Por Nas Pegadas da História
Antonio Luiz
Tavares era o verdadeiro nome do ex-cangaceiro “Asa Branca”. Filho de Antonio
Luiz e de dona Maria da Conceição. Ele natural de Cajazeiras do Rio do Peixe,
no Estado da Paraíba. Nasceu no dia 10 de Janeiro de 1902 e faleceu de
problemas cardíacos em Mossoró, no dia 02 de Novembro de 1981, sendo que os
seus restos mortais repousam no Cemitério São Sebastião em Mossoró, aos
fundos do túmulo de José Leite de Santana, o ex-cangaceiro Jararaca.
Antonio Luiz
Tavares ficou órfão de pai aos dois meses de vida, quando um sujeito
assassinou o seu patriarca. Depois de crescido e de compreender a causa de sua
orfandade, já que o assassino era protegido de um chefe político de
Cajazeiras do Rio do Peixe, e não fora punido, Asa Branca vingou o crime,
quando ainda tinha 13 anos de idade.
Com medo de
ser preso ou talvez morto dentro da cadeia, já que ainda não tinha maioridade,
e como se defender de abusos por policiais, o jeito foi fugir daquela
região, procurando lugar para se ocultar das autoridades militares e judiciais.
Em 1922, um
ano depois do seu primeiro crime, Lampião fez uma visita à propriedade em que
ele estava recolhido, e lá o encontrou. Ao ver que ele gostava de armas de
fogo, logo o convidou para participar da sua saga. Não tendo outra
solução, foi obrigado a aceitar o convite e entrar no bando, e nele o
menino foi apelidado de Asa Branca, cujo o levou para sua
cova, deixando o nome de batismo para traz.
O
ex-cangaceiro do bando de Lampião passou cinco anos com o grupo,
praticando de todos os assaltos que o bando fazia. Participou do
assalto a Apodi, e outros e outros, e esteve no ataque a Mossoró,
atirando contra a trincheira da Estrada de Ferro.
Logo após a
frustrada invasão a Mossoró, Asa Branca foi preso pela polícia do Ceará, e
recambiado para Mossoró, quando foi condenado pelo então promotor Abel Freire
Coelho, a cumprir uma pena de 10 anos.
Segundo o
jornalista Tomislav Femenick, certa vez o ex-cangaceiro foi convidado para
participar de uma reunião no Rotary Clube de Mossoró, e lá se encontrou com
Abel Freire Coelho, é que lá no ambiente, acusador e acusado
trocaram apertos de mãos, como se nada tivesse acontecido.
O acusado “Asa
Branca”, mesmo tendo passado tanto tempo por traz das grades, não guardou
ódio do seu acusador.
O jornalista
Tomislav Femenick disse em um dos seus artigos que Asa Branca, era
conhecido como um cangaceiro de bons modos e de trato amável. Porém, enquanto
permaneceu no bando, ele vivenciou todas as peripécias que faziam parte do
cotidiano dos cangaceiros: ataques, saques, sequestros, mortes, agruras e,
também, fugas.
CASAMENTOS
O
ex-cangaceiro Asa Branca fez matrimônio por duas vezes. Ainda na Cadeia Pública
de Mossoró casou-se pela primeira vez com dona Sebastiana Venâncio. Ela natural
de Mossoró, e com ele teve três filhos, os quais são: José Luiz Tavares, Jeová
Luiz Tavares e Dijanete Luiz Tavares. Mas posteriormente o casamento foi
de água abaixo, quando os dois resolveram não mais conviverem juntos, e cada um
procurou o seu destino.
O segundo
casamento foi realizado com dona Francisca da Silva Tavares. Natural de Brejo
do Cruz, no Estado da Paraíba. Ela nasceu no dia 21 de Novembro de 1937, e
é filha de Máximo Batista de Araújo e de Dona Severina Guilermina
Silva, ambos paraibanos. Mas o casamento com dona Francisca da Silva, só
aconteceu dezessete anos depois que ambos já viviam juntos.
Com o
ex-cangaceiro de Lampião, Dona Francisca da Silva Tavares teve nove filhos, e
destes, apenas quatro estão vivos, os quais são:
Antonio
Esmeraldo Tavares – O Cride, nascido no dia 10 de Novembro de 1957, na
cidade de São Bento, no Estado da Paraíba. Tem como
profissão, motorista.
Francisco
Tavares da Silva, nascido no dia 14 de Abril de 1959, na cidade Caridade, no
Estado do Ceará. Este foi assassinado aos 24 anos de idade, por um primo, por
coisas banais.
Maria Gorete
Tavares Barbosa, nascida no dia 1º. de Junho de 1960, em Caridade, no Estado do
Ceará. Esta exerce a profissão de artesã de Biscuit.
Maria da
Conceição Tavares da Silva, nascida no dia 25 de Fevereiro de 1963, em
Caridade, no Estado do Ceará. Exerce também a profissão de artesã
de Biscuit.
