Por Clerisvaldo B.
Chagas, 26 de janeiro de 2017 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.625
A Natureza
agradece sim, a boa notícia sobre desmatamento zero na Mata Atlântica de São
Paulo e em mais seis estados. Mas criou-se uma mística em torno da Mata
Atlântica (Floresta Tropical) e da Floresta Equatorial (Amazônica) que tem
prejudicado outros biomas. Quer saber? É só a fiscalização passar o olho nos
quintais das padarias do interior. Pátios cheios de material nobre da caatinga.
Exemplar
da Mata Atlântica. Foto: (Governo).
Mas a boa
notícia oriunda de São Paulo faz-nos refletir não somente sobre as planuras da
caatinga, mas as áreas de encostas de inúmeras serras importantes do sertão do
Nordeste. E como exemplo da nossa própria terra, apontamos Gugi e Poço.
Serra do Gugi,
outrora oásis, uma Zona da Mata dentro do Sertão nas proximidades do povoado
São Félix. Imortalizada também pelo escritor santanense Oscar Silva (Fruta de
Palma) foi descrita como um paraíso que Deus deixou no mundo. Além das
cigarras cantadeiras em árvores gigantes, frutas como jabuticabas, mangas,
sapotis e até mesmo cana-de-açúcar com seus engenhos banguês não resistiram aos
novos tempos.
A serra do
Poço, avistada do centro de Santana do Ipanema como um grande muro de 500
metros de altura, abastecia a cidade de frutas. Rodeada de mata robusta de
encosta à semelhança do Gugi, estendia seus pomares no topo que se estirava até
o município de Poço das Trincheiras. Nas feiras semanais de Santana era
bastante afirma que a laranja, a jaca, a banana ou mesmo a fava e o feijão
guandu eram originários da serra do Poço. Garantia forte de japonês.
O desmatamento
em ambos os lugares são as notícias contrárias às anunciadas acima. Complementa
a tristeza, a descendência dos serranos que trocaram as alturas pelas luzes da
cidade. Os velhos sem os familiares no campo deixaram de produzir. E os frutais
que não foram renovados ficaram caducos e isolados em nova paisagem devastada.
Das lembranças coloridas restam somente as altitudes do Poço e do Gugi. Uma
recordação chorosa.
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