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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

O VINGATIVO LAMPIÃO

 Por José Mendes Pereira

O cangaceiro Lampião nos primeiros momentos de sua vida no Cangaço.

Em 1927, mesmo após sete anos da morte do seu pai Lampião resolveu tirar a tranquilidade do Estado de Alagoas, fazendo invasões constantes, usando o seu poder de vingança, e eliminando sertanejos, alegando que era protestando contra Zé Lucena, por ter assassinado o seu patriarca o José Ferreira da Silva, no momento em que debulhava grãos em sua residência. Dizia ele que o que haviam feito com o seu generoso pai, jamais ficaria impune ou no esquecimento, pois o velho não tinha nada a ver com os seus problemas de bandidagem. Se Zé Lucena o procurava para eliminá-lo do solo sertanejo, que tivesse enfrentado os cerrados, as caatingas por todos os recantos dos Estados do Nordeste, e não tivesse exterminado a vida de um homem honrado, amante da tranquilidade, da paz, amigo dos amigos, bom pai, e considerado um grande homem no meio de toda vizinhança. 

O outro motivo era denegrir a imagem de Zé Saturnino que segundo ele, tinha sido o causador das declinações da família Ferreira, privando o direito deles serem felizes onde moravam, obrigando-os a fugir do amado berço Pernambuco, e os empurrando para as desconhecidas terras alagoanas. Lá em Pernambuco ele e os seus familiares deixaram para trás, tudo que haviam adquirido com muito esforço: propriedade, agricultura, criações e principalmente sonhos, sonhos e muitos sonhos que pretendiam realizar. 

Tenente José Lucena acusado de ser o responsável pela morte de José Ferreira da Silva pai de Lampião.

Já residindo em Alagoas passaram por dois grandes desgostos invencíveis. O primeiro, foi quando eles viram a mãe dona Maria Sulena da Purificação cair em depressão. Ela ainda se sentindo magoada e desgostosa com os desrespeitos do Zé Saturnino, por ter afetado o caráter do esposo José Ferreira da Silva, seu coração não aguentando as maldades, faleceu no ano de 1920, na Fazenda Engenho Velho, de propriedade de um senhor chamado Luiz Fragoso. O segundo e mais doloroso, foi quando eles viram o pai envolvido em um horroroso lençol de sangue, todo crivado de balas pelas armas do tenente Zé Lucena.  Os desrespeitos que surgiram contra a sua família alcançaram o topo do pico, deixando ele e seus irmãos sem rumo e sem decisões próprias, para enfrentarem as maldades dos poderosos perseguidores.

Dizia o rei no silêncio do seu “EU”, que não tinha dúvida, que o principal culpado das suas desventuras era o Zé Saturnino, por não ter assumido a sua desonestidade, quando o assecla viu peles dos seus animais na casa de um dos moradores da Fazenda Pedreiras. Se o fazendeiro tivesse assumido o feito, não teria sido necessário ele e seus irmãos viverem embrenhados às matas, escondendo-se de policiais que os perseguiam. 

José Saturnino, primeiro inimigo de Virgulino. A literatura lampiônica registrou que, no dia em que ele morreu, aboiou tanto que em toda sua vida não fez isto.

O rei ainda no seu "EU" se lastimava que todos os seus antes amigos, viviam passeando pelas redondezas do lugar, livres de perseguições, e diariamente aconchegados às mocinhas do povoado, frequentando festas e bailes. E enquanto os outros gozavam da liberdade, eles eram privados de participarem dos divertimentos que o povoado oferecia, devido as perseguições das volantes. Infelizmente teriam que passar a vida inteira se amparando às árvores, castigados pelas chuvas, sol, poeiras, dormindo no chão, misturados com caranguejas, lacraias, cobras e mais outros insetos venenosos, no meio de combates cerrados, tentando se livrarem dos estilhaços de balas. E na maioria das vezes, fome, fome e muita fome, vivendo um horroroso sofrimento.

Lampião assumia o seu feito, dizendo que antes da morte do seu patriarca já havia praticado crimes. E em um desses, findou a vida de um sujeito que lhe roubara uma das suas cabras. Mas que todos que o julgavam como um bandido cruel entendessem o porquê da sua prática criminosa. Fizera simplesmente para defender o que lhe pertencia, e em prol de sua própria honra. Se ele não defendesse o que era seu, com o passar dos tempos, todos iriam querer pisá-lo como se ele nada valesse na vida.

Lampião enquanto descansava sobre o chão, ainda imaginava   que, se o Zé Saturnino não tivesse manipulado o tenente Zé Lucena, para assassinar o seu generoso pai, quem sabe, talvez ele não tivesse se tornado um bandoleiro; e sim, um fazendeiro, um engenheiro, um rábula qualquer, ou outra coisa parecida. Ou ainda teria se casado e construído uma linda e maravilhosa família.

E agora, depois das grandes decepções que passaram, principalmente com a morte do pai, como os irmãos Ferreiras se vingariam das maldades que fizeram contra eles?

Lampião e seus manos decepcionados e de cabisbaixas diante da vizinhança, e privados de tudo e de todos, já que não havia como assassinarem os causadores das suas declinações, decidiram que o mais propício para amenizarem as suas dores, seria fazerem invasões constantes no Estado de Alagoas, não importando com o tipo de atrocidade, vingando-se a seu modo. Já que tinham perdido o respeito, diante da vizinhança, uma desordem a mais não influenciava nada.  

E a partir de 11 de janeiro de 1927, organizaram-se e partiram para bagunçarem o Estado de Alagoas, onde destruíam tudo que viam pela frente, não dando tranquilidade aos moradores sertanejos, e geralmente, rios de sangue ficavam escorrendo por onde os vingadores passavam. 

Fonte de Pesquisa: Lampião Além da Versão Mentiras e Mistérios de Angico

 http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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