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quinta-feira, 25 de maio de 2017

TEMER JÁ DITA A DITADURA

*Rangel Alves da Costa

Tristes tempos, mas é verdade: Temer já está ditando uma ditadura. Quando ele afirmou aos brados, em cadeia nacional, bem ao estilo dos arrogantes tiranos, que “Não renunciarei!”, já estava sinalizando o que seria capaz de fazer para se manter no poder. E desde os últimos dias que o governo Temer, através do Departamento de Produção e Divulgação de Imagem da Presidência da República, vem tentando impedir que memes (montagens humorísticas a partir de fotografias) sejam produzidos a partir de qualquer foto do presidente.
Isso é censura explícita, algo impensável num regime democrático e num Estado de Direito. Censura que bem lembra Vargas e o seu Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que bem lembram os generais do Golpe de 64 e suas botinas massacrando as liberdades. E nesta quarta-feira, ao decretar o uso das Forças Armadas, basicamente o Exército, contra manifestantes, então deixou claro que não haverá limites na sua ação.
Com bem acentuou um senador, se este governo não sustenta, não serão as Forças Armadas que irão sustentar o governo. Certamente que não será colocando armas amedrontadoras nas ruas que o governo irá refrear os descontentamentos da população nem diminuir sua participação nos últimos acontecimentos da delação. O desespero governamental não pode e nem deve ser acobertado por truculências nem pela mão de ferro da incoerência. No trotar dos fatos, logo virão os cerceamentos a todo tipo de manifestação, a censura aos órgãos informativos e a redução das liberdades ao crivo das ordens brutais, ferinas, das chibatas e dos açoites.
As repercussões das recentes medidas foram as mais desfavoráveis possíveis ao governo Temer. Utilizar-se da própria Presidência da República para inibir que a imagem pessoal de Temer - ou mesmo sua imagem enquanto governante - seja utilizada em memes é uma clara tentativa de proibir as liberdades de manifestação. Após o advento da internet e da divulgação das imagens humorísticas produzidas, nenhum governante procurou coibir de forma tão dura e veemente a divulgação de tais peças. Somente agora com Temer a mão de ferro bate sobre a mesa e diz o que é proibido ou não fazer. É a ação algoz e autoritária de um governo que perdeu sua razão de ser e agora ataca para se manter no poder a todo custo.



Já com relação à utilização do Exército para, em nome da ordem pública, conter as manifestações populares, a atitude governamental gerou críticas até mesmo de aliados. Um ministro do STF afirmou estar estupefato com tal medida. Os sites informativos reproduzem os descontentamentos e as palavras de juristas, e quase todos no sentido de confirmar exageros nas medidas, acentuando que por trás disso tudo há uma tentativa do governante se manter no poder através da força. Segundo um especialista, afeiçoa-se a um verdadeiro Golpe de Estado uma medida tão truculenta levada a efeito por um governo que já não se sustenta na legitimidade. Já outro afirmou que a medida pode ser entendida como um ato de exceção, autoritário, proveniente de um governo afundado pelos recentes acontecimentos.
A militarização do governo faz lembrar a militarização do regime. Assim aconteceu em 1964 e ninguém mais aceita que a democracia seja novamente enclausurada depois de tanta luta para a sua retomada. O sangue de muitos teve de jorrar para que novamente o Brasil conseguisse alcançar seus tempos de liberdade, de democracia e de esperança. O Brasil não se afeiçoa mais a uma republiqueta de bananas nos moldes de algumas ainda existentes no continente latino-americano. A luta do povo para a redemocratização não pode agora ser ameaçada como escudo pelos malfeitos do governante.
E pensar que mesmo na dor chegaríamos ao futuro, eis que os retrocessos fecham as portas e janelas e nos deixam na escuridão do medo e do terror governamental. E o medo maior é que não restem mais flores no jardim das liberdades nem sorriso bom de qualquer esperança. Medo que não restem mais nem o verbo da contestação nem o grito contra o mal do mundo, que é todo e qualquer governante que tenta se impor e se manter pela força. Como dizia o poeta: Ninguém precisa de morte se o próprio governante é sua má sorte!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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