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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

NELSON LUCAS PIRES

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 08 de setembro de 2017 falecia, em Mossoró, o empresário Nelson Lucas Pires, aos 91 anos de idade. Era casado e tinha seis filhos: Geraldo Nelson Leite Pires, Nelson Lucas Pires Júnior (Nelsinho), Gladys Leite Pires, Gleuma Leite Pires, Gilson Leite Pires e Gisele Leite Pires. Nascido a 09 de fevereiro de 1926 em uma fazenda que fica no município de Coremas, no Estado da Paraíba, sendo filho primogênito do fazendeiro e comerciante João Pires de Lacerda e da professora Ana Lucas de Almeida, ambos paraibanos. Além de Nelson, o casal teve ainda mais três filhos. 


Nelson Pires trouxe em seu sangue uma herança comercial que vinha não apenas do seu pai, mas que remetia a um de seus bisavôs, Francisco Pires de Souza, português, vindo ao Brasil para negociar com maletinhas de ouro. Iniciou seus estudos em sua terra natal, Coremas. Ainda na adolescência, passou a ajudar o seus pais em uma mercearia da família.  Trabalhou, em seguida, nas Lojas Paulistas, do Grupo Ludrig, onde chegou buscando se familiarizar com o ramo de tecidos, um de seus fascínios. Já rapaz seguiu para Campina Grande/PB, para continuar os seus estudos e, claro, trabalhar. Tempos depois, convocado pelo pai, regressou a Corema, para gerir seu próprio negócio na área têxtil. Mesmo em uma cidade pequena, o seu tino comercial fez com que o negócio prosperasse ao ponto de se tornar a loja de tecido mais procurada da cidade. Se por um lado isso era bom, por outro não, haja vista que a outra loja do mesmo ramo pertencia ao seu pai que a comandava juntamente com os seus outros três filhos (Manoel Lucas Pires, Ney Lucas Pires e Neli Lucas Pires). Para evitar a falência do seu pai e irmãos, Lucas Pires preferiu tentar a sorte em outra praça. Pensou primeiramente em Fortaleza, no Ceará, chegando até a apalavrar a compra de um ponto comercial. Mas o negócio acabou não dando certo, pois o proprietário desistiu da venda. Passou então a analisar outras cidades que lhe oferecesse a oportunidade que procurava. Voltou os seus olhos para a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, da qual havia recebido boas recomendações. E aqui abrimos um parágrafo para falar da posição geográfica de Mossoró: Equidistante de duas capitais, Natal e Fortaleza, ao mesmo tempo que se localiza entre o mar e o sertão, o que a torna um polo por excelência de comércio, abastecendo não só a região do Oeste potiguar, mas também parte da Paraíba e do Ceará. Talvez na ocasião o futuro comerciante ainda não conhecesse esses dados, mas certamente a sua intuição, seu tino comercial, apontou que aqui era o lugar certo. Teve, é certo, uma ajudinha da Maçonaria para tomar essa decisão. É que ao visitar a cidade, participou de uma Sessão da Loja Maçônica “24 de Junho”, e em conversa com alguns Irmãos sobre o motivo de sua visita à cidade, ficou sabendo que um Irmão daquela Loja estava com um ponto comercial a venda. E logo trataram de apresenta-lo a esse Irmão, o que resultou na compra do referido ponto comercial. A visita que fez a Loja “24 de Junho”, em Mossoró, tinha um motivo: Nelson Lucas já era Maçom. A motivação para pertencer a Sublime Ordem surgiu de suas idas a João Pessoa, Capital da Paraíba. Como católico fervoroso, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, devoção que herdou da mãe, frequentava na Capital Paraibana uma igreja que ficava próxima a uma Loja Maçônica. Resolveu então escrever para essa Loja, candidatando-se a ingressar na Maçonaria. Tinha, na época, apenas 18 anos. Não obteve êxito. Posteriormente, um funcionário do DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Moacir Moura, que morava em Coremas mas que era filiado a Loja Maçônica Augusto Simões Nº 11, na cidade de Patos, Paraíba, sabendo desse desejo de Nelson Lucas, propôs o seu nome para aquela Loja. Dessa forma, em 03 de novembro de 1949, Nelson Lucas foi iniciado na Maçonaria. Depois da visita a Mossoró, retornando a Coremas, tomou as devidas providências para a mudança, de modo que em 07 de fevereiro de 1955 chegava a Mossoró, no dizer popular “de mala e cuia”, ou seja, veio para ficar. E não havia tempo a perder. Com imensa disposição para o trabalho faz com que no mesmo mês de fevereiro surja, no centro da cidade de Mossoró, o Armazém Nova América, de propriedade de Nelson Lucas Pires. Outra providência tomada logo na sua chegada a Mossoró foi filiar-se a