Por Sálvio Siqueira
Coronel João Damasceno Pereira de Araújo - O Bode Preto do Seridó
Na cidade de Caicó, Rio Grande do Norte, existiu um líder político chamado João
Damasceno Pereira de Araújo, filho de Antonio Pereira de Araújo, e de Maria
José de Medeiros, Antônio, filho por sua vez de João Damasceno Pereira,
3º filho do 1º Tomaz de Araújo Pereira, e Maria José de Medeiros, filha do 3º
Tomaz de Araújo.
O velho Tomaz de Araújo Pereira(3º), que já se achando cego, achou por bem casar a neta Tereza, a quem criava, com João Damasceno que tinha 15 anos.
O velho Tomaz de Araújo Pereira(3º), que já se achando cego, achou por bem casar a neta Tereza, a quem criava, com João Damasceno que tinha 15 anos.
Casa Grande da Fazenda Saco do Marins Foto: George
Stephenson Batista
O destemido, ou temido 'coronel', fez de sua primeira residência a fazenda
Bulhões, no Acari, localizado na bacia do Gargalheiras. Ali, manobrou,
desdobrou, fez e desfez com suas "ordens e ações". Foi um verdadeiro
chefão político nas terras acariense até passar, em 1868, seu poder político
para o
Coronel Silvino Bezerra de Araújo Galvão, que além de afilhado, era seu sobrinho. Nada diferente do que outros, muitos, coronéis fizeram sucessivamente na 'mantença' do poder regional.
O Governador do rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, nos passa os seguintes aspectos sobre o coronel:
"- alto, forte e notável cavaleiro, era muito respeitado, em todo o Seridó, por suas qualidades de caráter e por sua energia. A estima que gozava entre os seus parentes, e o respeito que soube manter junto ao povo durante sua longa vida, o consagrou como um dos legítimos patriarcas seridoenses(...)neto de Tomaz de Araújo Pereira, primeiro presidente do Rio Grande do Norte, após proclamada a independência do Brasil, irmão do Padre Tomaz Pereira de Araújo, Deputado provincial do Rio Grande do Norte, nos períodos de 1835/37, 1838/39, 1840/41, 1848/49 e 1860/61 e vigário de Acari, durante mais de sessenta anos, concorreu para firmar seu prestigio, que soube manter por uma linha de conduta firme e igual, enquanto viveu(...) ".
Casa Grande da Fazenda Saco do Marins - Foto: George Stephenson Batista
Manoel Rodrigues de Melo, também faz alusão sobre o famoso chefe político,
através do seu livro “Patriarcas e Carreiros ": "(...) João
Damasceno era alto, forte, de força agigantada. Fazendeiro, rico, poderoso,
dono de muitas terras, possuindo cabroeira numerosa e organizada, era, no seu
tempo, uma das maiores influências políticas no município de Caicó(...)".
Em certa época, naquelas quebradas, no Saco dos Martins, apareceu um certo tipo
pedindo-lhe apoio e proteção. O coronel, depois de saber sua 'graça', também
ficou ciente de que o mesmo andava escondido, nas serras, usando as grutas com
refúgio, por estar sendo perseguido por crimes que cometera.
Tratava-se do cangaceiro 'Pereirão'. O coronel deu-lhe apoio e proteção.
colocando-o em suas terras, onde seu poder era total, nada nem ninguém tocava
nele. antes de dar-lhe guarida, o chefe passa-lhe as coordenadas de como deverá
comportar-se e agir daquele momento em diante.
'Pereirão' era meio maluco, não ligava pra nada, nem com nada se importava. Por
diversas vezes foi repreendido pelo coronel, porém, foi não foi, saia da linha.
Tanto que chega um momento que é 'despedido', mandado, pelo próprio coronel
ir-se embora.
Ficando na região, começa a aprontar das suas e, o pior, lasca a língua no
mundo, descendo o 'cacete' em Damasceno, proferindo insultos e outras mais...
O coronel Damasceno não era do tipo que ficava em sua Fazenda, sentado/deitado
na 'preguiçosa', embaixo do alpendre, só mandando. Pelo contrário, era afoito,
corajoso e costumava estar a frente de suas empreitadas. Quando soube do que
Pereirão andava a dizer e a fazer com o povo da região, seus 'protegidos',
resolve prende-lo. aproxima-se do cangaceiro e grita seu nome. Pereirão vira-se
devagar e estende-lhe a mão. Nesse momento o coronel, ao pegar-lhe a mão,
dar-lhe uma chave e o derruba no chão. Pede que alguém traga-lhe uma corda e
amarra o azarada cangaceiro.
Casa Grande da Fazenda Saco do Marins - Foto : George Stephenson Batista
Depois de amarrado, o cangaceiro e levado para a Fazenda Saco do Martins
debaixo de muita pancada. Lá chegando, os homens do coronel dão um "trato
especial" em Pereirão. O coronel manda três de seus homens de confiança
levarem o prisioneiro para a cadeia de Caicó. Naquela cidade norte
rio-grandense, chega a notícia que chegará, preso e amarrado, um cangaceiro
procurado, pelos homens do coronel Damasceno. A notícia chegou, porém, até
hoje, espera-se a chegada do cangaceiro Pereirão naquela localidade.as
autoridades, através do Alfere da Comarca, manda dizer ao coronel que fará uma
visita as suas terras, afim de fazerem uma investigação. O coronel manda a
resposta, pelo mesmo portador:
“Diga ao Alferes que o Saco do Martins só tem uma entrada e não tem por onde
sair”.
Imaginem se o Aferes, ou outra pessoa qualquer, foi 'farejar','fuçar',
alguma coisa naquela propriedade?
Outros 'causos', sobre esse personagem, contaremos depois, "pro'cês"
apreciarem...
Fonte: Ob ct.
Foto: arissonsoares.blogspot.com
http://oficiodasespingardas.blogspot.com.br/2015/10/o-bode-preto-do-serido-por-salvio.html?spref=fb
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário