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sexta-feira, 25 de maio de 2012

“ICONOGRAFIA DO CANGAÇO” TRAZ REVELAÇÕES SOBRE LAMPIÃO

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São 180 fotos e mais um DVD que ajudam a entender como Lampião se tornou um mito popular nacional

A saga de Virgolino Ferreira da Silva, o conhecido Lampião (1898-1938), é talvez uma das mais importantes e conhecidas da história brasileira. Envolto em lendas e verdades, o Rei do Cangaço povoa até hoje o imaginário nacional. Mas a trajetória desse fenômeno social remonta ao século 18, quando bandos de cangaceiros passaram a se formar no Nordeste.

Segundo o escritor e jornalista Moacir Assunção, “o fato de nos lembrarmos mais de Lampião quando falamos em cangaço é porque ele e homens como Corisco, Zé Baiano, Zé Sereno e Luiz Pedro, viveram em uma época na qual já existiam veículos de comunicação de massa, como as revistas, o cinema em sua plenitude e os jornais, além de livros, já distribuídos no interior nordestino, e da rica gesta da literatura de cordel”, escreve no livro.

Além disso, podemos dizer que Lampião se beneficiou da invenção que se tornou a expressão da modernidade no começo do século 20: a fotografia. Parte desse acervo iconográfico foi organizada por Ricardo Albuquerque e está no livro Iconografia do Cangaço, que será lançado nesta terça-feira, 08, em São Paulo.

A relação de Ricardo com essas imagens não se deu por acaso. Foi seu avô, Adhemar Albuquerque, que ensinou o libanês Benjamin Abrahão (1890-1938) a fotografar e filmar na década de 1930: “Meu avô nunca foi profissional, mas gostava de fazer cinema e documentários. Gostaria ele mesmo de ter filmado e fotografado Lampião, mas trabalhava como caixa num banco e seu chefe não o liberou”, conta em entrevista por telefone. “O jeito então foi munir Benjamin Abrahão de equipamentos e encomendar o material.”

O encontro dos dois se deu em 1934, por conta da morte do Padre Cícero, de quem Abrahão tinha se tornado secretário. Adhemar Albuquerque viajou até Juazeiro para filmar o funeral e foi ali que se conheceram. A primeira tentativa foi um fracasso: “Os filmes ficaram todos velados e Abrahão os colocou na sua mochila junto com a comida. Até formiga tinha”, conta Ricardo. O jeito foi convencer Adhemar que valia a pena mais uma tentativa. E assim foi feito. Desta vez, o precursor do cinema se certificou de que não haveria erros.

O mascate libanês, cuja trajetória foi documentada no filme Baile Perfumado, se torna então quase por acaso e por interesse financeiro, o documentarista do bando do Lampião. Antes disso, porém, foi necessária uma carta do próprio Lampião autorizando a empreitada.

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