Seguidores

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

REVENDO - Dois valentes cangaceiros

Por: Ângelo Osmiro

O ano é l935, o sertão nordestino mais uma vez, é assolado por uma terrível seca. No interior baiano os cangaceiros chegam a um lugar chamado Curaçá, ao encontrarem uma fazenda fazem pouso para aliviar a fome e a sede do grupo.

Comem, bebem e parecendo incansáveis começam uma dança embaixo de alguns juazeiros que ficavam na frente da casa grande e alpendrada da fazenda sertaneja.


No alpendre amplo da casa havia três potes cheios de água. Para evitar a poeira que vinha do baile improvisado, Lampião tratou de mandar cobrir as bocas dos potes com panos, tendo o cuidado de dizer para atar-lhes a boca para não voar, mas todas as vezes que algum cangaceiro vinha beber água não fechava como havia encontrado, fato este que irritou muito Lampião, que aos gritos começou a reclamar daquela atitude dos cangaceiros, inclusive de Ângelo Roque, o Labareda que estava deitado perto dos potes com sua mulher, a cangaceira Mariquinha, que a tudo ouvia.

Ângelo Roque - O cangaceiro Labareda

- Você num me respeita cabra?
- E esse peste?! O que tá fazendo aí, que não vê isso. Falou Lampião asperamente.

Labareda nada respondeu. Pouco tempo depois se levantou e sem ninguém esperar quebrou os três potes com o coice de seu mosquetão, e voltou a deitar com sua mulher como se nada tivesse acontecido.

Após alguns instantes chega o cangaceiro ZÉ BAIANO para beber água, e fica surpreso com os potes quebrados e pergunta quem foi.

Zé Baiano
 Ângelo Roque responde:

- Fui eu. Por quê?

Zé Baiano nada disse, simplesmente se retirou e foi à procura do chefe para contar o acontecido.

Lampião se dirigiu ao local, onde Labareda já o esperava de pé. Lampião zangado, perguntou:

- Quem quebrou os potes?

- Fui eu. Respondeu o cangaceiro Ângelo Roque.

A situação ficou tensa, os nervos à flor da pele, são dois valentes homens, prestes a medir suas forças.

O chefe voltou a perguntar:

- Você não me respeita mais não?

- O tanto que você me respeita. Respondeu ÂNGELO ROQUE, desafiando o chefe, dizendo de pronto que com seu mosquetão cheio de balas, não tinha medo de homem nenhum no mundo.

LAMPIÃO destemido como seu comandado, levantou a arma ao mesmo tempo LABAREDA a sua também ergue; os dois ficam por alguns instantes a se olharem, a morte rondou o local, todos os demais cangaceiros ficaram calados, esperando o pior.

Ficheiro:Virgínio Fortunato e bando NH.jpg
Vírgínio está no centro da foto

Neste momento, o cangaceiro VIRGINIO, cunhado de Lampião, interveio entre os dois, e grita que acabem com aquela briga, pois já não bastavam os macacos a lhes perseguir e brigar, agora eles companheiros das lutas cangaceiras, discutindo por motivos banais, prestes a se matarem.

Os dois homens valentes se olharam e deixando o dito pelo não dito, a coragem de ambos ficou comprovada, por pouco não acabando em tragédia para o bando aquele dia de 1935.

Lampião abaixo

Em 1938, Lampião foi morto na fazenda Angico, Estado de Sergipe. Após a morte do chefe, Labareda se entregou as autoridades, sendo depois anistiado pelo governo do Presidente Getúlio Vargas.

Reintegrou-se a sociedade através da ajuda do médico baiano Estácio de Lima, diretor da Casa de Detenção em Salvador, onde o cangaceiro esteve preso. Tornou-se Funcionário Público exemplar, jamais voltando a praticar qualquer tipo de delito. Faleceu já em idade avançada no Estado da Bahia.
             
ÂNGELO OSMIRO é Presidente da Soc. Brasileira de Estudos do cangaço -SBEC. Pesquisador e escritor do cangaço e Membro efetivo daALMECE.

OBS: AS FOTOS, ACIMA POSTADAS, FORAM POR MIM INSERIDAS, NO INTUITO DE ENRIQUECER A BRILHANTE MATÉRIA DO AMIGO "Dr. ANGELO OSMIRO ".

Um abraço a todos.

IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC

" Este texto pertence à página do Blog:
 "Lampião Aceso", do amigo Kiko Monteiro"
http://lampiaoaceso.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo21:05:00

    ESTIVE A POUCO TEMPO REALIZANDO UM TRABALHO EM PERNEMBUCO E FIQUEI MEIO INDECISO QUANTO A MORTE DE LAMPIÃO,PESQUISO BASTANTE SOBRE A HISTÓRIA E ALGUNS ANTIGOS DA REGIÃO ONDE ESTIVE FORAM CATEGÓRICOS EM AFIRMAR QUE LAMPIÃO MORREU DE VELHO EM ALGUM LUGAR DO MARANHÃO...EM SEU LUGAR MORREU UM HOMEM QUE LHE APARENTAVA AS FEIÇÕES E QUE ESSE CONSELHO DA TROCA DE PERSONAGENS FORA LHE DADA PELO PADRE CICERO DE JUAZEIRO Á QUEM LAMPIÃO TINHA MUITO RESPEITO E DAVA-LHE MUITO OUVIDOS...NADA ÓFICIAL PARA NÃO MUDAR A HISTÓRIA, MAS FIQUEI INTRIGADO!!!

    ResponderExcluir