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sexta-feira, 22 de março de 2013

Mascotes "Os cães" em Angico

Por: Sabino Bassetti

No ano de 2011, no evento que comemorava os "100 anos" de nascimento de Maria Bonita, na cidade de Paulo Afonso BA, evento promovido pelo nosso amigo e grande pesquisador, o escritor João de Sousa Lima, eu, e o Carlos  Megale, aproveitamos para fazer o lançamento do livro, "Lampião. Sua morte passada a limpo", que escrevemos em parceria. Alguns participantes do evento, insistiram em perguntar por que "os cachorros treinados" que estavam em Angico, não deram o alarme alertando assim os cangaceiros da chegada da volante que então se aproximava.

De fato, diversos bandos de cangaceiros possuíam cachorros, mas é preciso que se diga que em Angico só havia um cão, o "Guarani", que era de Lampião e que não era treinado coisa nenhuma, aliás, cangaceiro nunca teve cães treinados, adestrados ou seja lá o que for.

 O cão Guarani à direita

Ângelo Roque chegou a dizer em depoimento que os cães dos cangaceiros só não falavam porque Deus não permitia, mas, isso era mania de vários cabras sobreviventes tentarem engrandecer as coisas do cangaço, e não economizavam para aumentar e engrandecer tudo que se relacionava com o cangaço. E Ângelo Roque, também conhecido como "Labareda" usou e abusou do direito de não dizer a verdade,  caprichou em dizer coisas que ele jamais presenciou, e lugares que nunca esteve durante todo o tempo que esteve no cangaço.


De acordo com o ex cangaceiro Candeeiro, os cães que acompanhavam os cangaceiros, igualmente a qualquer cão, tinham naturalmente a percepção muito mais apuradas que o homem, mas nada de adestrados ou coisa parecida. Talvez o cão de nome Guarani, que durante o combate foi morto pelo soldado Santo em Angico, devido o friozinho que fazia naquela madrugada, tenha dormido junto a algum cangaceiro e não tenha notado a aproximação dos soldados. Guarani poderia também ter acompanhado os quatro cabras que pouco antes haviam deixado o coito e ido buscar o leite na fazenda Logradouro de Júlio Félix,  e ao ouvir os tiros, tenha retornado para junto do dono como é costume desse tipo de animal. Mas a verdade, é que hoje é muito difícil saber o que realmente tenha ocorrido com esse cão antes dele ser morto.

Alguns daqueles que nos fizeram tal pergunta, deixavam transparecer que pelo fato "dos cães" não terem dado o alarme, teria havido alguma "maracutáia" entre coiteiros, cangaceiros e policiais, ou seja, os cangaceiros teriam sido envenenados, ou então teria havido uma trama entre a polícia e coiteiros para Lampião sair com vida naquela ocasião. Parece mentira, mas depois de tanto tempo, depois de tanta informação, tanta pesquisa, ainda tem gente que acredita que Lampião não tenha morrido em Angico, que tenha sido envenenado, ou então tenha morrido de maneira completamente diferente e talvez em outro local e claro, e em outra data. É de lascar!

Os cangaceiros sempre tiveram cães que os acompanhavam, e por inúmeras vezes as volantes atacaram os cangaceiros de surpresa, mas, não se tem conhecimento que sequer uma única vez, qualquer cão tenha dado o alarme avisando os cabras da aproximação do inimigo, salvando assim qualquer grupo de cangaceiros. Em fevereiro de 1938, na fazenda Grande, (e não Grade com já disseram) situada na região de Inhapi AL, parte da volante do tenente João Bezerra chefiada pelo cabo Juvêncio, eliminou os cangaceiros Serra Branca, Ameaça e Eleonora.

 Corisco ladeado por "Seu Colega" e a cadela "Jardineira".

Nessa ocasião, os soldados foram alertados da aproximação do pequeno grupo de cangaceiros, pelo cão que pertencia aos cabras que caminhavam em direção a uma cacimba onde coincidentemente estavam os soldados. Quando os soldados viram o cão que estava com uma coleira, logo desconfiaram que pudesse pertencer a cangaceiros, desconfiaram e acertaram em cheio, tomaram posição e quando os cabras apareceram foram alvejados pela pequena volante.

É evidente, que os cangaceiros como a maioria das pessoas, possuíam cães por gostar desse tipo de animal,  por gostar de sua companhia, e não pela utilidade de guardiões que eles poderiam ter para o bando.


Sabino Bassetti é paulista da cidade de Salto. Está no encalço de Lampião desde os tempos da brilhantina e é um dos responsáveis por uma das melhores pesquisas de toda literatura cangaceira, cuja capa está aí ao lado. Um livro que você precisa ter ou ao menos ler. Tem 192 paginas, custa R$ 40,00 (Quarenta reais) com frete incluso para todo o Brasil. E você pode adquiri-lo através do email franpelima@bol.com.br ou pelos tels. (83) 9911 8286 (TIM) - (83) 8706 2819 (OI).

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