Máximo Neto
Batista, nascido no dia 04 de maio de 1964, em Caridade, no Estado do Ceará.
Reside atualmente em São Paulo e exerce a profissão de Motorista.
Os demais
filhos do casal não foram citados aqui, porque faleceram ainda criancinhas.
Como
Francisca da Silva Tavares conheceu o “Asa Branca”
Nos ano de 1954,
dona Francisca já era casada e mãe de um filho. Mas nesse período ela
contraiu uma doença, ficando por alguns meses sem
andar. Procurando recursos para se livrar da maldita doença que ora a
perseguia, soube que na região havia um curandeiro, já de idade. Não foi tão
difícil, pois dias depois um velho fazia as curas ao pé de sua cama.
O tempo foi se passando, finalmente dona Francisca se livrou da maldita e
desconhecida doença.
Com aquele
contato de reza vai, reza vem, os dois findaram consumidos de paixões,
e dona Francisca passou a desejá-lo. E no ano de 1955, resolveu
abandonar o seu marido e um filho de sete meses, fugindo com o
curandeiro, cujo destino de apoio, Mossoró.
Mas veja bem
leitor, quem era o curador. Antonio Luiz Tavares, o ex-cangaceiro “Asa Branca”,
que deve ter aprendido as milagrosas rezas com o seu ex-comandante, Virgulino
Ferreira da Silva, o Lampião.
Pelo que se
ver é que dona Francisca da Silva fez o mesmo papelão que fez a rainha do
cangaço, Maria Bonita, quando abandonou o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé
de Neném, para acompanhar o afamado Lampião.
A única
diferença entre as duas, é que Maria Bonita tornou-se
cangaceira; e Dona Francisca jamais participou de cangaço.
Mas
assim que o seu pai, o Máximo Batista tomou conhecimento que ela havia
fugido com o rezador, isto é, o “Asa Branca”, mandou dois dos seus funcionários
procurá-la por todos os recantos de Mossoró.
Já fazia três
dias da permanência do casal em Mossoró, e assim que Asa Branca soube que
estava sendo procurado, resolveu fugir às pressas com a companheira para
Fortaleza, capital do Ceará. Lá, desempregado, foi assistido por um
médico, o doutor Lobo, que logo solucionou o seu problema, e o empregou em uma
mina de ametista.
De Fortaleza,
foram morar em Itapipoca, posteriormente para Caridade, e lá o casal teve
quatro filhos, mas sempre trabalhando na agricultura.
Anos depois a
família mudou-se para Macaíba, já no Estado do Rio Grande do Norte. Com alguns
anos passados, Asa Branca resolveu retornar a Mossoró, onde aqui criou a sua
família e viveu os seus últimos dias de vida.
Nos anos 70, o
Dr. José Araújo, ex-dentista, e diretor de algumas escolas de Mossoró,
juntamente com João Batista Cascudo Rodrigues, conseguiram um emprego na FURRN,
atualmente UERN, e Asa Branca trabalhou nela até morrer.
CASAMENTO
FEITO ÀS PRESSAS PARA SE EMPREGAR
Como Asa
Branca necessitava se empregar, e era necessária a sua documentação para ter
direito aos benefícios do INSS, e não querendo retornar a sua terra natal,
Cajazeiras do Rio do Peixe, na Paraíba, foi feito um casamento às pressas. Ele
resolveu ir à cidade de Porta Alegre, no Estado do Rio Grande do
Norte, e lá fez novos documentos.
De documentos
em mãos, foi feito o seu casamento com dona Francisca da Silva Tavares, no dia
14 de Janeiro de 1974, no 4º. Cartório Judiciário em Mossoró, Nº. 6.256, fls.
256, do livro B-16, do Registro Civil de Casamento, assinado pelo tabelião Joca
Bruno da Mota.
Quando as
pessoas o perguntavam quantos ele havia matado, ele respondia: “-Quem sabe é São
Miguel, porque é ele quem pesa as almas”.
Nem a sua
esposa ele revelou quantos, mas de certeza foram dois: o assassino do seu
pai, e um carcereiro em Mossoró. É claro que no bando ele matou muito
mais, mas jamais confirmou o total de mortos pela maldita mira do seu
mosquetão.
FAMÍLIA BEM
ESTRUTURADA
A família de Asa Branca e dona Francisca é composta de: 04 filhos, 17 netos e 28 bisnetos. Segundo as pessoas vizinhas dos familiares do ex-cangaceiro, o Asa Branca, as quais conversamos com elas, todas foram unânimes e disseram que eles cresceram naquele bairro Bom Jardim, amigos de todos, honestos, trabalhadores e dignos de respeito. Nada desabona a família de Antonio Luiz Tavares, o ex- cangaceiro Asa Branca.
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