Por: Sousa Neto
Gonzaga, pivô
do Massacre de São José de Belmonte
Alguns
moradores já acordados vieram em socorro de Gonzaga e assim começa o
tiroteio. Gonzaga que ao ouvir as pancadas e perceber que o bando sinistro
havia penetrado na residência subiu a escadaria por um dos quartos que
dava para o sótão da casa. Ainda segundo Cajueiro uma senhora apavorada
pergunta quem é o chefe, ele responde: “nois num tem chefe”, nesse momento um
cangaceiro tenta contra uma jovem que parte em sua direção e lhe agarra
dizendo: valha-me senhor pelo amor de Deus! Cajueiro manobra o rifle e diz:
Agora você escolhe, ou solta à moça ou me mata ou morre. Então o seu
companheiro a soltou e essa foi em direção a sua mãe que se encontrava na
cozinha. Cajueiro então pergunta: Cadê o “major” tá ai? Ela respondeu “tá ai
dentro sim senhor”. Ato continuo Cajueiro tranca a família em um quarto e chama
o cangaceiro Livino para nas palavras dele “dar uma busca na casa”.
Cajueiro dando
boas risadas, confessa ao Dr. Amaury que Gonzaga havia caído do sótão e estava
escondido atrás da porta. Estive recentemente observando o sótão da casa
de Gonzaga e pude perceber que a parte que compreende a sala de estar, bem como
todos os quartos do lado esquerdo do grande corredor estavam forrados.
O lado direito
da casa, o sótão estava em construção. O detalhe é que a parte acima dos
quartos por onde tinha a escada de acesso, eram de tabuas fornidas e pregadas
de cima para baixo, ambiente propicio para armazenar objetos, alimentos etc. A
parte da sala de estar era toda forrada de madeira fina, toda ela pregada com
pregos de baixo para cima, apenas dar adornar ainda mais o bonito recinto.
Hagaus Araujo,
Manoel Severo, Marquinélio e Sousa Neto
Luiz Gonzaga
aterrorizado tentando se ocultar naquele ambiente escuro, caminhou para o mais
distante possível da escada e foi para a parte da sala de estar. Penso haver
ele esquecido que aquele adorno não suportaria o seu peso. Foi ai que o
assoalho cedeu, ele caiu e tentou se abrigar atrás da porta, mas a casa já
estava infestada de bandidos que pensavam apenas em passar a mão nos objetos de
valor.
Ainda segundo
Cajueiro Livino Ferreira foi quem fez o serviço, matou o “major” Gonzaga.
Morreram nesse episódio o cangaceiro José Dedé “o Baliza”, Antônio da Cachoeira
(sofreu um ataque cardíaco fulminante) e o soldado Heleno Tavares hoje
homenageado com o nome da rua que combateu o bando nefasto. Saíram feridos do
bando de Lampião, Yoio Maroto com um tiro no braço, o valente Zé Bizarria e
Cicero Costa.
Anos depois
foi aberto um inquérito para apurar essa ocorrência e em 07 de outubro de 1929
todos os 42 implicados foram condenados.
Yoio Maroto
refugiou-se no Barro debaixo da proteção de Justino Alves Feitosa que dias
depois lhe deu carta de recomendação endereçada ao Coronel Leandro da Barra,
homem influente na região dos Inhamuns que o acolheu. Yoio passou a viver
usando o nome fictício de Coronel Antônio Alves. Com muito esforço e trabalho
adquiriu a fazenda Malhada Vermelha aonde veio a falecer em 19 de maio de 1953.
Sousa Neto -
Pesquisador, Escritor, Conselheiro Cariri Cangaço
Fontes
Pesquisadas:
ARAÚJO, Vilar
(Entrevista em julho 2013)
FERRAZ,
Marilourdes – O Canto do Acauã
MOURA, Valdir
José Nogueira (HISTORIADOR E ESCRITOR)
CORRÊA,
Antônio Amaury – LAMPIÃO Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço.
REVISTA - A
Província – O universo pelo Regional – Fevereiro de 1998
http://cariricangaco.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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