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sábado, 21 de julho de 2018

O AMIGO JAJÁ

Por Rangel Aves da Costa

*Rangel Alves da Costa


Os anos 90 foram marcados por imensa efervescência cultural na capital sergipana. Mesmo com diversos espaços voltados para atrair a juventude, a classe estudantil e acadêmica, bem como a intelectualidade, boa parcela das “cabeças pensantes” procuravam se reunir em espaços que se identificassem com o seu espírito ora de rebeldia ora do simples prazer da boa acolhida, do bom diálogo, dos atrativos e da boa música.
Um destes “pubs” efervescentes chamava-se Mahalo. Mas o Mahalo não era um simples ambiente com cadeiras e mesas para a bebida e o petisco, e aonde a pessoa chegava e saía depois de alguns instantes. Sua concepção inovadora permitiu que ainda hoje estivesse vivo na memória de profissionais e da intelectualidade aracajuana.
Sim, pois jornalistas e outros profissionais da comunicação social, escritores, professores e advogados, dentre outros, um dia adentraram as portas do Mahalo e lá se encantaram com a ambientação diferente, as exposições de poesia, a música ao vivo, etc. E tudo nascido da inventividade futurista de um moço batizado como Jailton Freire, mas por todos conhecido apenas como Jajá.
Ao lado de Cristina, sua esposa à época, passou a oferecer aos noctívagos aracajuanos, principalmente àqueles que saíam das salas de aula na Unit da Rua Lagarto e desejavam dialogar em torno de uma mesa e uma boa música, a oportunidade de uma noite muito mais convidativa e prazerosa.
Foi no Mahalo que fiz minha primeira exposição de poemas. Logo em seguida Jozailto Lima - hoje famoso jornalista e escritor - igualmente expôs seus poemas. E uma infinidade de outras atrações. Foi desde esse bom quadrante da vida que passei a conhecer Jailton, o nosso Jajá.


De rara inteligência, sempre inovador, sempre calmo e aberto ao diálogo, extremamente zeloso com aquilo que chama a si ou que põe as mãos, assemelha-se mais a um cordame humano que vai se alongando em novas amizades aonde chega ou passa. Chega para a pessoa e logo diz: “E aí cara, tudo bem?”.
Eis o mote para o diálogo profundo, inteligente, generoso e franco. Sempre defensor das liberdades, das opiniões e expressões pessoais, Jajá se constitui na   quele que prega o livre arbítrio com responsabilidade. Ainda hoje, mesmo depois de tanto tempo daquele primeiro Mahalo, ele continua como um menino sonhador.
Mas os voos são outros. Depois que o Mahalo mudou de endereço e por fim fechou suas portas, então Jajá começou a colocar em prática um voo maior de liberdade. Saiu da terra e foi para as águas, abdicou dos horizontes cinzentos e feios e foi viver os azuis das gaivotas dos altos mares e oceanos. Tornou-se marinheiro (Primeiro Oficial de Maquinas/Oficial Superior de Máquinas na Transpetro) e a cada dia ele faz postagens de fotografias de seus destinos azuis, belíssimos, apaixonantes.
Ora está nas costas chilenas, ora está nos confins do mundo singrando o seu navegar liberto, bem ao seu estilo e ao que clama sua vida e seu jeito de ser. Pai de rapazes que um dia eu conheci meninos, atualmente é casado com uma mulher maravilhosa e que é a espiritualidade mística em pessoa: Gwendolyn Thompson. Nunca vi um casal tão nascido um para o outro.
Ele, Jajá, pássaro em voo, e ela, Gwendolyn, o céu de nuvens perfeitas ao voo. Abraço-te, pois, amigo Jajá. Como diz Gwendolyn: Namastê! Curvo-me diante de ti, perante o teu sagrado brilho!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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