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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CONFLITOS ENTRE TEÓRICOS NO MUNDO DO CANGAÇO.


Por Verluce Ferraz

À primeira vista, a principal posição teórica adotada por alguns autores dos estudos sobre o evento cangaceirismo é notada pela dificuldade que apresentam em definir a origem da palavra ‘cangaço’. Alguns sustentam que vem de ‘canga, instrumento que era utilizado nos pescoços de bois; outros, que tem origem em restos mortos de animais que eram encontrados dentro da caatinga, nos caminhos e até nos quintais de casas. Fica indefinida a origem dentro dessa variedade de suposições. Então vão se utilizando o termo que vai se misturando às variedades de reflexões. 


Ontologicamente teríamos vários sentidos para tal definição Cangaço: por movimento armado, composto por bandos de pessoas nômades nordestinos que teve seu auge entre o final do Século XIX e início do Século XX. Aliás, é muito difícil se afirmar que a mencionada palavra surgiu originalmente de uma peça de madeira utilizada nos animais para transportar utensílios. Também conta a História que a origem veio da associação da vida errante do cangaceiro Lampião.


Há muitos que usam o método de identificação do termo adaptando-a para dar vida e status a um dos mais misteriosos cangaceiros, o Lampião, que ganhou visibilidade pelo estilo exótico de vestir-se; algo que só veio realmente a ser conhecido depois da película de Benjamim Abrahão Boto, que conseguiu conquistar a simpatia do cangaceiro por oferecer aquilo que mais o fortalecia o ego do Virgulino, que era o Narcisismo. E Abrahão, depois de adquirir a façanha de permanecer por dois meses dentro da caatinga, com maestria transforma o grupo cangaceiro em verdadeiros personagens teatrais para edição de uma película cinematográfica. Sabendo-se que, a vida real nada condizia com a vida dura e sacrificada dos bandidos do cangaço. Mas, com tal intento, o de se promover e ganhar dinheiro, que o Benjamim acaba por conseguir sua filmagem. 


Depois de pronta a película, vai apresentar seu trabalho; o Estado apreendeu o material e proibido, por décadas, a exibição do filme. Fica evidenciado que tal fita era composta por cenas de violência, depois que o sírio libanês ao apresentar a um pequeno público de autoridades, pouco tempo depois, foi morto; queima de arquivo. Tal resistência do governo da época tornaria obstáculo às a divulgação e consequentemente impediram que pesquisas fossem a frente. A fita manteve-se em sigilo, esquecida num porão entre material descartado e impróprio ao uso. Era proibido sua utilização e exibição em qualquer parte do país por ser considerado uma afronta as Leis do Estado. 

Talvez, se houvessem permitido que analistas dos fatos houvessem tido acesso ao material, surgissem os primeiros resultados de se constatar os problemas subjacentes de uma histeria no cangaceiro Lampião. Por tal falta de acesso ao citado material, hoje, ainda muitos tentam publicar livros quase ficcionais e poucas teses a respeito dos comportamentos cangaceiros. Quase pouco se aceitam fatores das influências de uma neurose e de deslocamentos de traumas infantis em Virgulino para ampliar os horizontes que advinham das pulsões fisiológicas do organismo – na gênese dos aumentos de excitação que exige descarga da dita pulsão sexual, (e consequentemente uma neurose). Daí, uma compulsão o levava a repetição de atos, explicitamente conjuntos de sua história de criminoso.

Referências bibliográficas:
Sigmund Freud. Estudos sobre Histeria. Vol. II Ed. Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud.(!893/1895).


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