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domingo, 14 de agosto de 2016

LAMPIÃO EM ARACAJU


Na quinta edição, página 276, do best-seller do renomado e respeitado escritor Frederico Pernambucano de Mello – “Guerreiros do Sol”, lê-se o seguinte: “Do coronel Hercílio, prefeito e chefe político de Propriá nos ano 30, amigo fraterno de Lampião e de sua família desde quando, por volta de 1918, os irmãos Ferreira almocrevavam na região, consta que teve por mais de uma vez o topete de levar o grande cangaceiro e sua companheira a Laranjeiras e mesmo a Aracaju, onde, disfarçados, eram recebidos para confortáveis permanências de descanso e consultas médicas, tratados fidalgamente a queijo holandês e conhaque Macieira, tipo ‘cinco estrelas’." 

A respeito desta informação, diz Frederico Pernambucano na mesma obra, na página 290, o seguinte: “A revelação nos foi feita, em quebra de velho segredo de família, por dona Cyra de Brito Bezerra, prima do coronel Hercílio. Ainda que não possa atestar o fato de forma direta, diz ter ouvido inúmeras vezes os seus pais e avós comentarem a audácia do parente, fruto da amizade verdadeiramente íntima que mantinha com o bandido, tornado seu mais eficiente ‘cabo eleitoral’ a partir de 1933, à base de empiquetamento de estradas, de surras, de incêndios em propriedades e, quando necessário, de assassinatos.”

Ora, diante de tal notícia, eu um aracajuano de quatro costados, vi-me obrigado a refletir com mais vagar e profundidade sobre a provável presença de Lampião em Aracaju (digo ‘provável’ no sentido de poder ser apresentado provas, ainda que contestáveis), e conclui que tal aconteceu, da mesma forma que penso ter acontecido centenas de histórias do cangaço, nem sempre bem alicerçada.

Meu argumento em defesa de que Lampião esteve em Aracaju, está na lógica de que as pessoas comprovadamente de bem, não cultuam coisas que não edificam, não são dado a mentira, por exemplo, e é nesta certeza de que dona Cyra Brito Bezerra, uma mulher considerada por todos digna e respeitada, esposa do tenente João Bezerra, e que muita informação prestou relativa ao cangaço, e que é tido como fatos integrantes desta história, disse a Frederico Pernambucano o que realmente ouviu dos seus parentes, sobre Lampião. De outro lado, não tenho absolutamente nenhum motivo para sequer desconfiar da palavra deste famoso escritor, homem também digno, sério e respeitável, de achar que ele revelou ao público o que dona Cyra não lhe dissera. Não, não vejo como. Como não vejo lógica também a família Brito, que, sabemos, mantinha vínculo amistoso com Lampião, inventar esta história para enganar a si próprios, não enxergo motivos para tal. Por isso, dou como concluído na minha cabeça, que, pelo menos, um dia, na década de 1930, Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, esteve, ainda que disfarçado, na minha querida Aracaju.


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