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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

BRASIL VIVE NA ERA DO CANGAÇO PÓS-MODERNO

Por Sérgio Ripardo

Na opinião do sociólogo e psicanalista Daniel Lins Lampião seria hoje um coroinha, um inocente se comparado com as pessoas envolvidas nos escândalos, da compra de votos e outros casos de corrupção.


"..." As relações de Lampião com a elite patrimonial ajudam a explicar a longa vida do bando. Quem vai introduzir Lampião no cangaço é o célebre cangaceiro Sinhô Pereira, chefe de um bando, que vai passar a Virgolino o poder e apresentá-lo a elite latifundiária. 


"Sinhô Pereira" era amigo de Padre Cícero, tinha boas relações com a elite patrimonial nordestina, pelo fato de ser neto do barão de Pajeú. 

Barão do Pajeú Andrelino Pereira da Silva

"A elite descobre que Lampião era um concorrente na gestão da economia da violência. Padre Cícero, por exemplo, tinha seu próprio exército de jagunços. 

Deputado Floro Bartolomeu e Padre Cícero 

O que a elite faz? Negocia com Lampião e passa a protegê-lo em troca de seus serviços. Foi por isso que ele ficou quase vinte anos sob as asas da elite patrimonial e dos pobres coiteiros" cinta Lins.

No momento em que começou sua trajetória, ele queria vingar a morte do pai. Era de certa forma um bandido romântico, mais preocupado com a honra da família. Depois vai tomando gosto, descobrindo que aquele poder é interessantíssimo. Passou a frequentar coronéis importantes, o governador de Alagoas na época, a gostar da seda, das coisas finas, a tomar uísque White House, Old Gim, macieira. 


Esse deslumbramento com o poder e com os costumes da elite atingiu Lampião, mas é um fenômeno que também se verifica nos muitos ditos "esquerdistas, progressistas, marxistas e outros bens intencionados", que no passado eram ansiosos para salvar o mundo e findar uma república socialista depois de queimar uma erva. Hoje estão cooptados pelo poder. Lampião não foi um revolucionário nem tinha essa pretensão", defende Lins. 

Fonte: Diário do Nordeste
Dia-mês-ano: 7 de junho de 1997
Digitado por mim.

Este jornal me foi presenteado pelo pesquisador do cangaço Francisco das Chagas do Nascimento (Chagas Nascimento funcionário aposentado do Banco do Brasil de Mossoró). 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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