Loja “24 de Junho”, que na época pertencia ao Grande Oriente do Brasil, chegando mesmo a empunhar, por certo período, o primeiro malhete daquela Loja, quando, ocupando o cargo de Primeiro Vigilante, ocorreu a licença do Venerável Mestre Francisco Olivar do Monte Lima, que fora eleito para o biênio 1959/1961. Nesse período ocupou também a Presidência do Capítulo “24 de Junho”. Sua vocação para os negócios fez com que o Armazém prosperasse ao ponto de algum tempo depois partir para um empreendimento de maior vulto no ramo da indústria de redes. Surgia assim a “Fábrica de Redes Mossoró”. Com o crescimento da empresa, dois de seus irmãos se associaram a ele nesse negócio. E assim a Fábrica de Redes Mossoró passou a abastecer não apenas o mercado interno, mas todo o mercado nacional. A característica de um empreendedor é de nunca está satisfeito com os seus negócios, e procurar sempre uma maneira de agregar valores aos mesmos. Nelson Lucas sempre foi assim. Como na fabricação de redes eram usados vários produtos químicos para o alvejamento e tingimento dos tecidos, que adquiria em grandes quantidades para as suas atividades, verificou que havia demanda para atender, com esses produtos, outras empresas de menor porte que também necessitavam dos mesmos. Passou a ser distribuidor desses produtos. E o negócio foi tão promissor, que por volta dos anos 90, quando a sociedade com os irmãos foi desfeita, Nelson Lucas montou uma nova empresa de comercialização de produtos químicos e fabricação de saneantes, a Lucas Pires Produtos Químicos Ltda., que foi, até o fim dos seus dias, a sua atividade empresarial. Tudo fruto do conhecimento adquirido com esses produtos. Adquirir novos conhecimentos foi uma constante em sua vida. Para tanto, matriculou-se no Curso de Contabilidade da Escola Técnica de Comércio União Caixeiral. Nesse estabelecimento de ensino foi não só aluno, como professor de Contabilidade Geral, Custos, Análise de Balanço e Economia de Mercado por 18 anos, tendo assumido inclusive a direção da Escola. Mas não parou por aí. Formou-se também em Administração de Empresas e Economia, na hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Foi ainda Diretor Executivo da Fiação Tecelagem de Mossoró – FITEMA, no período de 1960 a 1964, como preposto do Banco do Nordeste e fundador e primeiro presidente do Clube de Diretores Lojistas de Mossoró. Maçom há 68 anos, ajudou a fundar as Lojas: João da Escóssia (atuando como Primeiro Vigilante), Jerônimo Rosado (da qual foi Venerável no biênio 1989/91), Amâncio Dantas, Nival Paulino Pinheiro (Açu), Princesa do Oeste (Umarizal), José Torquato de Figueiredo (São Miguel), Estrela Altaneira (Pendência), Manuel Reginaldo da Rocha (Pau dos Ferros) e Coronel Fausto (Areia Branca, onde funcionou como Primeiro Vigilante) e Sebastião Vasconcelos dos Santos, em Mossoró. Foi também fundador e Presidente das seguintes Lojas Filosóficas que funcionam na Loja Jerônimo Rosado: Loja de Perfeição Eduardo Medeiros, Capítulo Mário Vilar de Melo, Conselho de Kadoshi nº 70 e Mui Poderoso Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 63. Nelson Lucas Pires já galgou o Grau 33 – Grande Inspetor Geral – o mais alto grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. Foi também agraciado com a Medalha D. Pedro I pelo Grande Oriente do Brasil, tendo vindo a Mossoró uma comissão do poder central do Grande Oriente do Brasil, dirigida pelo então Grão-Mestre Adjunto Marcos José da Silva, para entregar essa comenda. Foi o primeiro, no Rio Grande do Norte a receber essa honraria e o vigésimo, a nível nacional. Foi agraciado também com o título de Cidadão Mossoroense. Estava como representante da Delegacia Litúrgica do Rio Grande do Norte no Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito. A última homenagem da Maçonaria foi entregue, no 21 de agosto de 2017, quando a Poderosa Assembleia Estadual Legislativa fez entrega da Medalha do Mérito Legislativo “O Potiguar”, juntamente com um diploma, por ocasião do Dia do Maçom. Nelson Lucas foi representado por seu filho, Nelson Lucas Pires júnior, que também é maçom. Foi sócio do Lions Club de Mossoró Centro e fundador do Lions Club de Mossoró Abolição; Sócio Benemérito do Rotary Club de Mossoró; Sócio do Clube Ipiranga de Mossoró; Diretor da ACDP – Associação Cultural e Desportiva Potiguar. Por tudo isso, Mossoró chora a sua morte. Por seus feitos, bem que poderia repetir o texto bíblico: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”. 

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