Seguidores

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

UM POUCO DE NOSSA HISTORIA - ZÉ PINHEIRO O DEMÔNIO EM FORMA DE GENTE EM CARIRIAÇU





Em conversa com o amigo Médico bem conceituado e leitor assíduo das histórias nordestinas Doutor João Elder, que essa semana indagou-me sobre uma história ocorrida em Caririaçu, de um cangaceiro chamado Zé Pinheiro e por coincidência o primo e também leitor Ed O Lindo Borges falamos sobre o mesmo assunto, promoti aos mesmos que iria escrever alguma coisa a respeito e aqui estamos nós. Eu já tinha conhecimento de tal fato e prometi de escrever sobre essa “fera em forma de gente” e o acontecido em nossa Cidade. Para bem entender essa história tem-se que remota a outro fato histórico por mim já escrito nessa página que se refere à sedição de Juazeiro do Norte em 1914.

Então para que a leitura não fique muito extensa e muito cansativa vou dividí-la e narrado outros fatos até chegar ao objetivo que é o ocorrido aqui.

RESUMOS

A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO

A revolta ou a Sedição de Juazeiro foi um conflito popular ocorrido em 1914, durante a república velha (1889-1930), na cidade de Juazeiro do Norte, no sertão do cariri, Ceará. Ocupava o cargo de presidente do país o marechal Hermes da Fonseca (1855-1923), que adotou medidas de intervenção política, conhecida como “política das salvações”, a fim de combater as lideranças políticas (na época os coronéis) que dificultavam a atuação do poder. Com isso, Marcos Franco Rabelo (1851-1940), foi indicado pelo presidente como governante do Ceará (1912-1914), o que descontentou demasiado os coronéis. O coronel Marcos Franco Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o padre Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do padre Cícero.

A expedição ordenada pelo interventor Franco Rabelo dirigiu-se para juazeiro do norte para prender o pároco, mas quando chegaram esbarraram em uma imensa muralha que cercava a cidade. Tal defesa era chamada de "círculo da mãe de deus" e foi construída em apenas sete dias. Foi o suficiente para impedir a penetração das tropas do governo, que teve de voltar para angariar mais reforços onde ate um canhão foi trazido para ver se surtia efeito, porém de nada adiantou.

Durante vários combates a vitória permaneceu com o grupo de revoltosos organizados em juazeiro do norte. Floro Bartolomeu se dirigiu então ao rio de janeiro em busca de apoio enquanto os revoltosos rumaram para fortaleza com o intuito de depor o interventor. No rio de janeiro conseguiram o apoio de pinheiro machado e em fortaleza Franco Rabelo foi realmente deposto.

ZÉ PINHEIRO

Muito pouco se tem escrito sobre esse que em vida foi um dos homens que sem exagero foi em vida um verdadeiro satanás. De uma perversidade sem limites como conta o renomado escritor Frederico Pernambucano de Mello onde evoca, a esse respeito, as violências infligidas aos representantes das autoridades pelo legendário cangaceiro Zé pinheiro, célebre por ter exterminado J. Da Penha, Capitão das forças legalistas contra as tropas de Juazeiro cometendo o facínora uma verdadeira obra macabra contra o cadáver do referido Capitão, onde ao exterminar o mesmo arranca-lhe o bigode com lábios e tudo e chegando a uma bodega manda colocar um copo de cachaça e coloca os pedaços do defunto dentro do copo e engole o liquido composto de sangue e tudo se cabano de tal feito. Esse é apenas um dos muitos ocorridos feitos do sinistro Capeta.

FATO OCORRIDO EM CARIRIAÇU

Dois grupos passaram a disputaram o poder no estado do Ceará; Um liderado por Marco Franco Rabello e o outro pelo Doutor Floro Bartolomeu, que seguia apoiando o Padre Cícero. Logo após essa luta ficam todos que foram a favor dos Rabelista nome dado aos simpatizantes e correligionários políticos da época, perseguidos sem restrições onde até mesmo a vida era posta em cheque. Em São Pedro do Cariri, hoje Caririaçu, cidade serrana situada acima de Juazeiro do Norte, era quase em sua totalidade Rabelista, cujo insucesso a condenou ao ostracismo e determinou perseguições por parte dos jagunços contratados pelo Floro Bartolomeu. Antes, porém, aconteceu um fato que alimentaria ainda mais o instinto feroz do desalmado Zé pinheiro. Essa história aconteceu no ano de 1913 e é narrada por Doutor Borges em uma de suas obras literárias.

Um dos cangaceiros, jagunço violento, era José pinheiro, mau como o diabo pode ser. Naquela ocasião (1914) ele, indo do Crato para lavras, “três léguas abaixo de Caririaçu, ribeira do riacho do rosário, no serrote, teve um desentendimento com a mulher que lhe servia de companheira e a enterrou, dizia-se, viva, quase à beira do caminho, um pouco para dentro do mato”. desapareceu. dias depois, vaqueiros ou caçadores que ali andavam, sentiram mau cheiro e, notando urubus pousados em árvores próximas, para lá se dirigiram, encontrando a sepultura meio aberta e o cadáver já em parte destruído pelos animais. as diligências e investigações levadas a efeito pela polícia conseguiram identificar sem maior tardança o criminoso.

