Por: Rangel Alves da Costa
Companheira de Criança no cangaço, nascida em Poço Redondo, a cangaceira
Adelaide teve uma das mais tristes e dolorosas mortes da história do banditismo
nordestino. E assim porque não teve morte rápida, repentina, em confronto com a
volante, mas de modo lento, demorado, angustiante e agonizante. Estava grávida,
e de uma gravidez de risco. A filha da Família Soares de Poço Redondo (irmã de
Rosinha e prima da também cangaceira Áurea) morreu debaixo deste velho
umbuzeiro, na região do povoado Curituba, em Canindé de São Francisco, e
enquanto era conduzida em rede após ter perdido a criança que ainda continuava
em seu ventre. Após sua morte, injustamente deram ao local o nome de Umbuzeiro
da Bandida. Não há, contudo, que meramente qualificar como bandida uma mulher
que, na sua luta pela gestação, havia passado por sofrimentos terríveis. Apenas
uma mulher – e uma mulher já tendo perdido seu filho no nono mês de gravidez -
e suas dores, suas agonias, suas aflições. A denominação continua, mas também
desde muito provocando um contrassenso. E assim porque este umbuzeiro passou a
ser local de grande visitação, de gente levando suas preces e orações, de
sertanejos buscando santificar a falecida. Aos pés da cruz, promessas, rogos,
pedidos, como se a sofrida Adelaide pudesse interceder perante os infortúnios
terrenos e dar proteção aos tantos desvalidos. A cruz (que sempre é renovada
pela ação do tempo) marca o local do último suspiro da cangaceira, mas o seu
corpo foi sepultado no cemitério de Curituba.
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