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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O TREM DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2014 - Crônica Nº 1.239

Toda a movimentação entre o interior sertanejo e a capital Maceió, era feito através de navios. Ia-se até Pão de Açúcar, cidade ribeirinha do rio São Francisco, onde se embarcava em um navio (vapor) até deixar o rio através de Penedo, ganhando-se o oceano Atlântico.


Quando a via férrea em Alagoas, chegou da capital até a cidade de Viçosa, já foi considerado um grande avanço para o sertão. Quem tinha negócio a resolver na capital, saía do sertão e alto sertão a cavalo até a cidade de Viçosa, onde tomava o trem. Não temos a certeza em quanto tempo o cavaleiro rompia as léguas que separavam o semiárido de Viçosa, Zona da Mata Alagoana. Calculamos em, aproximadamente, três dias.


No livro “O boi a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, vamos ler sobre o ex-intendente de Santana, padre Manuel Capitulino de Carvalho, chegando de Maceió a Santana do Ipanema, com mais de cem cavaleiros, vindos do desembarque do trem, em Viçosa. Entrava-se na cidade pelos subúrbios Bebedouro, Maniçoba e a festa era grande com duas bandas de músicas santanenses em recepção aos cavaleiros.

Depois o progresso adiantou os passos e o trem de Viçosa chegou mais perto, até a cidade de Quebrangulo, no patamar dos 500 metros, entre o Agreste e a Zona da Mata. Isso fez com que os cavaleiros reduzissem suas cavalgadas, porém, chegar a Maceió ainda era um grande sacrifício.

Posteriormente o trem chegou até a cidade de Palmeira dos Índios, perto da fronteira entre agreste e sertão. Houve ainda projeto para o cavalo de ferro chegar até Santana, mas nada disso aconteceu e o trem foi desviado rumo a Arapiraca e rio São Francisco.

Nessa fase, ainda dá para lembrar quando alguém da família levou-me até Palmeira dos Índios numa longa viagem de estrada de barro. Na Princesa do Agreste, dormimos para embarcar no trem antes de amanhecer o dia, andando pelas ruas escuras de Palmeira dos índios.

O progresso continuou e tivemos, então, a primeira rodovia asfaltada de Alagoas, década de 50, Palmeira-Maceió. Aliviava para o sertanejo que saía do sertão a Palmeira através de carro de aluguel ou “sopa”, apelido do ônibus, na época. Pensemos nas dificuldades, principalmente em tempo de inverno.

Somente quando o asfalto chegou a Santana do Ipanema, tudo mudou. Viagens com os mais diferentes transportes que duravam dias, passou a acontecer em apenas três horas.

Hoje procuramos o trem. O TREM DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS.



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