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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

ÁGUA BRANCA CIDADE DE ALAGOAS QUE SOFREU A FÚRIA DO CANGAÇO EM 1922.

 Por João de Sousa Lima

Água Branca em Alagoas foi uma das cidades que sofreu a fúria do cangaço. em 1922 Lampião realizou o famoso saque à Baronesa de Água Branca, à senhora Joana Vieira.

Os povoados Tingui e Alto dos Coelhos era reduto de cangaceiros e viu também as ações violentas do cangaço, onde várias pessoas foram mortas.

Um dos capítulos de morte nessas terras aconteceu na Fazenda Riacho Seco, de propriedade de Abel Torres, filho da Baronesa de Água Branca.

O crime aconteceu por consequência de uma fofoca. Um rapaz chegou em Água Branca procurando emprego como vaqueiro, e falaram que pra trabalhar como vaqueiro estava difícil, pois os cangaceiros estavam espalhados por toda região.

o rapaz respondeu que para Lampião tinha era um "Parabellun" pra atirar nele. Falou isso em um movimentado dia de feira, onde coiteiros andavam vasculhando informações. No mesmo dia Lampião ficou sabendo da afronta do jovem Joventino.

Joventino conseguiu trabalho nas terras de Abel Torres e foi morar na fazenda Riacho Seco, próximo a divisa de Água Branca com Olho Dágua do Casado. Nessa fazenda tinha duas casas, residindo em uma delas o senhor Antônio Zezé e em outra morava Joaquim Gomes.

Joventino ficou na casa que morava Joaquim Gomes.

Lampião ficou sabendo do paradeiro de Joventino e foi com "Pitombeira" (Zacarias Bode), Luiz Pedro e mais dois companheiros. Os cinco cangaceiros se aproximaram da casa onde estava Joventino.

Lampião já no terreiro gritou:

- Joventino, cadê o Parabellun que você tem pra atirar neu?

Joventino saiu da casa e quando chegou no alpendre os cangaceiros o pegaram, e o rapaz negou sobre o recado desaforado que tinha mandado pra Lampião.

- Isso é mentira!!!!

Lampião sem contar conversa atirou no rapaz que já caiu morto.

Com o corpo do rapaz ensanguentado no chão os cangaceiros entraram na casa, e o cangaceiro Pitombeira encontrou o senhor Antônio Laurentino (Lorentino).

Lorentino era vaqueiro que tinha os pés aleijados.

Pitombeira tinha uma antiga rixa com Antônio Lorentino e viu nesse momento a oportunidade de se vingar.

A intriga entre os dois começou por causa de uma cerca que Pitombeira estava fazendo e invadindo um pedaço do terreno do patrão de Lorentino, na fazenda doTalhado.

O proprietário Abel Torres empatou de Pitombeira fazer a cerca, e aí criou-se uma intriga entre o futuro cangaceiro e o vaqueiro.

Pitombeira e outros cangaceiros seguraram Antônio Lorentino para matar, e nesse momento outro vaqueiro, chamado Mané Egídio se atravessou na frente de Pitombeira e falou:

- Esse daqui você não mata não!!!

Lampião olhando a cena, sentenciou:

- Aqui não se mata ninguém, esse daqui fica pra ir a visar ao patrão pra ele vir enterrar o defunto!

Esse valente vaqueiro Mané Egídio que livrou o amigo da morte certa, mais tarde tronou-se o famoso cangaceiro Barra Nova, um dos bravos homens do grupo de Lampião.

Em abril de 2019, eu, Aldiro Gomes, Thomaz Deyvid e Raul Sandes, estivemos nessa fazenda e nas duas casas conhecendo esses dois monumentos que viveram a história do cangaço.

Uma saga vivida entre a razão e a violência, onde homens pagavam com as vidas por uma simples palavra empenhada, muitas vezes simples palavras jogadas ao vento, sem intenção de se transformar em verdade. Tempos difíceis e conturbados. Hoje escombros cobrem os sangues do passado e marcam os fatos vivenciados nessas terras...

João de Sousa Lima

Historiador e Escritor

Alto dos Coelhos, Água Branca. Alagoas.

em 20 de junho de 2019.

Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06

Membro Presidente do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso

Membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do cangaço

https://www.facebook.com/virgolinoferreiradasilva

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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