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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

LAMPIÃO NO RASO DA CATARINA


Região dos índios Pankararé, cheia de mistérios, lendas e sob a proteção dos guardiões “encantados”, onde Lampião encontrou o seu refúgio ideal, uma espécie de santuário guerrilheiro, no qual descansava de suas idas e vindas, cansado das léguas tiranas do sertão. Um aspecto deve ser ressaltado: 

Lampião não invadiu o território dos índios Pankararé, não impôs o seu estilo de vida e nem desorganizou os costumes ancestrais da tribo. Ao contrário. Os índios Pankararé convidaram-no e ao seu grupo de cangaceiros para que transformassem o Raso da Catarina num abrigo seguro contra as perseguições policiais. O convite feito pelos índios e aceito por Lampião, demonstra que houve uma perfeita identidade cultural entre as duas partes. 


A correspondência cultural e o nível de confiança entre os Pankararé e Lampião tornaram possível que o Raso da Catarina, mais precisamente onde está localizado o desfiladeiro de Trindade, se transformasse numa retaguarda segura e num ponto de apoio logístico de extrema importância para o chefe guerrilheiro. Durante quase uma década , Lampião e seu bando tiveram a proteção, o apoio e a inabalável lealdade dos Pankararé. 

Dadá, viúva de Corisco e uma das sobreviventes do ciclo do cangaço, declarou que o melhor período de sua agitada vida no cangaço foi passado no Raso da Catarina. Disse ela: “Aquilo é que foi uma maravilha ... Não faltava nada. Todo dia tinha caça para comer, era cutia, tatu, peba, caititu. Do mato eles traziam as plantas para a gente fazer remédio e comer ... Hoje, quando ouço falar que o povo por lá passa fome, não acredito. Naquele tempo, no Raso, ninguém morria de fome. Só de tiro.”
Do livro: Sertão Sangrento - Luta e Resistência
De: Jovenildo Pinheiro de Souza


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