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quinta-feira, 7 de maio de 2015

O GLOBO – 05/10/1975 JOÃO ALVES, O CASCAVEL, DE CANGACEIRO A CURANDEIRO


Aos 97 anos, Cascavel, que lutou no bando de Antônio Silvino, é o outro cangaceiro nordestino ainda vivo, chama-se João Cosme Alves e vive na Ilha do Bispo, pequeno povoado na periferia de João Pessoa, na Paraíba, preparando garrafadas que curam dor de dente, espinhela caída, doenças venéreas e até impotência masculina. Cascavel garante que já expulsou o demônio do corpo de uma mulher que contraíra uma doença chamada “macaca-de-purungá”. E embora se sinta obrigado muitas vezes a pedir esmolas na esquina da rua em que mora, costuma emprestar dinheiro a quem precisa, sem cobrar juros e nem lembrar os compromissos dos devedores.

Em 1903 – há exatamente 72 anos – Cascavel enfrentou um desordeiro que pretendia desonrar sua cunhada. Ele diz que apenas emasculou o homem. Mas outros garantem que matou o galanteador. Foi durante a fuga para escapar da prisão que encontrou o bando de Antônio Silvino e seguiu o cangaceiro, tornando-se famoso nos sertões nordestinos.

Cascavel lembra os feitos do bando de Antônio Silvino contando o caso da invasão da fazenda de Manoel Belo, em Pernambuco. O chefe dos jagunços mandou pedir três contos de réis ao fazendeiro e recebeu o recado de que teria três balas se ousasse chegar perto da propriedade:

- Juntos, nós invadimos o lugar e todos fugiram, o dono da fazenda e a resistência organizada por um destacamento da polícia. Manoel Belo chegou a Caruaru sem conseguir falar e, quando recuperou o fôlego, só conseguiu dizer: “Antônio Silvino”.

TUDO NA VIDA

Cascavel diz que já fez quase tudo na vida. Foi sapateiro, capinador, barbeiro, funileiro e agora é rezador ou curandeiro. O apelido lhe veio quando era menino, depois que foi picado por uma cobra cascavel e esteve entre a vida e a morte. “Mas quem morreu foi a cobra”, e o episódio valeu-lhe o nome que a princípio incomodava e depois virou lenda.

A camisa entreaberta ao peito deixa à mostra uma cicatriz. Cascavel explica que o buraco é de bala calibre 44 e o tiro foi durante a companha de Princesa, em 1930, na época em que servia na Polícia Militar. Recorda a noite em que chegou à capital da Paraíba, quando João Pessoa era presidente do Estado, antes da Revolução de 30, em companhia dos batalhões destroçados pelas tropas rebeldes de José Pereira.

- Da ponte Sanhauá, avistei o fogo que subia em labaredas mais altas do que os prévios. O povo incendiava a Casa Vergara, o armazém mais importante da cidade, ligado aos rebeldes de Princesa, e isso mostrava que a Revolução tinha começado.

Imagem ilustrativa como sendo do ex-cangaceiro Cascavel.



http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo11:35:00

    Pois é caro Mendes, é mais um nome de cangaceiro que nunca ouvi falar - o Cascavel. É VIVENDO E APRENDENDO.
    Antonio Oliveira - Serrinha

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