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sexta-feira, 11 de maio de 2012

DIÁRIO DO CORONEL

Por: Cezar Alves
Coronel Antônio Gurgel tendo ao lado o filho e a esposa (Foto reproduzida do livro Nas Garras de Lampião).

Refém, Antônio Gurgel conquistou o respeito do bando

O coronel Antônio Gurgel, sabendo da aproximação do bando de Lampião a Mossoró, se dirigiu a localidade Brejo, no município de Apodi, aonde atualmente é o município de Felipe Guerra. Perto de São Sebastião, hoje Governador Dix Sept Rosado, foi capturado pelos cangaceiros junto com seus dois irmãos.

Para o bando entrar em Mossoró, o coronel foi a frente dos cangaceiros, servindo de escudo humano. “Quando atravessamos o rio, disse Sabino para mim: ‘Você é o nosso ministro da guerra. Vai na frente, porque assim ninguém atirará’”, escreveu Antônio Gurgel, em seu diário publicado no livro nas Garras de Lampião.

Exatamente o mais violento do bando, Sabino, se mostrou mais companheiro e até amigo de Antônio Gurgel. O que havia lhe capturado, identificado por Coqueiro, também passou a confiar nele, chegando ao ponto de lhe devolver o cinturão e a pistola (sem balas) quando passava por Limoeiro do Norte.

Depois de dois combates violentos com policiais cearenses e paraibanos, na região que hoje é Nova Jaguaribara, no Ceará, Sabino e o próprio Lampião, decidiram liberta-lo sem o pagar o resgate juntamente com a senhora Maria José Lopes, que havia sido a primeira refém do bando em terras potiguares.

Antes, o outro refém Joaquim Moreira da Silveira, havia sofrido muito nas mãos dos cangaceiros. Joaquim foi liberado perto de Limoeiro mediante pagamento 30 contos de réis.

Com Antônio Gurgel e Maria José, Sabino agia diferente. Quando foi para liberta-los, o cangaceiro os levou até um local seguro, aonde os dois poderiam conseguir socorro com segurança e facilidade. Na despedida, o cangaceiro ainda lhe deu um pedaço de queixo e 100 mil réis. Dona Maria José recebeu do bandido 60 mil réis e um pedaço de queixo. Os últimos dias como refém de Lampião, foram de fome, cede e presenciando intensas trocas de tiros.

Do dia 12 ao dia 25, na companhia de Lampião, Antônio Gurgel conta que dormiu no chão sem agasalho, não tomou banho, nem trocou de roupa. Apenas recebeu um par de meias de um dos cangaceiros. Até serem encontrados por Manuel Herculano da Cunha, da cidade de Letrado; e Agapito Fernandes Maia, da cidade de Boqueirão; os dois passaram fome e cede. Agapito e Herculano levaram os dois para Letrado, de lá seguiram viagem para Mossoró. Antônio Gurgel virou notícia nacional.

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