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terça-feira, 8 de julho de 2014

JORNAL “FOLHA DA MANHÔ – 05/10/1938


UM OLHAR SOBRE O INTERVENTOR FEDERAL, DOUTOR  ERONIDES DE CARVALHO
AMEALHANDO O OURO DE SERGIPE

O Dr. Eronides de Carvalho é, sobretudo, um grande humanitário. Esta qualidade corre nas suas veias e, além disto, fora aprendida como lição diuturna no seu lar. O senhor seu pai, é um dos sertanejos mais conhecidos em Sergipe e Alagoas justamente por ser humanitário. Quem adoece na vasta zona sertaneja daquelas bandas sabe que a única farmácia de que dispõe é a casa do coronel Antônio Carvalho. Só existe uma diferença: é que as receitas são aviadas gratuitamente tendo ainda o freguês uns tantos mil réis para o respectivo resguardo. Se se trata de flagelados tangidos pelas secas o remédio é este: casa e comida na fazenda Borda da Mata até que chova. O doutor Eronides sendo filho de tão caridoso pai e vendo, dia a dia, em seu lar, exemplos desta natureza, tinha de ser o que é – um grande humanitário.

Quando o aluno da tradicional Escola de Medicina da Bahia, em campanha que fez época, bateu-se com a coragem que lhe é peculiar, pela melhoria da situação penosa e de quase abandono de certa instituição, vendo, afinal, vitoriosa a causa que esposou. Antes de ser doutorando já era clínico em plena atividade. Suas férias, metade em Capela, metade em Canhoba, eram gozadas em cima d’um cavalo atendendo chamados de clientes pobres. Quando naquela ou nesta cidade, transformava a sala de visita da casa onde se hospedava em consultório movimentado. Assim era o estudante. O médico não mudou de rumo, nem de alma.

Contam-se nos dedos os pobres que não bateram às portas de sua casa ou do seu consultório. Um que não tivesse sido válido, chovesse ou fizesse sol, fosse dia ou noite, morasse longe ou perto, não se encontra para exemplo.

E o jovem médico não ia somente olhar o doente. Retornava à sua casa até registrar a cura. Nessa labuta de abnegação sacrificou sua maior fortuna – a saúde. Para salvar, desinteressadamente, a vida alheia ia perdendo a própria. As preces angustiadas da pobreza salvaram-no.

- No governo tem sido um tremendo combatente em prol da saúde da sua terra. Se dispusesse dum orçamento onde Sua Excelência visse dinheiro de verdade e não minguados contos de réis, a desapiedada foice da Morte criaria ferrugem em Sergipe. É que o talentoso sacerdote da medicina, graças à sua cultura e à longa prática, sabe muito bem “que o que torna os povos poderosos não é o ouro abrigado nas arcas, nem a arma que suplanta as outras armas, nem a couraça que, resguardando um corpo, investe contra outro, nem o artista que cria pelo seu espírito a obra sublime, nem o ardor implacável dos homens implacáveis, mas tão somente a força de cada um, resultante da saúde que representa a alavanca para que o homem possua ouro amoedado, arma, arte e ardor patriótico.

Quem tem saúde cria, luta, defende seu cabedal. O povo sadio tem iniciativa que é o melhor clarim porque canta continuamente dentro d'alma; tem entusiasmo, que é coragem alegre. Guia-se pelo ideal, que é excelso, ama a luz, que é espontânea, preza a virtude, estima a beleza e é bom; dispõe da divina seiva que dá colorido novo a tudo que a seus olhos é dado ver. O povo doente é triste, sorumbático, ferrenho, teimoso e cabisbaixo. Não encara nem céu quanto mais o seu semelhante.” É por tudo isto que aplaudimos a grande obra do Interventor Eronides de Carvalho em bem da saúde dos brasileiros. Ela é digna da ajuda do presidente Vargas, por ser uma perfeita e grandiosa realização do programa humanitário e patriótico do Chefe Nacional.

O Dr. Eronides de Carvalho gastando como tem gasto em prol da saúde do seu povo, não está amealhando o ouro de Sergipe.


Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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