Por José Mendes Pereira
Preservar os
verdadeiros nomes dos personagens que figaram neste artigo é preciso.
Foi lá pelos
anos 70, não tenho lembrança em que ano isto aconteceu, não
em Mossoró, mas em suas terras.
De todos os
empregados da “Firma & Cia” João Capistrano era um dos mais responsáveis, e
até apostava no crescimento galopante da firma, cumprindo tudo que era
necessário pelo crescimento da empresa, e como desejava o seu bom andamento
produtivo, nada lhe era difícil, até chegava ao trabalho 1:00 hora antes
do início das atividades para todos.
João
Capistrano tinha uma boa conduta, motorista de primeira categoria, amigo do
patrão, do pessoal administrativo, dos colegas de trabalho, enfim, João não era
qualquer um, e apesar de não ter participação nos lucros da empresa, João era
considerado um dos seus dirigentes.
Mas o João há
meses ou talvez anos que vinha traindo os seus superiores. Não prestava contas
de acordo com o que recebia dos fregueses, alegava que o restante seria pago na
próxima entrega. E assim continuava enganando os seus superiores.
Já não tendo
mais condições de fornecer mercadorias aos comerciantes, os sócios entraram em
acordo que, na próxima viagem para entregar mercadorias, um deles iria
acompanhar o João, só assim, este, conversaria com a freguesia,
explicando o motivo da suspensão de mercadorias, vez que a
empresa não tinha mais condições para fornecer aos mesmos, pois estava faltando
recursos para a compra de matéria prima para a sua fábrica.
Ao tomar
conhecimento da reunião que acontecera entre os dirigentes da empresa, o João
não gostou, alegando que eles deixaram de acreditar na sua palavra. E como o
grupo de dirigentes da empresa tinha o João como um operário exemplar, talvez
padrão, disse-lhe que nada era pessoal, apenas a empresa não tinha mais
condições de continuar fornecendo mercadorias aos clientes, por falta de
recursos para compra de matéria prima.
O dia
seguinte, o João viajaria para Baraúna, (cidade que já pertenceu à Mossoró), em
companhia de um dos dirigentes da empresa, o Carlos Couto, sócio minoritário da
empresa, e agora o João teria que se virar, pois o seu feito de desonestidade,
estava preste a ser descoberto. A noite anterior, o João não dormiu, só
pensando como iria se livrar da situação que ganhara, por sua culpa, por sua
máxima culpa.
Ao amanhecer do
dia, o João dirigiu-se até à fábrica, e lá já encontrou o Carlos
Couto, que seguiria com ele até a cidade de Baraúna, um dos lugares que a
empresa abastecia mercadorias aos comerciantes, e lá, era onde estavam os seus
maiores devedores.
O carro já estava carregado, mas com poucos produtos. O Carlos Couto ocupou a cabine do carro. O João entra no automóvel e liga o carro, e toma direção ao lugar de destino. No percurso, nenhuma palavra saiu da boca do João, salvo quando o Carlos Couto lhe perguntava algo. E geralmente as respostas eram em tom de abuso.
O carro já estava carregado, mas com poucos produtos. O Carlos Couto ocupou a cabine do carro. O João entra no automóvel e liga o carro, e toma direção ao lugar de destino. No percurso, nenhuma palavra saiu da boca do João, salvo quando o Carlos Couto lhe perguntava algo. E geralmente as respostas eram em tom de abuso.
Finalmente
chegaram ao município de Baraúna. O João estava nervoso. Logo no primeiro
comerciante, Carlos Couto já começou a notar a desonestidade do João
Capistrano. Apresentada a nota de dívida, o comerciante disse-lhe que não
estava devendo nada ao João. E tudo que ele comprava, era a dinheiro. Mais
outros e outros, todos confirmaram que não eram devedores à empresa.
O João estava
inquieto, não tinha mais como se defender. Ninguém lhe devia. O Carlos Couto já
não entendeu mais nada. O homem que sempre foi de confiança, agora era um
verdadeiro ladrão, caloteiro, safado...
O João aceitou
todas as palavras grosseiras que o Carlos Couto disse contra si. Não
tinha como reverter esta situação desonesta. O Carlos Couto resolveu
voltar logo para Mossoró, porque seria inútil acusar os seus fregueses de
devedores. Comprovada a desonestidade do João o empresário pediu que
seguisse a estrada de Mossoró.
