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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

JARARACA O MILAGREIRO - CORDEL

Por Gutemberg Liberato de Andrade - ALACE - Cadeira 20

JARARACA O MILAGREIRO - CORDEL  


Vou contar neste cordel
um ocorrido inusitado
dum cabra de lampião,
numa invasão no passado,
ficando um cangaceiro
que à bala foi alvejado.

Esse caso que ocorreu
num tremendo tiroteio
num ataque a Mossoró
com Virgulino no meio
pedindo quinhentos contos,
deixando o momento feio.

Com cem homens bem armados
e na frente Lampião,
pediram o pagamento
somente  quinhentos contos,
pra saírem da cidade
sem ataque àquele chão.

O acordo não sendo feito,
e nova proposição:
Baixaram pra  quatrocentos
a sua contribuição,
e o prefeito resoluto,
respondeu-lhe com um não

Começou o tiroteio
por parte de Lampião,
e a cidade guarnecida,
preparada a reação,
fez correr todo esse grupo
que fugiu para o sertão.


Um cangaceiro ferido
à bala no coração,
que ao cair estava morto
e abandonado no chão,
e o outro mesmo ferido
escapou na escuridão.

Quando foi localizado
no matagal a gemer
e a policia muito rápida
tratou logo der prender
o famoso Jararaca
já na ânsia de morrer.

Foi bem escoltado
para a Policia local,
depois de ser amarrado
foi conduzido afinal
indo pra Delegacia
numa escuridão total.

No trajeto da cadeia,
Jararaca em mau estado
gemendo e com muita dor
e após forte coronhada
ele foi morto e enterrado.


Alguns autores comentam
 que por ser um possessivo,
Jararaca não morreu
pois sendo um homem ativo
 nos deixa a grande surpresa
 de ser enterrado vivo.

O certo é que enterraram
no cemitério local,
sendo uma cova rasa
em que ficou afinal
sem ter direito sequer
a uma justo funeral.

O tempo passando rápido
e o Jararaca esquecido,
foi quando um cidadão
por todos desconhecido
constituiu um mausoléu
que o povo mantém polido


Visitei o cemitério
e estive no seu jazido,
no momento observei
que o povo mantém consigo
um respeito ao Jararaca
e o chamam, quando em perigo.

O túmulo bem cuidado
por pessoas do lugar
me disseram que fazia
só para colaborar
àquele que o visitam
ou para para promessa pagar.

Essas cova apresentava
muita cera pelo chão,
algumas velas acesas
testemunhavam então
que tinha algo diferente
ocorrendo no sertão.
  


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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