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domingo, 10 de abril de 2011

Dois valentes cangaceiros

Por: Ângelo Osmiro Barreto



            O ano é l935, o sertão nordestino mais uma vez, é assolado por uma terrível seca. No interior baiano os cangaceiros chegam a um lugar chamado Curaçá, ao encontrarem uma fazenda fazem pouso para aliviar a fome e a sede do grupo.
           Comem, bebem e parecendo incansáveis começam uma dança embaixo de alguns juazeiros que ficavam na frente da casa grande e alpendrada da fazenda sertaneja.
Lampião
            No alpendre amplo da casa havia três potes cheios de água. Para evitar a poeira que vinha do baile improvisado, Lampião tratou de mandar cobrir as bocas dos potes com panos, tendo o cuidado de dizer para atar-lhes a boca para não voar, mas todas as vezes que algum cangaceiro vinha beber água não fechava como havia encontrado, fato este que irritou muito Lampião, que aos gritos começou a reclamar daquela atitude dos cangaceiros, inclusive de Ângelo Roque, o Labareda que estava deitado perto dos potes com sua mulher, a cangaceira Mariquinha, que a tudo ouvia.

 

Ângelo Roque - O cangaceiro Labareda
-Você num me respeita cabra?

             - E esse peste?! O que tá fazendo aí, que não vê isso. Falou Lampião asperamente.
              Labareda nada respondeu. Pouco tempo depois se levantou e sem ninguém esperar quebrou os três potes com o coice de seu mosquetão, e voltou a deitar com sua mulher como se nada tivesse acontecido.
             Após alguns instantes chega o cangaceiro ZÉ BAIANO para beber água, e fica surpreso com os potes quebrados e pergunta quem foi.
Zé Baiano
               Ângelo Roque responde:
               -Fui eu. Por que?
              Zé Baiano nada disse, simplesmente se retirou e foi à procura do chefe para contar o acontecido.
              Lampião se dirigiu ao local, onde Labareda já o esperava de pé. Lampião zangado, perguntou:
              -Quem quebrou os potes?
              -Fui eu. Respondeu o cangaceiro Ângelo Roque.
              A situação ficou tensa, os nervos à flor da pele, são dois valentes homens, prestes a medir suas forças.
              O chefe voltou a perguntar:
              -Você não me respeita mais não?
             - O tanto que você me respeita. Respondeu ÂNGELO ROQUE, desafiando o chefe, dizendo de pronto que com seu mosquetão cheio de balas, não tinha medo de homem nenhum no mundo.
             LAMPIÃO destemido como seu comandado, levantou a arma ao mesmo tempo LABAREDA a sua também ergue; os dois ficam por alguns instantes a se olharem, a morte rondou o local, todos os demais cangaceiros ficaram calados, esperando o pior.
Ficheiro:Virgínio Fortunato e bando NH.jpg
Vírgínio está no centro da foto
              Neste momento, o cangaceiro VIRGINIO, cunhado de Lampião, interveio entre os dois, e grita que acabem com aquela briga, pois já não bastavam os macacos a lhes perseguir e brigar, agora eles companheiros das lutas cangaceiras, discutindo por motivos banais, prestes a se matarem.
             Os dois homens valentes se olharam e deixando o dito pelo não dito, a coragem de ambos ficou comprovada, por pouco não acabando em tragédia para o bando aquele dia de l935.
Lampião é o de baixo
              Em 1938, Lampião foi morto na fazenda Angico, estado de Sergipe. Após a morte do chefe, Labareda se entregou as autoridades, sendo depois anistiado pelo governo do Presidente Getulio Vargas.
Getúlio Vargas
             Reintegrou-se a sociedade através da ajuda do médico baiano Estácio de Lima, diretor da Casa de Detenção em Salvador, onde o cangaceiro esteve preso. Tornou-se Funcionário Público exemplar, jamais voltando a praticar qualquer tipo de delito. Faleceu já em idade avançada no estado da Bahia.
             ÂNGELO OSMIRO é Presidente da Soc. Brasileira de Estudos do cangaço -SBEC. Pesquisador e escritor do cangaço e Membro efetivo da ALMECE.

OBS: AS FOTOS, ACIMA POSTADAS , FORAM POR MIM INSERIDAS, NO INTUITO DE ENRIQUECER A BRILHANTE MATÉRIA DO AMIGO " Dr. ANGELO OSMIRO ".

Um abraço a todos.
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC

2 comentários:

  1. Escritor Ângelo Osmiro e Doutor Ivanildo:

    Não é a minha intenção de fazer uma publicação dos senhores com algumas falhas. Mas como o sinal está péssimo, ouve um trocadilho no diálogo e mudança de fonte. Mas assim que o sinal retornar sem problemas, eu irei refazê-la novamente, pois esta é a minha vontade.

    José Mendes Pereira

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  2. Anônimo22:25:00

    Excelente postagem amigo Mendes.

    Gostaria que enviasse o seu endereço de email para trocarmos informações como também tirá dúvidas das histórias do cangaço nordestino, segue o meu: netosilva_1@yahoo.com.br
    netoeeliza@gmail.com

    Atenciosamente,
    Neto

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