João
Capistrano tomou à estrada, e durante o percurso, nenhuma palavra saiu da sua
boca, apenas remoía a decepção da sua desonestidade dentro de
si. Já rodado alguns quilômetros, o Carlos Couto pediu para o
João parar o carro, pois estava com a bexiga cheia. Precisava esvaziá-la. João
obedeceu e logo parou o carro no acostamento. O sócio da empresa desceu e
afastou-se um pouco da estrada. Dá início a sua necessidade fisiológica.
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João desceu e
dirigiu-se ao patrão. E sem mais imaginar, atirou nas suas costas.
O Carlos
Couto dá um enorme grito, e vendo o João com uma arma na mão, coisa que
ele jamais esperava isso dele, disse-lhe:
- Você
enlouqueceu João? Você me matou, João!
João quer
terminar o serviço, apontando a arma para o homem que já estava morrendo.
O homem ainda
lhe implorou:
- Não atire
mais, João! Eu...
E com o ódio
na sua mente, apertou o gatilho outra vez, disparando o segundo tiro
fatal. Ao vê-lo morto no chão, João arrependeu-se. Matou um homem que
muito lhe ajudou.
Agora não era mais as contas que os seus fregueses lhe deviam, aliás, nenhum lhe devia. Tinha que organizar a sua defesa. João arrastou um canivete do bolso e cortou a sua própria testa, para fingir que fora assaltado. Em seguida, deu um tiro em sua coxa. Mesmo sangrando, seguiu a estrada de Mossoró, dirigindo com dificuldade. O sangue que saía da coxa o incomodava muito. As dores eram cruéis. A testa estava toda banhada de sangue.
Agora não era mais as contas que os seus fregueses lhe deviam, aliás, nenhum lhe devia. Tinha que organizar a sua defesa. João arrastou um canivete do bolso e cortou a sua própria testa, para fingir que fora assaltado. Em seguida, deu um tiro em sua coxa. Mesmo sangrando, seguiu a estrada de Mossoró, dirigindo com dificuldade. O sangue que saía da coxa o incomodava muito. As dores eram cruéis. A testa estava toda banhada de sangue.
Lentamente vem
ele tangendo o carro para Mossoró, devagar, com cuidado. Sentiu um mal estar, e
ao longe, avistou um veículo que vinha em sua direção. João resolveu parar o
carro para ser socorrido pelo motorista que guiava o automóvel. Tinha que sair
da sua cabine antes do carro que se aproximava. Do contrário ele não pararia.
Já bem
próximo, o condutor do carro observou que a sua cara estava banhada de sangue.
Mesmo temendo, resolveu parar para saber o que estava acontecendo.
João disse que
fora assaltado, e que vinha fugindo. Os assaltantes mataram o seu amigo, no
caso, o Carlos Couto. Como ele ainda estava dentro do carro, os
assaltantes não conseguiram matá-lo.
O homem
resolveu colocá-lo dentro do seu automóvel e voltou para Mossoró, deixando-o
internado em um dos hospitais da cidade.
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A polícia
tomou conhecimento do suposto assalto. E foi de encontro ao corpo
do Carlos Couto que estava à beira da estrada. As emissoras de rádio
e jornais chegaram lá. A perícia também estava lá. Depois de feito os ajustes
no cadáver, removeram-no para o ITEP de Mossoró.
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João
continuava hospitalizado, mas não iria se demorar. O ferimento que sofrera na
testa não foi grave, apenas o tiro sofrido na coxa, precisava de uma pequena
cirurgia.
No leito
hospitalar João preparava a sua defesa. E ao sair do hospital, foi prestar o
seu depoimento à polícia. João caiu em contradições várias vezes. Após de tudo,
João confirmou que matou o seu patrão, com vergonha, ao saber que ele tomou
conhecimento do dinheiro que vinha desviando da empresa.
João vai a
júri, Infelizmente João foi condenado passar 30 anos na cadeia, na Colônia
Penal de Natal.
João era um
preso exemplar, e após alguns anos, ganhou o direito de ficar o dia fora da
cadeia, mas à noite, era obrigado dormir lá.
Mas o João
ainda tinha que enfrentar outras circunstâncias na vida. Alguém, irmão do
assassinado, o Carlos Couto, estava de olho no João. Era uma irmã que não
se conformava com a sua liberdade. E de imediato, contratou um pistoleiro para
executar o João.
