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sábado, 13 de abril de 2019

.TRECHO DO LIVRO MEMÓRIAS SANGRADAS, A SER LANÇADO, SOBRE A SAGA DOS CANGACEIROS NOS ANOS 20 E 30.


Foto e texto de Ricardo Beliel

Bom de prosa, Zé de Olindo nos diz "Zé Sereno e Sila se casaram na Serra Negra e depois se entregaram apoiados por meu pai Antonio Olindo. Corisco quis se entregar para meu tio João Maria, mas preferiu fugir e Zé Rufino, que era da Serra Negra saiu na perseguição. Os cangaceiros aqui não ficaram na cadeia. Foram para a casa de Chico Capitão, que era comerciante de peles, porque tinham medo de vingança, mas viviam nas ruas. Soltos. 

Era muita curiosidade da gente. Todo mundo queria ver como eles eram. Curiosidade e um pouquinho de medo. Mas Cajazeira e Diferente fugiram. O Cajazeira, que era filho de um coiteiro, o Julião, depois foi candidato a prefeito de Poço Redondo, apoiado por meu tio, mas perdeu e depois roubou as urnas. Para se vingar do prefeito, o Artur, contratou dois pistoleiros, mas quando ele tratou com os dois, o Eron e o Alfredão, eles já estavam entabulados com o outro lado e mataram ele. Cajazeira tinha sobrevivido ao Angico e era casado com Enedina, que morreu no cerco. Depois ele se casou com a irmã dela".

João Capoeira irmão de Enedina e de Estela, a segunda mulher de Cajazeira, tinha agrado por Zé de Julião, como era conhecido Cajazeira entre os seus, e nos conta em sua pequena casa de dois cômodos em Poço Redondo, amparando seus 106 anos num pau de muleta, que "todo mundo aqui queria que ele fosse prefeito, mas o governo não aceitou não. 

O Eronides que foi governador lá na capital, queria outro. Ele pelejou, mas não teve jeito". Julião, um bem sucedido dono de fazendas e pai de seu cunhado, tentou de tudo para tirar da cabeça do filho, Zé, o desejo de se aventurar na companhia dos cangaceiros. "Minha família era pobre e o Zé era fazendeiro. Nós morava na fazenda deles, de nome Jiquiri. 

O pai dele dava tudo para o filho não entrar nessa vida de bandido, pediu para ele escolher uma das quatro fazendas e até uma casa em Aracaju, em todo canto, mas não teve jeito. Terminou de fazer o casamento com minha irmã e os dois foram pros lados dos cangaceiros. 

Ela morreu no fogo, mais Lampeão. Lampeão não era conforme o povo dizia. Era um hominho, respeitador de todo mundo". Seu João Capoeira não seguiu os passos e percalços de Enedina, ainda muito jovem preferiu dar ouvidos às palavras de sua irmã mais velha, "não caia nisso não. É só pra nós que já estamos perdidos, pois que cangaceiro é comida de bala".

(Depoimentos de Zé de Olindo, em Jeremoabo, e João Capoeira, em Poço Redondo).

Infelizmente eu perdi a fonte da "página no facebook", mas me parece ser do pesquisador Voltaseca. Depois de tudo pronto para postagem a página desapareceu da tela.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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