Seguidores

terça-feira, 7 de abril de 2015

NO JUÀZEIRO DO PADRE CÍCERO – PARTE I


“...porque Lampião viera ao Juazeiro na boa fé dos tratados.”
GUSTAVO BARROSO
(“Almas de Lama e de Aço”)

LAMPIÃO e seus cabras chegaram ao Juàzeiro do Padre Cícero no dia 4 de Março de 1926, numa quinta-feira.

O portador da carta que lhe mandara o deputado federal Floro Bartolomeu da Costa, convidando-o a apresentar-se no quartel-general dos beatos e cangaceiros, então convertido em sede dos “patriotas” defensores da legalidade do governo Arthur Bernardes, foi um rábula, de nome José Ferreira de Menezes Longe.

Há uma outra versão: de que o padre Cícero, do próprio punho fizera idêntico convite ao bandoleiro, o que pusera Lampião desconfiado por não conhecer a caligrafia do padrinho. A intervenção do fazendeiro Né da Carnaúba, garantindo a autenticidade da carta, apagou a dúvida no espírito de Virgulino.

Outros afirmam que o padre não aprovou a iniciativa do doutor Floro Bartolomeu, mas opôs obstáculos, dominado que sempre foi pelo médico baiano.


Sonhava o padre recuperar Lampião, como fizera, antes, com Sinhô Pereira e Luiz Padre. Dizem que chegaram mesmo, de uma feita, a escrever cartas aos coronéis Ângelo da Gia, de Floresta, e João Novais, do Navio, pedindo-lhes que cedessem em suas fazendas um trato de terra para Lampião cultivar.

Sinhô Pereira e Luiz Padre

Há quem afirme, também, que ao deixar o Juàzeiro, nessa viagem de 1926, Virgulino levava no bolso uma carta do reverendo a um amigo do Maranhão ou Goiais, fazendeiro poderoso, na qual pedia que o acolhesse e o encaminhasse ao trabalho do campo.

Mas ainda: Que Lampião só atacara Mossoró, após sua permanência no Juàzeiro, porque soubera que o governo do Ceará não mais estava disposto a permitir sua entrada no vale do Cariri, sob qualquer pretexto, atitude essa que teria sido aprovada pelo próprio taumaturgo. Tal proibição calara fundo na alma de Virgulino, a quem se atribui esta reação:

- Então não querem nem que eu vejo mais o meu padrinho? Pois bem: eu nunca fui bandido, mas de agora em diante é que eu vou ser! – e arrasou o Rio Grande do Norte, para começo de conversa.

Quando chegou ao Juàzeiro, em 26, já havia desaparecido a maioria dos grandes nomes do cangaço e do fanatismo dos primeiros tempos da cidade: os beatos da Cruz, Romualdo, Vicente, Ricardo, Elias e os valentes Mané Côco, Zé Pedro, Mané Chiquinho, Antônio Calangro, Pedro Pilé, Antônio Vaqueiro, Zé Pinheiro, Quintino e Canuto Reis.

CONTINUA...

Fonte: Lampião
Autor: Nertan Macêdo
Ano de publicação: 1970

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo16:30:00

    Acredito mesmo que o único desejo do Padre Cícero era recuperar Lampião.
    Antonio Oliveira - Serrinha

    ResponderExcluir