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domingo, 22 de março de 2015

ORIGEM DAS QUESTÕES DE PEREIRA E CARVALHO EM VILA BELA


No início do ano de 1904, assumiu a paróquia de Vila Bela, monsenhor Afonso Antero Pequeno, culto e bravo sacerdote, filho do Cariri cearense.

Desde o ano de 1901, o sul do Ceará vivia um período de inquietação política, que durou por duas décadas. Naquele mundo de canaviais, os coronéis alimentados pela rapadura, fizeram valer a força do bacamarte.

Vindo daquele mundo, mais precisamente do Crato, logo que chegou à Vila Bela, monsenhor Afonso Antero Pequeno, pediu às lideranças políticas locais armas, munição e jagunços para ajudar ao primo, o coronel Antônio Luiz Alves Pequeno na luta pela deposição do coronel José Belém de Figueiredo, que na época ocupava o cargo de vice-presidente (vice-governador) do Estado.

O coronel Antônio Pereira, líder da família Pereira, negou-se categoricamente a participar dessa bravata. A família Carvalho concordou com o Monsenhor em tudo e decidiu mandar Antônio Clementino de Carvalho (Antônio Quelé) com um grande contingente armado, tendo à frente o próprio sacerdote.

Iniciado o tiroteio no mês de junho de 1904, só após 55 horas de combate o coronel Belém recuou e fugiu.

O Monsenhor voltou a Vila Bela, trazendo a ideia fixa de derrotar a família Pereira, na eleição municipal do período seguinte. Mais uma vez o Monsenhor foi vitorioso, participou da eleição municipal, elegendo-se prefeito.

Em uma visita que lhe fizera, na cidade de Vila Bela, Antônio Quelé assassinou em praça pública o delegado de polícia Manoel Pereira Maranhão. No júri de Quelé, além do advogado que contratou, o Monsenhor participou pessoalmente da tribuna de defesa.

Os crimes políticos tanto em Vila Bela como no Crato, tornaram-se mais frequentes e mais bárbaros.

Em Vila Bela, seus correligionários mandaram matar de emboscada um patriarca dos Pereira, o ex-prefeito Manoel Pereira da Silva Jacobina.

A frustração perturbava o Monsenhor de tal maneira que renunciou ao mandato de prefeito, entregando o município ao vice, o fazendeiro José Alves da Silveira Lima, com recomendação de proceder com serenidade.

Logo depois se transferiu para cidade de Garanhuns, onde faleceu.

Antes, porém, plantou no solo fértil de Vila Bela, a semente do banditismo, a qual resultou na formação de grupos de cangaceiros como os de Sinhô Pereira e Lampião.

Daí diz-se que, com monsenhor Afonso, começou a época do obscurantismo no sertão do Pajeú, vigente até 1930.

Fonte principal: Do Livro: Serra Talhada 250 Anos de História, 150 Anos de Emancipação Política.
De: Luiz Lorena
Foto de Monsenhor Afonso Antero Pequeno
Segunda fonte: facebook
Página: José João Souza

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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