve medo, abriu a porta e os deixou entrar. Eles se aproximaram, andando com neve até os joelhos.

Tanque alemão destruido pelos americanos na batalha

Os americanos eram bem jovens, nem barbas tinham. Elizabeth não falava inglês, mas um dos americanos falava francês, idioma que a mãe de Fritz conhecia. Contaram que estavam perdidos no meio da floresta e já vinham andando por três dias, escondendo-se dos alemães e procurando a sua unidade de combate. Porém, tudo o que encontram foi aquela casa.
Sem outra solução Elizabeth mandou Fritz trazer mais seis batatas para o fogo e “Hermann”, um galo gordo. Este homenageava Hermann Goering, o obeso comandante da Luftwaffe, a força aérea dos nazistas, figura a qual Elisabeth nutria pouco afeto. O galo tinha sido engordado durante semanas na esperança de que o pai de Fritz estivesse na casa para o Natal. Mas, algumas horas antes, quando era óbvio que ele não viria, sua mãe tinha decidido que o galo deveria viver mais alguns dias para o caso de seu marido chegar para o Ano Novo.

Os Americanos nas Ardenas careciam de roupas apropriadas para o rigor do inverno. Vemos infantes do 290th Regiment perto de Amonines, Bélgica. em 4 de Janeiro de 1945.

Todavia, diante das circunstâncias, Elisabeth mudou de ideia: “Hermann” serviria para um fim imediato. Em breve o cheiro tentador de frango assado permeava pela cabana.

O clima foi se distendendo e os americanos foram se apresentando. Havia um atarracado, de cabelos escuros, chamado Jim. Seu companheiro, alto e magro, era Ralph e o ferido se chamava Herbie.

Quando Fritz arrumava a mesa para a ceia de Natal e os americanos estavam em um quarto onde o ferido Herbie estava deitado, escutaram uma forte batida na porta.

Com a expectativa de encontrar mais americanos perdidos, Fritz abriu com hesitação e lá estavam quatro soldados com uniformes muito familiares para a jovem mãe e seu filho. Eram soldados alemães da Wehrmacht, o exército de Hitler.

Blindados anti aéreos alemães destruídos pelos americanos.

Diante do Perigo

Apesar do medo de Elisabeth e Fritz, ela disse calmamente “Fröhliche Weihnachten” (Feliz Natal em alemão). Os soldados lhe responderam um Feliz Natal e informaram que se perderam do seu regimento e gostariam de abrigar-se na cabana para descansar e esperar a luz do dia, explicou o militar de hierarquia mais elevada, um cabo.

Com uma calma nascida do pânico, Elisabeth respondeu que sim. Eles poderiam descansar, ter uma refeição quente e comer até o pote ficar vazio. Estes sorriram enquanto sentiam o aroma de “Hermann” através da porta entreaberta.

Mas Elisabeth acrescentou com firmeza que na casa estavam três outros convidados e disse quem eram. Daí para frente sua voz se tornou severa ao comentar: “É véspera de Natal e não haverá nenhum tiro aqui”. Ela narrou a situação dos inimigos e pediu que “Nesta noite de Natal todos deveriam esquecer a matança”.

Blindado alemão destruído.

O cabo olhou para ela por uns dois ou três segundos intermináveis ​​de silêncio. Então Elisabeth pôs fim à indecisão “Chega de falar” ela ordenou e bateu palmas rispidamente. “Por favor, coloquem suas armas aqui na pilha de lenha, e se apressem para comer o jantar!”. Aturdidos com a autoridade feminina e diante de um quadro que certamente lembrava as suas mães em seus lares na Noite de Natal, os homens de Hitler obedeceram.  Os quatro soldados colocaram suas armas sobre a pilha de lenha ao lado da porta. Enquanto isso, Elisabeth estava falando francês de forma igualmente autoritária para Jim e logo eles entregaram suas armas àquela valente mulher.

Apesar do clima tenso, Elisabeth foi preparar o jantar. Nisso um dos alemães tinha posto seus os óculos para inspecionar a ferida do americano, ele havia estudado medicina em Heidelberg até poucos meses atrás e informou que graças ao frio a ferida de Harry não iria infecionar.
Uma Ceia de Natal Especial

O relaxamento começou a substituir a suspeita. Fritz Vincken comentou anos depois que, mesmo sendo um garoto de doze anos, todos os soldados pareciam muito jovens. Entre os germânicos havia Heinz e Willi, ambos de Colônia, com apenas 16 anos de idade. O cabo era o mais velho de todos os militares das duas nações em guerra e só tinha apenas 23 anos. Do seu saco de comida ele tirou uma garrafa de vinho tinto e Heinz conseguiu encontrar um pedaço de pão de centeio para aumentar o jantar.

