Por Manoel Belarmino
Poucas pessoas de Poço Redondo sabem que ali nas Areias, perto do Riacho do
Quatarvo, na antiga fazenda Paus Pretos de propriedade na época do coronel
Antônio Caixeiro, perto de Poço Redondo, está enterrado o corpo da mais bela
cangaceira do grupo de Lampião, a baiana Lídia.
No fim do ano de 1931, o cangaceiro Zé Baiano ficou doente de um tumor grande
que impediu o bandoleiro de andar nas caatingas. Aí Lampião levou Zé Baiano
para a casa de um antigo coiteiro chamado Luiz Pereira na localidade Salgadinho
perto de Paulo Afonso. Ali o cangaceiro ficou 15 dias sendo cuidado por Luiz
Pereira e dona Maria Rosa. Quando ficou curado o cangaceiro foi embora, levando
Lídia, a sua filha mais nova. Lídia era uma linda menina mocinha de apenas 15
anos de idade quando deixou seus pais para acompanhar o terrível e cruel
cangaceiro Zé Baiano.
O cangaceiro Zé Baiano (foto) era loucamente apaixonado por Lídia. O cangaceiro
mais apaixonado de todos. E Lídia a mais bela das cangaceiras. Zé Baiano era um
dos cangaceiros mais cruéis do grupo de Lampião e o mais curioso com a sua
amada Lídia.
Dizem os pesquisadores e coiteiros que Zé Baiano tinha muita riqueza, era
agiota, possuía muito dinheiro emprestado a comerciantes e possuía uma
quantidade grande de jóias valiosas, inclusive escondidas ou enterradas na
forma de botija.
Havia no grupo de cangaceiros um rapaz da mesma região de Lídia e que já se
conheciam desde antes de os dois entrarem no cangaço. Era Demócrito e que no
cangaço tinha o nome de guerra de Bem-te-vi. Os dois se gostavam e, às
escondidas, tinham um relacionamento. Sempre que Zé Baiano viajava Lídia se
encontrava com o Bem-te-vi.
O cangaceiro Coqueiro se apaixonou por Lídia. E sempre a seguia e presenciava a
cangaceira mais linda transando sob as moitas de cipó de leite com o seu amado
secreto Bem-te-vi quando das viagens de Zé Baiano.
Naquele mês de julho de 1934, nas Pias das Panelas, nas proximidades do Riacho
do Cartavo, quando Zé Baiano retornou de uma viagem do Alagadiço que havia
feito com Lampião, o cangaceiro Coqueiro resolveu contar tudo, exatamente na
hora da janta, no coito, no momento em que todos estavam reunidos. Ao ouvir a
delação de Coqueiro, Zé Baiano ficou parado, estarrecido. Olhou para Lampião
esperando alguma ordem. Um silêncio tomou conta do coito. Lampião tirou o
chapéu... coçou o quengo. Levantou-se do cepo. Não quis mais comer. E continuou
calado.
Depois de um tempo em silêncio, Lampião disse que Ze Baiano tomaria as
providências de Lídia e os cangaceiros resolveriam o caso de Bem-te-vi e
Coqueiro. Depois da sentença de Lampião, Zé Baiano mandou que o cangaceiro
Demudado amarrasse Lídia num pé de umburana ali mesmo próximo das Pias onde
estava o coito. E Lampião ordenou que o cangaceiro Gato matasse o cangaceiro
traidor 'Bem-te-vi' e o delator 'Coqueiro'.
Cangaceiro Gato
Rapidamente, Gato puxou a mauser e disparou contra Coqueiro que já caiu ali
estirado, morto. Quando voltou-se para disparar contra o cangaceiro traidor,
viu que este já havia fugido.
Zé Baiano baiano não conseguiu dormir naquela noite. Deitou-se separado dos
outros cangaceiros, calado. Teria que matar a cangaceira mais linda já vista no
mundo cangaceiro e a mulher que ele amava. Quando o dia amanheceu, antes de o
Sol aparecer, Zé Baiana pegou um cacete de pau d'arco e com várias pauladas matou
Lídia.
E sem pedir ajuda a ninguém, ele mesmo cavou a cova e enterrou o corpo da
cangaceira. Ali mesmo embaixo do pé de umburana, nas proximidades das Pias das
Panelas, no Riacho do Quartavo.
Observação de Ivanildo Silveira, que nos indicou a publicação: esta fotografia que postamos junto a este texto não é de Lídia, mas de sua irmã Francelina. Segundo familiares de Lídia e alguns pesquisadores, esta foto é a que mais se aproxima dos traços fisionômicos do rosto de Lídia. Não há registro fotográfico da mais bela das cangaceiras.
https://blogdoinhare.blogspot.com/2019/08/cangaceira-lidia-traicao-e-morte-por.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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