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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

MARIA DE MATOS, A FILHA DE LUIZ PEDRO E NENÊ DO OURO, NA "RODA DOS ENJEITADOS"

 Por Sávio Siqueira

                                                             mg-perez.blogspot.com

Existentes em Mosteiros e em conventos, a Roda dos Enjeitados, eram ‘portas’ com grandes cavidades um tanto cilíndricas, não de todo, e giratórias. Para que quem nelas colocasse ‘as crianças’, pelo lado de “fora” não fossem vistas por aqueles que as recebiam do lado de “dentro”, por trás das enormes muradas. Serviam, também, ou para isso foram criadas, para servir de uma inter ligação entre o mundo de fora e o de dentro. Eram feito doações aos que dentro moravam.

Após colocarem os objetos, pacotes ou outras coisas, a pessoa, do lado de fora, tocava uma sineta, normalmente amarrada por uma, ou há uma, corda ou cordão. Escutando o som da sineta a irmã “Rodeira”, espécie de plantonista com função de salva guardar a ‘porta’, fazia a mesma  girar, e a parte que estava do lado de fora, passava para o lado de dentro, deixando assim condições de serem pego as ‘encomendas’.

Depois de certo tempo, não só coisas materiais foram colocadas naquelas portas giratórias, crianças passaram a serem colocadas em seu lugar. Eram filhos de mulheres da rua, de mulheres que não queriam que soubessem da existência de seu filho, filhos de estupros, de ‘moças’ de famílias que os pais tentavam esconder que tiveram filhos, filhos de mães que não tinham como criar um filho... 

                                                            commons.wikimedia.org

As mães daqueles enjeitados, por vezes deixavam alguma coisa, como marcas e/ou fitinhas de determinada cor, na nítida intenção de mais tarde os reencontrarem. Só que, quando as crianças ficavam na idade de aprendizagem eram transferidas para uma outra instituição, a Casa da Pia, que os preparava para vida adulta.
Essa forma, maneira, foi tão utilizada que a partir de 24 de maio de 1783, através de uma Circular, o Intendente do Reino, Pina Manique, em Portugal, a reconhece oficialmente. Depois que foram oficializadas, recebeu o nome de “Roda dos Expostos ou Roda dos Enjeitados”. A “Casa dos Expostos”, “Depósito de Expostos” e “Casa da Roda”, foram designações que ‘correram’ em todo o Brasil, indicando os asilos de menores abandonados.

                                                      depressaoepoesia.ning.com

A vida no cangaço não era fácil para os homens que nele adentraram. Quando, em 1929, Lampião trás para suas fileiras a mulher, na pessoa de Maria de Déa, a Maria Gomes de Oliveira, a conhecida Maria Bonita, outros cangaceiros, nem todos, só aqueles com ‘destaque’, ficam com a liberdade de, também, trazerem as suas companheiras.
Conhecemos muitos casais que pertenceram há vários subgrupos como Lampião e Maria de Déa, Corisco e Dadá, Zé Baiano e Lídia, Zé Sereno e Cila, Gato e Inacinha, Moderno, depois Moreno, e Durvinha, Pancada e Maria, Mariano e Rosinha... e assim, muitos outros casais pertenceram as fileiras cangaceiras.
Dentre os afamados cangaceiros existiu Luiz Pedro da Ingazeira. Este , segundo consta o resultado de uma grande pesquisa, foi pai de uma  menina. 

Como era impossível criar seus filhos naquela maneira de vida, eles, os casais de cangaceiros, os ‘doavam’, entregavam suas crias a pessoas que confiavam e/ou que tinham condições de criá-las.


Certas noites, na roda da casa dos Enjeitados, deixam uma criança e, acompanhando a mesma, um bilhete que dizia chamar-se Maria e que era a mesma, filha do cangaceiro Luiz Pedro. 

                                                                 pt.slideshare.net
O pesquisador/professor Rubens Antonio, através de seu veículo de comunicação em massa, o blog cangaconabahia.blogspot.com, em uma segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012, as 18:05 horas, enriquece nossos conhecimentos, postando a matéria” Maria de Matos, filha de Luiz Pedro e Nenê”, fruto de pesquisa do historiador/pesquisador Orlins Santana de Oliveira, Membro do Instituto Histórico da Bahia.

A matéria nos relata que em março do ano de 1934, na localidade Jurema, distrito de Juazeiro, no Estado baiano, o chefe da estação recebe uma criança para ser ‘enviada’ para Capital do citado Estado. Quando, em  28 de maio do mesmo ano, chegam diante da “Roda dos Enjeitados”,  são colocadas na mesma, duas crianças, e que as mesmas eram crias de cangaceiros. Trazia junto a seu corpo, uma das crianças, uma menina, um bilhete que dizia tratar-se de “Maria” filha do cangaceiro Luiz Pedro.


 Transcrição do registro de entrada:
"Livro n.28 do Asylo dos Expostos
De 10 de Maio de 1934 á 21 de Novembro de 1935
1934
Maio – 28
Pelas 14 horas 1/2 foi posta na roda do Asylo de N.S. da Misericordia uma menina parda, com 3 mêses de edade, em bom estado de saúde.
Trouxe os seguintes objectos:
1 – Vestido com renda de bilro
2 – Fralda de morim velha;
3 – Touca branca com renda de bilro
e a seguinte declaração:
Maria – com 3 mêses de edade, filha do bandido.
Pae – Luiz Pedro
Mãe – desconhecida, vinda do Nordeste"

                                         cangaconabahia.blogspot.com

 Infelizmente, menos de dois meses depois de serem recebidas na “Roda dos Expostos”, “Maria”, vítima de uma pneumonia, falece.

"Transcrição das anotações do batismo e do falecimento:
Maria de Mattos
Baptisou no dia 29 de Maio de 1934
Falleceu de pneumonia, em 8 de Julho de 1934".

                                cangaconabahia.blogspot.com

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