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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A CAPELINHA DE SÃO CLEMENTE E AS COVAS DE TORQUATO DA PIA NOVA E FIRMINO

Por Manoel Belarmino

No tempo do Cangaço, duas tragédias de doer no fundo da alma dos sertanejos de Poço Redondo marcaram aquela região, onde hoje é o distrito de Santa Rosa do Ermírio. Uma foi a "Chacina do Couro" ou "A Chacina da Fazenda Pelada", em 13 de junho de 1932, onde foram mortos pelos cangaceiros 7 pessoas inocentes, e a outra foi a "Tragédia da Pia Nova", onde, no entardecer do dia 02 de maio de 1937, foram mortos pelos cangaceiros dos subgrupos de Zé Sereno e Mané Moreno dois homens inocentes, Torquato da Pia Nova e seu genro Firmino. Torquato e Firmino eram dois homens de bem, respeitados, trabalhadores e queridos por todos das redondezas daquelas terras sertanejas do sertão de Poço Redondo.

A morte do cangaceiro Zepelim, naqueles últimos dias do abril de 1937, na Fazenda Araras, deixou os cangaceiros umas feras. Os cangaceiros sabiam que houve traição de algum coiteiro. Queriam descobrir qual o coiteiro que havia fraquejado e traído os cangaceiros de Zé Sereno, indo à Serra Negra dizer o lugar do coito. E o traidor foi o coiteiro Chico Geraldo que pessoalmente havia ido a Serra Negra avisar o local do coito a Zé Rufino.

Os cangaceiros, depois daquela morte do Zepelim pelos volantes das "forças" de Zé Rufino, inconformados, vão "virados na gota serena" saber do coiteiro Chico Geraldo da Fazenda Salgadinho se foi ele que fez aquela traição ou se ele sabia quem o fez. Aí Chico Geraldo mente. Diz que quem foi à Serra Negra entregar o coito dos cangaceiros havia sido Torquato e seu genro Firmino. Foi a gota d'água no oceano da sede de vingança dos cangaceiros.

Zé Sereno e Mané Moreno estão babando de raiva. Áurea estava que parecia soprar fogo pelas ventas de raiva pois já tinha notícias que uns soldados da volante de nomes Badu (aquele mesmo Badu que, tempos depois, Áurea vai sangrá-lo com uma punhalada na Fazenda Travessado) e João Doutor tinham dado uma pisa, uma surra, no seu pai Tonho Nicácio na Fazenda Santo Antônio, antes do combate da Fazenda Araras. Os dois subgrupos de cangaceiros, liderados por Mané Moreno e Zé Sereno, com 34 cangaceiros homens e mais 4 mulheres, Adília, Dinda, Sila e a valente Áurea Soares, vão até a Fazenda de Torquato. Cegos de raiva, os cangaceiros conversam pouco, prendem Torquato e seu genro Firmino e matam os dois ali mesmo no telheiro da casa da Fazenda Pia Nova. Dois corpos de dois homens inocentes ficam ali estendido no chão, inertes, mortos. Uma tragédia na família dos Torquarto da Pia Nova. As mulheres e as crianças vêem enlouquecidas aquela cena de monstruosidade.

Um velório acontece ali, recheado de dor e medo. A notícia da tragédia se espalha. Os amigos e parentes de Torquato e Firmino decidem sepultar os dois corpos, ali, na frente da Capelinha de São Clemente, no entardecer do dia 03 de maio de 1937.

As duas covas dos inocentes sertanejos, Torquato e Firmino, estão ali ladeadas, marcadas por um pé de mandacaru e outras árvores da caatinga, na frente da Capelinha, na antiga Fazenda São Clemente, onde hoje é o Território Quilombola da Serra da Guia, Poço Redondo.

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