João estava
ali bem próximo da Colônia Penal. O pistoleiro acompanhado de outro comparsa,
aproximaram-se do João, e no meio da conversa, almoçaram, beberam, jogaram
sinucas..., e com este aparato todo, o pistoleiro e seu comparsa conseguiram
embriagá-lo.
Já embriagado,
prometeram dá uma voltinha pelas ruas de Natal. Mas a finalidade era tirar o
João dali, e fazer o que para eles era o mais importante. Matar o João.
Ao saírem da
capital, pegaram a estrada que segue para Mossoró, e em meio estradão, entraram
em um matagal. João estava incomodado, e ainda não sabia de nada, mas já
desconfiava, e não sabia para onde estavam caminhando.
O pistoleiro
parou o carro. Os três desceram do automóvel. João pergunta:
- Por que
estamos nestas matas?
Um dos
pistoleiros pergunta:
- Você está
lembrado que matou o Carlos Couto da Firma & Cia?
Com esta, João
já descobriu que iria morrer, e se defendeu dizendo-lhe:
- Lembro-me,
mas já faz muitos anos.
O pistoleiro
arrastou o revólver e apontou para o João, dizendo-lhe:
- Você já
estava sabendo que vai morrer agora mesmo, cabra safado?
João
acovarda-se pedindo por todos os Santos que não o mate.
O pistoleiro
apertou o gatilho, e o João Capistrano caiu morto como um passarinho. Em
seguida, tirou uma faca da cintura, cortou-lhe as duas orelhas, entraram no
carro, e tomaram a estrada para Mossoró. As duas orelhas eram a
comprovação do assassinato do João Capistrano, as quais, tinham que ser
entregues a irmã do Carlos Couto.
Finalmente
João estava morto no meio daquelas árvores verdejantes. De viventes que viram a
execução do João, com exceção dos dois pistoleiros, apenas as
árvores e alguns pássaros que sobrevoavam a pouca vegetação, presenciaram
aquela triste morte de outro ser humano.
Minhas
Simples Histórias
Se você não
gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Caro Mendes: Como suas histórias de ficção parecem muito com histórias reais, e eu não sou um bom interpretador de histórias, gostaria que você me informasse se a história do "João Capistrano" é real, apenas com os nomes dos personagens alterados, ou se é uma das suas criações.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Oliveira - Serrinha
Grande pesquisador Antonio de Oliveira;
ResponderExcluirÉ real, mas eu não usei os verdadeiros nomes para preservar e respeitar a família.
Conheci muito ambos, e até o minoritário da empresa & Cia, cujo não pus o nome real, me deu muitos serviços gráficos, isto é, não para mim, para a empresa gráfica que eu trabalhava, só no intuito que eu ganhasse a comissão, que na época eram 10%. Mas nós, operários da Editora Comercial não trabalhávamos pela comissão, era ordenado fixo. Mas quem arranjasse serviços, ganharia a comissão de 10%.
Como eu conheci o Carlos Coito.
Conheci o Carlos Couto através de uma parenta sua, nós estudávamos juntos. Como nós fazíamos encontros na casa do Carlos Couto, para estudarmos em períodos de provas, tomei conhecimento com o Carlos Couto (nome criado), e ele sabendo das minhas dificuldades (eu havia saído da Casa de Menores), condoía-se da minha situação, isto é vivendo no Sindicato da Lavoura.
Para me ajudar de forma qualquer, Carlos Couto me disse que todos os serviços gráficos da sua empresa (sócio minoritário), seriam feitos por mim (na empresa gráfica). E assim fiquei fazendo todos os serviços de lá, mas lembre os serviços não eram meus, apenas eu os confeccionavam na empresa para ganhar a comissão, que naquela época, a comissão muito me ajudou em relação a alimentos. Esta foi a grande ajuda que o Carlos Couto me deu, nos tempos sofridos que eu passei.
Pois a história sobre o João e o Carlos Couto não é fictício, e sim real.
Felicidade paz.
Mossoró, terra de Santa Luzia.
Rio Grande do Norte.
Muito bem explicado caro pesquisador Mendes. É que eu sou do tipo do humorista da Praça é Nossa: TUDO BEM EXPLICADINHO, logo que essas histórias verdadeiras são de grande utilidade para nossas palestras. Elas ensinam evitar consequências indesejáveis, quando conscientizamos as pessoas.
ResponderExcluirE, pelo seu texto você tem história.....
Agradecido,
Antonio Oliveira - Serrinha