Por Régis
Corria o ano de 1978, interior do
Ceará, cidadezinha pequena, toda a população reunida, aos domingos, para a
feira já tradicional...
Pois bem, a história que vou
relatar aconteceu com um senhor, chamado Seu Doca, que morava no sertão mesmo,
um distrito da cidade que ficava há uns 15km da sede, e que todo domingo vinha
à feira, no seu jumento.
Ao chegar, sempre seu Doca fazia
as compras da semana, depois ia ao bar, tomar sua pinguinha e, depois, voltava
pra casa.
Só que ele tinha comprado uma
radiola (para tocar vinil), então, foi a um vendedor de uma banca de vinil e K7
e, ao chegar, apeou do seu jumentinho e foi logo falando:
- Bom dia, seu morço! Eu tô
percurano de um Longuiprêi qui tem a musga da "oitava". Será que o
cumpade num tinha ai?
- Tenho sim, mas todos esses
discos aqui meu senhor tem a oitava música, disse o vendedor, mostrando dezenas
de discos de vinil.
- Mas eu quero é o da musga qui
chama Oitava, tem? Perguntou seu Doca.
- Então vamos testar alguns pra
ve se a gente encontra, ta certo?
E foram testando os LPs. Já tinha
ouvido a oitava música de quase trinta discos... e nada de encontrar a música
de seu Doca.
Foi quando o vendedor falou:
- Será que o senhor nao poderia
cantar um pouco dessa música pra gente ouvir?... Aí, ficaria mais fácil da
gente encontrar.
- Só qui eu num lembru agora,
cumpade! Minha memória tá meia fraca, eu so sei que é a da "Oitava",
disse seu Doca.
Testaram mas uns vinte, já se
tinham passado mais de duas horas e nada de encontrar a música, quando o vendedor
lembrou de uma música e disse:
- Ja sei, deve ser a Oitava
Sinfonia de Beethoven, será que é essa seu Doca? É essa né? Até que enfim!!
- Nunca ovi fala nesse bitôvi,
mas só sei que é a "Oitava".
O vendedor colocou a Oitava
Sinfonia de Beethoven, e, para sua tristeza, não era a música desejada.
Depois de quase três horas, o
vendedor desistiu e disse a Seu Doca que não tinha a música, e a menos que ele
cantasse uma parte dela, seria muito difícil de encontrá-la.
Seu Doca disse:
- Pois bem seu môço, eu vô
mimbora, ja que voismicê num teim a "Oitava".
Seu Doca montou em seu jumento,
deu a volta, quando, de repente, lhe veio a lembrança a tal música! Desmontou
rápido e disse ao vendedor com entusiasmo:
- Lembrei!! Lembrei!! Lembrei,
Seu Môço. Mi lembrei da "Oitava".
-Que maravilha seu Doca, agora
cante um pedacinho, que, com certeza, eu terei o seu LP.
E Seu Doca, para o espanto e
alegria de todos, disse, todo contente:
- A musga é assim, homi:
"OITAVA NA PENÊRA ,
OITAVA PENERANO,
OITAVA NUM NAMÔRO,
OITAVA NAMORANO..."
Seu Doca era um grande fã de LUIZ
GONZAGA, mas no seu linguajar do sertão, não sabia a letra correta da música,
trocando a parte de: EU TAVA por OITAVA.
Essa estória é contada aqui por
meus parentes mais antigos, passou-se na cidade de PENTECOSTE-CE.
Se é verdade não posso provar,
mas só sei que foi assim!!
A Música é FARINHADA, foi gravada
por Gonzaga, em 1982, no LP "Eterno Cantador"
Mas, no interior, pela
simplicidade do nosso matuto, ela ainda é conhecida até hoje como OITAVA, por
causa do refrão!
E viva o Povo Brasileiro!!!
Contribuição: Regis Freire Gomes
http://www.luizluagonzaga.mus.br/000/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=32
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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