Filme da televisão americana sobre este fato.

Quando tudo estava pronto, Elisabeth deu as graças na mesa.  Com lágrimas em seus olhos, ela disse velhas palavras familiares: “Komm, Jesu Herr. Seien Sie unser Gast” (Vem, Senhor Jesus. Seja nosso convidado). Fritz comentou que jamais esqueceu que viu ao redor da mesa lágrimas nos olhos dos jovens militares cansados e longe de casa. Herbie, mesmo ferido, sacou de uma pequena Bíblia, leu uma das passagens e terminou declarando que haveria pelo menos uma noite de paz nessa guerra. Todos concordaram e os soldados alemães e norte americanos compartilharam uma refeição quente, juntos, em uma noite especial.
 
Depois todos descansaram em paz.

O armistício privado continuou na manhã seguinte. O cabo aconselhou os americanos sobre a melhor maneira de encontrar o caminho de volta para as suas linhas. Olhando por cima do mapa de Jim, o cabo apontou um córrego e disse “Continue ao longo deste riacho e você encontrará o seu pessoal se reagrupando”. O estudante de medicina transmitiu a informação em um Inglês atravessado, mas compreensível. Jim então perguntou por que não ir para a cidade de Monschau? “Nein!”, o cabo exclamou. “Nós retomamos Monschau e lá vocês seriam mortos ou capturados”.

Somente na hora de sair Elisabeth deu-lhes todas as suas armas. Os soldados alemães e americanos apertaram as suas mãos e desapareceram em direções opostas.
 
Um Grande Encontro

Elisabeth, seu marido (cujo nome desconheço) e seu filho Fritz sobreviveram a Guerra.

Fritz Vincken no Havaí no final da década de 1990.

Seu marido faleceu em 1963 e Elizabeth em 1966. Fritz Vincken se casou em 28 de fevereiro 1958 e logo após emigrou para o Canadá, depois Estados Unidos, onde foi morar em Honolulu, Havaí, onde montou uma padaria. Durante anos Fritz tentou encontrar os sete soldados, mas sem sucesso. Ele chegou até a escrever um texto pessoal de suas lembranças sobre aquela noite nas Ardenas, mas nunca publicou.

Um dia Fritz narrou a sua incrível história para uma revista americana e depois apareceu na televisão em março 1995, em um programa chamado “Unsolved mysteries” (Mistérios não resolvidos), onde novamente narrou sobre aquela noite de Natal verdadeiramente interessante.

Na cidade de Frederick, Maryland, na casa de repouso chamada Northampton Manor Nursing Home, estava Ralph Henry Blank, um pedreiro aposentado e veterano da Segunda Guerra Mundial, que inúmeras vezes, e para várias pessoas, tinha contado a mesma história. Logo, seus familiares fizeram contato com o canal televisivo.

 Ralph e Fritz Vincken.

Em janeiro de 1996, Fritz foi até Maryland e reencontrou Ralph em um momento muito emocional. Lá ele soube que além de Ralph, os outros soldados se chamavam Jimmy Rassi e Herbie Ridgin. Consta que Fritz Vincken ainda conseguiu se encontrar com outro dos americanos, mas não consegui descobrir qual deles era. Em relação aos alemães, apesar desta história ter sido divulgada pela imprensa, nada se conseguiu saber destes combatentes.

Nesta história vemos que a força interior de uma única mulher, através de sua inteligência e intuição, em um momento onde o espírito de Natal mostra a sua luz, impediu um potencial derramamento de sangue. Transmitindo o significado prático das palavras: “boa vontade para com a humanidade”.

Ralph Henry Blank  faleceu aos 79 anos, em Frederick, Maryland, no dia 21 de maio de 1999. Já Fritz Vincken, depois de viver vários anos em Honolulu, Havaí, faleceu no dia 10 de janeiro de 2002, aos 69 anos, na cidade de Salem, Oregon.

Desejo a todos que visitaram o nosso TOK DE HISTÓRIA um FELIZ NATAL!

Fontes:
http://pulpitbytes.blogspot.com.br/2007_01_01_archive.html
http://jrackman.wordpress.com/2011/12/13/truce-in-the-forest-seeing-the-bigger-picture/
http://the.honoluluadvertiser.com/article/2002/Jan/11/ln/ln37a.html
http://ba-ez.org/educatn/LC/OralHist/vincken.htm

NOTA  - Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
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Extraído do blog Tok de Histórias do historiógrafo 
Rostand Medeiros

 http://tokdehistoria.wordpress.com/2013/12/20/natal-de-1944-batalha-das-ardenas-quando-deus-veio-para-a-ceia-de-natal/

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