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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

TÁ CHEGANDO... SÃO JOSÉ DE BELMONTE

Por Manoel Severo
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No centro histórico da cidade de São José do Belmonte, dominando a paisagem da bonita e tradicional Praça Pires Ribeiro, um imponente casarão chama atenção por sua extrema beleza.Pouca gente sabe, mas o casarão foi construído, entre os anos de 1911 e 1912, pelo Coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, importante comerciante, fazendeiro e pecuarista nascido no vizinho município de Floresta.Esta imponente casa, em estilo neoclássico, é uma herança dos tempos opulentos em que o poder oriundo da borracha da maniçoba, dominava o cenário local.Por toda a extensão do casarão há belos elementos decorativos, não apenas no frontão, mas por todas as paredes que compõem a fachada do imóvel.
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A importância deste Casarão não se resume apenas aos seus belos traços arquitetônicos, vai muito além uma vez que está intimamente ligada ao fenômeno do cangaço em Belmonte. Esta casa, no alvorecer do dia 22 de outubro de 1922 foi atacada por cangaceiros dentre os quais Lampião, em parceria com um parente do chefe cangaceiro Sinhô Pereira, Crispim Pereira de Araújo, conhecidos por “Ioiô Maroto”.

Como não poderia deixar de ser, o ataque à residência de Gonzaga foi implacável. A resistência ofertada pelo proprietário e por policiais da guarnição de Belmonte arrastou-se longo tempo, mas o local foi invadido, saqueado, arrasado e o comerciante sumariamente executado em um quarto contíguo a sala de visitas.
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O trauma provocado pelo trágico desaparecimento do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, levou a sua esposa Martina a retirar-se definitivamente do Município de Belmonte com sua família. Entre os anos de 1930 a 1934 o Casarão passou a sediar o Paço e Conselho Municipal de Belmonte (Prefeitura), até ser adquirido no ano de 1936 pelo Sr. João Batista Frutuoso de Pádua, tabelião local, pela quantia de quatro contos de réis. Seu João de Pádua foi casado com dona Pergentina Nunes da Silva, descendente do antigo sesmeiro Aniceto Nunes da Silva e prima legítima do escritor Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto, Lampião e seus sequazes”. Hoje o Casarão pertence aos herdeiros do Sr. João de Pádua, cuja neta Perginha, residente no imóvel, ao longo do tempo vem lutando com todas as forças para preservar este grande patrimônio, histórico, turístico e cultural de São José do Belmonte
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Demétrio, o telegrafista genro do Coronel Gonzaga.o

Telegrafista na Agência Postal e Telégrafo de Belmonte, natural de Recife, José Demétrio de Albuquerque Silva era noivo da senhorita Maria de Lourdes Gomes Ferraz (Bida), filha do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz quando aconteceu a hecatombe de 22 de outubro de 1922 em que este coronel foi barbaramente assassinado nas hostes do banditismo. Durante o assalto à casa do coronel Gonzaga, o jovem Demétrio tendo naquele dia pernoitado na dita residência, foi juntamente com dona Martina e filhos segregados em um quarto.contíguo a sala de jantar pelo cangaceiro Cajueiro, cumprindo assim um pedido feito por Ioiô Maroto para poupá-los de qualquer tipo de agressões por parte dos demais cangaceiros.
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O telegrafista Demétrio era um senhor elegante, que não saía de casa sem paletó e gravata e que alguns falavam ter idéias comunistas. Em Belmonte Demétrio trabalhou na Agência Postal e Telégrafo por anos a fio. Casou duas vezes, sendo que a primeira com Maria de Lourdes Gomes Ferraz (Bida), filha do coronel Gonzaga Ferraz. De acordo com o Livro de Notas nº 4, pág. 169/170 do 2º Ofício de Belmonte, no dia 27 de maio de 1933, José Demétrio comprou ao Sr. Joaquim Leonel Pires de Alencar um lote de terras na fazenda Campos e denominou de Fazenda Montreal. Dizem que nessa fazenda Demétrio hospedou clandestinamente, entre os anos de 1935 a 1936 o Sr. Antônio Vilar, cidadão português, que nada mais nada menos se tratava de Luis Carlos Prestes, militar e político brasileiro com identidade diferente.
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Edificada e pertencente ao coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, esta casa sediou a partir do ano de 1917 a Agência Postal e o Telégrafo da cidade de Belmonte e onde também residiu quando aqui chegou no ano de 1921 o jovem telegrafista José Demétrio de Albuquerque Silva. Esta residência foi adquirida em 25 de abril de 1951 pelo Sr. Joaquim Donato de Moura, cujos proprietários atuais são seus herdeiros. 
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De Belmonte, José Demétrio de Albuquerque Silva foi residir no Estado da Paraíba onde se tornou advogado e ao longo dos anos se aposentou como Juiz de Direito. “Postura de Arribação” é o título do livro editado em 1958 pelo Dr. Demétrio, onde o autor narra fatos marcantes da sua vida inclusive de sua passagem pelo município de Belmonte...
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José Valdir Nogueira
Presidente Comissão Local
Cariri Cangaço São José de Belmonte 2018

E Nesta próxima quinta..


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