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sexta-feira, 24 de abril de 2020

“POR QUE NÃO EXPERIMENTA CANTAR?”

*Rangel Alves da Costa

“Por que não experimenta cantar?”, perguntou o passarinho preso perante o seu dono entristecido Uma imagem, do tipo charge no Facebook, me chamou atenção.
Nela, um homem entristecido diante das grades de sua janela, amargando as tristezas e a solidão do isolamento, é perguntado pelo passarinho que está logo atrás aprisionado numa gaiola: “Por que não experimenta cantar?”.
O passarinho também poderia perguntar: “Acha que canto por felicidade ou pra passar o tempo, ou por que minha tristeza é tão grande que me ponho a cantar para aliviar as angústias e desilusões?”.
“Por que não solta a voz e reinventa um sozinho ao invés de ficar todo entristecido perante as grades da janela? Olhe aqui, olhe pra trás e veja que não é apenas você que está diante de grades”.
“Então, já que está assim entristecido, nada melhor que tentar um longo e belo canto. Muitas vezes, mesmo sabendo de minha situação de prisioneiro, você vem aqui me pedindo, e até exigindo que eu cante. Então por que não experimenta cantar?”.
Diálogos possíveis a partir de uma imagem. Uma imagem que é uma metáfora de tão contundente. É como se o passarinho quisesse dizer muito mais: “É boa a sensação de estar se sentindo como um prisioneiro dentro de uma gaiola?”


“Estar atrás de uma grade, sem poder ter a liberdade de sair e fazer o que quiser, causa tamanho entristecimento? E você já imaginou como eu me sinto aqui aprisionado nessa gaiola?”
“Quando eu canto, então você acha que estou alegre, que me sinto bem dentro da gaiola, que me traz contentamento estando preso. Então também procure cantar diante da grade de sua janela, quem sabe assim irão imaginar que você está muito feliz!”.
Contudo, eu diria mais. Diria que somente nos instantes de tristeza e de dor, de necessária reclusão e falta de uma porta aberta para o mundo da liberdade, o ser humano passa a meditar sobre o que poderia fazer diante de outra situação.
Mas deveria refletir muito mais acerca da importância de se estar livre e do que fazer com a liberdade que lhe é concedida como atributo humano. E não só deixar o pássaro livre para voar e viver o seu mundo na natureza, mas igualmente permitir que as liberdades dos outros sejam respeitadas, que se dê a importância exata ao que o outro merece ter.
E também usar da liberdade futura para o bem maior de si mesmo e de todos. É que - e quase sempre - não há canção saindo da voz que faça alegrar um coração perverso ou pesaroso. Preciso será que se permita primeiro a alegria interior, através da liberdade de consciência.
Todo canto será bem-vindo e bem ouvido. Contudo, um canto com asas de liberdade, de paz e contentamento.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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