Parte I - Por Paulo Brito
Esta homenagem, abaixo, está contida no livro “Como Dei Cabo de Lampião” de autoria do, há época, Capitão João Bezerra da Silva, intitulada como “Homenagem Póstuma do Autor”, logo no início da 1ª Edição do livro, em 1940 e mantida nas duas outras edições.
Soldado Adrião
O
soldado Adrião Pedro de Souza, componente da volante do Aspirante Francisco
Ferreira de Melo, veio a ser morto, infelizmente, logo no início do combate de
Angico. Com a subdivisão da tropa comandada pelo Tenente João Bezerra, para a
execução do cerco ao acampamento de Lampião, o grupo liderado pelo Aspirante
Ferreira, foi quem primeiro teve contato com os cangaceiros, ao ponto de se
verem forçados a dar início a ofensiva. Cessado o combate, constatou-se a morte
do soldado Adrião, ferimento no braço do soldado Guilherme Francisco da Silva e
ferimento transfixiante na mão e na coxa, com a bala se alojando no quadril do
comandante da volante. Em seu livro, o comandante faz o seguinte
comentário: “Sofrendo então muitas dores, baleado como estava na perna e
na mão, perdendo muito sangue, cansado e sem dormir há mais de 24 horas, via-me
em dificuldades para resolver vários problemas que necessitavam ser resolvidos
com a máxima urgência.
Foi
um momento de agonia aquele! Estávamos num local de difícil acesso à margem do
rio São Francisco. Tudo se apresentava com inumeráveis dificuldades. Teríamos
de remover enormes obstáculos para nos transportar carregando um soldado morto
e outro ferido, e ainda, para maior desgraça, eu não podia andar, tendo de ser
carregado pelos meus valentes companheiros. Troquei ideias com o aspirante
Ferreira de Melo, assentando que o soldado morto de qualquer maneira não
ficaria ali. Mesmo que isto nos custasse os maiores sacrifícios, ele seria
transportado para receber as honras da sua dignidade de combatente viril
tombado heroicamente na defesa da ordem jurídica, no cumprimento sagrado do
dever militar.” Daí, segue-se uma série de procedimentos e de ações paralelas,
em decorrência da dimensão do feito e euforia por parte de todo o contingente
humano das mais diferentes áreas, sem se negligenciar os procedimentos devidos
ao bravo militar morto, conforme citações abaixo:
BOLETIM DO II BATALHÃO, Nº 175,
DE 30 DE JULHO DE 1938, III ITEM:
“EXCLUSÃO POR FALECIMENTO – Excluo do estado efetivo deste Btl. e 4ª Companhia, por falecimento, o soldado nº 665, Adrião Pedro de Souza, por ter quando em combate junto às forças volantes que extinguiram o celebre rei do cangaço o famigerado “Lampeão”, e mais dez comparsas, sido atingido pelas balas mortais dos facínoras bandoleiros, deixando gravado nos corações de todos os seus companheiros o inédito exemplo de heroísmo, de amor ao trabalho, perdendo a vida pela paz do sertão e engrandecimento de sua corporação, que tão sobejamente deixou gravada a sua recordação. “
DO DIÁRIO OFICIAL Nº 7.443, de 04
de Agosto de 1938:
I
- ÁTO DO INTERVENTOR FEDERAL – O INTERVENTOR FEDERAL NO ESTADO, por atos de
ontem, promoveu, por ato de bravura e na forma regulamentar, ao posto de 3º
sargento o soldado do Regimento Policial Militar Adrião Pedro de Souza, morto
na manhã do 28 de julho próximo findo, em combate contra o banditismo; ...”.
CONTINUAÇÃO DO BOLETIM REGIMENTAL Nº 179, DE 12 DE AGOSTO DE 1938: “Não se enganou, portanto, o Exmº. Snr. Interventor Osman Loureiro, nem tão pouco este comando. A perseguição se iniciou de forma tenaz e vigorosa, e não tardou a raiar a manhã do 28 de julho, onde um punhado de 45 bravos comandados pelos Capitão João Bezerra da Silva, 1º Tenente Francisco Ferreira de Melo e Aspirante a oficial Aniceto Rodrigues dos Santos, numa arrancada de heróis, atacaram de surpresa, na fazenda “Angicos”, município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, o grupo do famigerado “Lampeão”, composto de nada menos de 58 bandidos e com eles numa luta tremenda conseguiram abater onze sicários, inclusive o REI DO CANGAÇO, pondo os demais em debandada, sem que tive sem tempo, os restantes, de conduzir do
Infelizmente, não há vitória sem luto e este luto é deveras lamentável, por que na refrega perdemos um bravo, o soldado Adrião Pedro de Souza, que, por isso, foi promovido, por ato de bravura e na forma regulamentar, ao posto de terceiro sargento; - para ele imorredouras saudades e um minuto de silencio, em sua memoria, pelos belos exemplos que nos legou e que servirão de lição aos que aqui militam e aos que nos sucederem. O Capitão Bezerra, comandante geral da tropa recebeu um ferimento, assim como o soldado Guilherme Francisco da Silva, e por pouco, aquele não ficou no campo da luta, estando ambos sob os cuidados médicos...
Congratulando-me convosco e, muito especialmente com louvor, com os que tomaram parte na encarniçada luta acima relatada, mando que, nos livros do assentamentos de cada um, se façam constar os elogios a que fizeram jus, ao mesmo tempo que os concito a prosseguirem, com fé, na luta ingente de libertar, quanto antes, o sertão de Alagoas da horda remanescente de bandidos que ainda o infesta, convictos de que dias melhores nos esperam e de que a história Militar da Polícia de Alagoas será enriquecida com mais esse serviço à Sociedade Alagoana e, consequentemente, ao Brasil.
Camaradas! Para a frente, por que a vitória é nossa. Salve Alagoas!
Salve a Patria redimida! SALVE!”
Continua...
Paulo Britto
"Extraído do Blog: Cariri Cangaço"
Observação:
Não consegui uma foto em que o senhor Paulo Brito estivesse sozinho,
por essa razão inseri estas acompanhadas.


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