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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

NAS PEGADAS DO CANGAÇO

Texto e fotos por Wagner Barreira

“Em novembro de 2017, viajei pelo sertão nordestino para as pesquisas de Lampião e Maria Bonita – Uma História de Amor e Balas. Percorri 2.427 km de carro, outros 100 km em picape 4×4 dentro do Raso da Catarina, na Bahia, mais 20 km de voadeira no rio São Francisco na divisa de Alagoas e Sergipe, alguns outros em caminhadas.


Estava em busca de pesquisadores, relatos e da geografia do cangaço. De Recife, onde começou a jornada, até Serra Talhada, berço de Virgulino Ferreira da Silva, o próprio caminho testemunha as mudanças da “quebrada do mar” ao sertão profundo. Os muitos rios e a vegetação espessa da capital de Pernambuco rapidamente dão lugar à Zona da Mata e ao agreste e suas plantações. À medida que a viagem prossegue rumo ao interior, o verde vai mudando de tonalidade até desaparecer, cedendo lugar a árvores pequenas e retorcidas, cada vez mais cinza.


A estrada, em excelente estado de conservação, corta os rios do alto sertão. O Moxotó e o Pajeú se revelam cursos d’água por causa das pontes. Embaixo, há areia e desolação. O líquido só se conserva nas cisternas, frutos de uma ação do governo federal no começo do século, nas pequenas propriedades que se sucedem pelo caminho. Foi nesse cenário, que conhecia como poucos, que Lampião instaurou seu reinado. As marcas ainda estão por lá.

Algumas são visíveis, como os tiros na casa em ruínas de seu primeiro inimigo, Zé Saturnino, em Serra Talhada. Ou as cruzes que marcam o local da morte do cangaceiro e de Maria Bonita e outros nove fora da lei, em Angico, Sergipe. Outras são mais dissimuladas. Há “museus do cangaço” em dezenas de cidades, com acervos variáveis – mas sempre há um rifle e uma sanfona em exposição. Nas feiras, camisetas e esculturas de barro representando o casal são artigos fáceis.


Nas conversas que tive com pessoas idosas, todos guardam uma história de Lampião envolvendo familiares, umas verossímeis, outras, não. Lampião e Maria Bonita, mais de oitenta anos depois da morte, estão no cotidiano dos sertanejos. A perseverança da memória de um casal que viveu à margem da sociedade, em fuga permanente da polícia, foi o que mais chamou a minha atenção. Mas isso é tema para um novo post…”
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Wagner Barreira nasceu em São Paulo, em 1962. Jornalista, trabalhou nas revistas Veja e Aventuras na História, no jornal O Estado de S. Paulo e na TV Cultura. Também foi diretor editorial de mídias digitais na Editora Abril e professor de Técnicas de Reportagem e Teoria do Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica paulista. Vive em São Paulo e tem três filhos. É o autor de Lampião e Maria Bonita – uma história de amor e balas; saiba mais sobre o livro clicando aqui.

http://www.blogdaplaneta.com.br/2018/11/06/cangaco-lampiao-maria-bonita/?fbclid=IwAR16coHvLYDPCJE6HUDTUZSv5Zc3QHgvXUGelFpOjayYwcbG8JGHqct5HTc

blogdomendesemendes: 

Não sei, mas talvez você encontrará este livro através deste e-mail: 
franpelima@bol.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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