Descoberto seu paradeiro, ele foi preso e recolhido à cadeia de são Pedro (Caririaçu) e enviado depois para a do Crato, por medida de segurança. Clemente Ferreira Borges, há esse tempo, exercia ali as funções de juiz suplente, leigo. Foi justamente nessa qualidade que se dirigiu ele à cadeia local para conhecer de perto o criminoso, tendo exprobado, na ocasião o facínora pelo seu bárbaro procedimento, matando indefesa mulher, sem motivo justo. Não seria preciso mais para que a fera em forma humana que era José Pinheiro guardasse na memória a atitude de meu pai, aguardando, qual cascavel, o momento azado para um dostorço pessoal.

Com a derrota das forças legalistas nos ataques à cidade dos insurretos e a invasão em seguida do Crato e de outras cidades da região pelas hordas desenfreadas, abriram-se as portas das prisões, pondo-se consequentemente, em liberdade, todos os sentenciados que passaram, então, a engrossar as fileiras dos rebeldes. “Contava-se nesse número o famigerado José Pinheiro, a quem foi confiada à chefia de um grupo, dada a sua valentia e a energia de que era dotado para o comando dos capangas como ele afeitos à criminalidade.”

“a vila de São Pedro amanheceu num claro dia de Domingo repleta de cangaceiros sob suas ordens”. precisamente à hora da missa, momento onde todas as famílias se reunião a frequentar esse momento ecumênico do qual não seria diferente com Clemente Ferreira Borges que ao dirigiam-se para a igreja, foi chamado pelo truculento chefe que bebia cachaça com seus cabras numa bodega da esquina. Pressentindo que iria ser agredido, respondeu que poderia servir-se na mercearia com seu grupo do que quisesse que depois da missa pagaria a despesa. Não foi, porém, atendido e a sua presença foi imposta sob ameaça de morte com os rifles apontados em posição de descarga. Disposto ao sacrifício, No estabelecimento fez-se logo em torno dele um círculo de malfeitores, cada qual mais sedento de sangue e de rapina. José Pinheiro puxou do bolso um maço de bigodes e disse em rictos de fera satisfeita que aquilo era o troféu, a lembrança que trazia dos chefes Rabelistas (partidários de Franco Rabelo, correligionários da família Ferreira Borges) encontrada no caminho de fortaleza e que os bigodes Clemente Ferreira Borges iriam também para ali, dentro em pouco. Começou o martírio, humilhações, ameaças com exibição de armas, a toda sorte de angústia foi submetido o velho. A certa altura José Pinheiro sacou de um afiado e comprido punhal e ia vibra-lo certeiro não acontecendo por intervenção de terceiros. O Padre Augusto Barbosa de Menezes, vigário daquela freguesia, celebrava, no momento, a missa dominical. Toda a família, em prantos, sentindo iminente a morte do chefe da família, corria para a igreja pedindo socorro ao celebrante. Este, sem mais delonga, partiu apressadamente para o local da cena triste, arrancou meu pai das garras do criminoso e o conduziu são e salvo para sua residência, conservando-o ali sob a sua guarda até quando o perigoso bandido abandonou a vila sobressaltada.

Adversário politico de minha família, chefe local do partido marreta (designação dada a antigo partido político do Ceará), Prefeito do Município mais de uma vez, e correligionário decidido do Padre Cícero, junto ao qual gozava de absoluta confiança, o Padre Augusto, não obstante, era antes de tudo amigo de seus paroquianos, O fim do cangaceiro.


O facínora José Pinheiro pagou caro as atrocidades que praticou. teve fim trágico, horripilante. Aumentara o seu rosário de crimes matando, em Juazeiro, em pleno dia, Quintino Feitosa, cercando-lhe a casa com seu famigerado grupo de bandidos. Quintino resistiu horas ao nutrido tiroteio, mas, sem mais munição, teve a casa invadida pelo grupo. José pinheiro abateu-o a punhaladas, decepou lhe o bigode (seria mais um sinistro troféu), espremeu-o num copo de cachaça e sorveu a bebida asquerosa a longos tragos.

Alguns anos depois transferiu a residência para o estado de alagoas. Lá moravam alguns parentes de Quintino. Localizaram o criminoso, mataram-no e o esfolaram como se fosse um bode. A cena é descrita assim pelo historiador Joaryvar Macedo:

Pavorosa e horripilante a morte de Zé Pinheiro, uma das mais temíveis feras que produziram os nossos sertões. Vítimas de sua perversidade crucificaram-no numa catingueira e o esfolaram vivo, em Alagoas. (in Irineu Pinheiro – o juazeiro do padre Cícero e a revolução de 1914, pág. 145 e o império do bacamarte, mesmo autor, pág. 172).

OBSERVAÇÃO A PRIMEIRA FOTO TRATA-SE DE ZÉ PINHEIRO.



http:/blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário