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quinta-feira, 4 de julho de 2019

PAVILHÃO DO MUSEU DO SERTÃO SOBRE AS ATIVIDADES PROFISSIONAIS


Por Benedito Vasconcelos Mendes - (Continuação)
Benedito Vasconcelos Mendes e sua esposa professor Susana Goretti

5. Seleiro

O seleiro era o artesão que trabalhava com couro para a confecção de arreios, selas e seus acessórios (gibão, carona, chicotes, esteiras de forrar sela, bruacas, peias, mochilas e outros objetos de couro), quase todos utilizados no trabalho do vaqueiro. Para se defender dos espinhos das plantas da caatinga, o vaqueiro nordestino usava uma vestimenta especial de couro, como se fosse uma armadura, conhecida por véstia ou gibão. É o único vaqueiro, do Brasil e do mundo, que teve a necessidade de se proteger da vegetação garranchenta e espinhenta na lida com o gado. Uma das principais características da cobertura vegetal do sertão do Nordeste é ser esgalhada e ter muitos espinhos, daí a necessidade do vaqueiro desta região ter uma indumentária própria (véstia de couro).

As peças de couro feitas pelos mestres seleiros do passado eram bonitas, bem acabadas e resistentes. A sela de montaria e seus apetrechos (chicote, alforje, carona, bandoleira e manta), às vezes, eram feitos com muita arte, bem trabalhados, com belos bordados. Dizia-se que pela riqueza de detalhes da carona se sabia se o cavalheiro era rico ou não.

A véstia de couro curtido de veado catingueiro, de couro de bode ou de vaqueta era formada pelo gibão (casaco), peitoral (guarda-peito), perneiras com joelheiras de sola, luvas, guarda-pés e chapéu de couro. A véstia tinha a coloração amarronzada, de cor uniforme e fosca (sem brilho).

Além desses trabalhos, o mestre seleiro fazia e consertava peças de montaria e confeccionava arreios para animais de sela e de carga (cabeção, cabresto, cilha etc). Não raramente, o próprio seleiro também curtia o couro, usando a casca de angico como fonte de tanino. 

Dependendo do trabalho a ser executado, ele usava couro curtido com ou sem pelos.

6. Oleiros de tijolo e telha de barro.

A olaria de tijolo e telha de barro fabricava, artesanalmente, estes produtos, que eram conhecidos por tijolos e telhas comuns. Localizavam-se nas margens dos rios e riachos intermitentes, onde existiam barreiro, água e madeira para lenha, usada para a queima destes produtos cerâmicos. Depois de aguado e amassado com os pés, o barro era colocado nas formas de madeira, para formar os tijolos e as telhas, que eram secos ao sol e depois queimados no forno à lenha. Tijolos crus, às vezes, eram utilizados nas construções, mas eram considerados de péssima qualidade, pois a queima petrifica o barro e dá-lhe alta resistência e durabilidade. Quanto ao tamanho das telhas e dos tijolos, este variava conforme o tipo da forma de madeira (grade), mas a preferência era por tamanho grande.

Para piso de residências e de outras construções, usava-se um tipo especial de tijolo conhecido por ladrilho, de formato quadrado, de superfície muito lisa, de cor avermelhada, bem queimado e de bom acabamento. Além do modelo quadrado, existiam outros formatos de tijolo para piso: retangular, triangular e sextavado. Para a construção das grandes lajotas quadradas (50 cm x 50 cm), usadas no piso dos fornos das casas de farinha, utilizava-se barro de boa qualidade e bem cozido. As telhas, as lajotas e os tijolos crus possuíam coloração esbranquiçada mas, após serem queimados, tomavam a coloração vermelha viva. O barro era molhado e pisoteado e, depois de bem amassado, colocava-se areia lavada para dar mais consistência, diminuir a liga e não rachar. A argamassa de barro usada para levantar paredes de tijolos comuns era de grande durabilidade. O reboco das paredes era feito de cal, batida no cacete e curtida. Misturava-se a cal com areia lavada e batia-se a mistura com um cacete de madeira pesada e resistente, de mais ou menos um metro e meio de comprimento e da espessura de uma garrafa de cerveja. Depois de batida, a mistura de cal era deixada em repouso por alguns dias para curtir.

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