Por Paulo George
Lampião era um
disciplinador por excelência, apesar de comandar homens rudes e violentos, cada
um querendo se mostrar mais valente do que os outros, eram raras as brigas
entre eles. Havia muitas discussões por causa de jogo de baralho, mais brigas
para valer não eram toleradas pelo capitão.
Com a presença
de mulheres no bando um novo item passou a fazer parte do regimento
disciplinar: o respeito. Os casais gozavam de privacidade nos acampamentos com
direito de barracas isoladas das demais.
As mulheres
deviam fidelidade absoluta aos seus homens. Lampião não permitia a mulher
infiel ao seu homem, pois sabia que disputa no bando pelas fêmeas teriam consequências
incontroláveis, perturbando a harmonia entre seus meninos.
Houve fatos
que marcaram a história das mulheres cangaceiras, foram as tragédias
passionais, envolvendo Lídia, Lili e Cristina. Lídia (Lídia Pereira de Souza)
mulher de Zé Baiano (José Aleixo Ribeiro da Silva) traiu seu companheiro com o
cangaceiro Bem-te-vi e foi morta a pauladas por seu feroz companheiro. Lili (Maria
Lídia Xavier) foi primeiro a mulher de Lavandeira (Joao Alves Teixeira). Quando
Lavandeira morreu, em 1933, ela ficou com Mané Moreno (Manoel Ribeiro da Silva,
primo de Zé Baiano).
Depois, Mané Moreno
passou a viver com Áurea, e Lili juntou-se a Moita Braba (José Batista dos
Santos), um cabra nascido na Várzea da Ema. Lili era uma mulata clara, cheia de
vida, assanhada. Certo dia moita braba pegou ela em pleno ato sexual com o
cangaceiro Pó Corante (Martins da Silva). Pó Corante conseguiu fugir pelo mato nu,
mais Lili não teve a mesma sorte, morreu na hora, seis tiros.
Cristina de Português
(Francelino do Juá) teve um caso com Jitirana que era cabra de Corisco.
Jitirana queria ficar com ela, mas Corisco não consentiu. Mandou os cabras
levar ela até um certo ponto, onde um coiteiro estava esperando pra ela ir
ficar com a família, foi morta no meio do caminho a mando de Corisco. Esse fato
ocorreu uma semana antes do acontecido em julho de 1938 no Angico.
Outro caso
grave envolvendo mulheres foi a morte do cangaceiro Antônio de Engrácias, homem
de confiança de Lampião, que teria sido assassinado pelo próprio irmão Cirilo
de Engrácias numa bebedeira em um forró,
próximo a Várzea da Ema-Ba. Cirilo matou o irmão por ciúmes.
Quando um
cangaceiro morria, a companheira teria que ficar com outro dentro do grupo. Caso
curioso o de Joana Gomes, que viveu quatro anos com Cirilo de Engrácias, e
quando ele morreu, ela se juntou ao cangaceiro Jacaré que morreu também, e por
isso, nenhum cangaceiro quis ficar com ela, pois os cabras achavam que ela dava
azar. Joana foi expulsa do bando, teve sorte, pois era tempos de Lampião não
aceitar ninguém abandonar o grupo, pois um ex-cangaceiro (a) era um arquivo
vivo, podia sair falando segredos do bando. Se insistisse em sair, a sentença
era a morte, como aconteceu com Rosinha segunda mulher de Mariano. Na morte de
Mariano nenhum cabra queria ficar com Rosinha. Ela pediu muito a Lampião para
ir ver os pais. Lampião ordenou para ela ir e não demorar muito, pois era um
risco cair nas mãos da volante. Rosinha com muitas saudades da família demorou
uns dias. Lampião ficou preocupado, e gostava muito de Mariano, e ordenou que Luiz
Pedro resolvesse o que fazer com Rosinha. Mandou Elétrico e Luiz Pedro ir
buscar ela, marcando outro lugar para o encontro. Rosinha chegando, tentou
explicar que seu pai tinha adoecido. Lampião disse:
- Rosa, porque
você passou de minhas ordens?
Rosinha
trêmula, diz:
- É que meu
pai estava doente...!
Lampião:
- Mentira,
Rosa! Você sabe que me contam tudo, Luiz Pedro vai com os meninos pegar umas
encomendas na fazenda Paus Pretos. Acompanhe eles.
Sem
alternativa, Rosinha acompanhou os cabras, e no caminho, muito apreensiva,
procurou puxar conversa com eles, mas ninguém lhe dava a atenção. Para eles,
uma conversa amigável iria tornar a situação difícil na hora de executar Rosinha.
Ao cruzar um
riacho perto das pias das panelas, Pó Corante, amigo do peito de Rosinha,
encostou por trás da cabeça dela sua pistola, e desfechou um tiro no ouvido. O
corpo foi enterrado lá na beira do riacho.
Lampião e suas
leis...
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