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sexta-feira, 24 de junho de 2022

100 ANOS DO ASSALTO AO CASARÃO DA BARONESA DE AGUA BRANCA

 Por Luiz Ferraz Filho

Baronesa da Água Branca e seus filhos

Nesta quinta-feira (23), há exatos 100 anos, em 23/06/1922, o cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, entrava na vila de Água Branca (AL), assaltando e levando grande quantia de dinheiro do casarão da Baronesa de Água Branca, Sra. Joana Vieira Sandes. A mesma era viúva do barão Joaquim Antônio de Siqueira Torres, que teve de seu primeiro casamento o Cônego Torres, o padre que havia batizado o menino Virgulino quando estava na titularidade de vigário de Serra Talhada (PE). O titulo de baronato, no qual o coronel Joaquim recebeu do Imperador D. Pedro II, foi em razão do mesmo ter construído com recursos próprios a matriz da vila de Água Branca (AL), que lhe emprestou o nome do título nobiliarquico. 

casarão da Baronesa de Água Branca, Sra. Joana Vieira Sandes

Cerca de um ano após a morte dos pais, Lampião retornou para o sertão alagoano. Pertencente ao bando de Sinhô Pereira, o cangaceiro se juntou aos irmãos e companheiros da vida de crime e andou pela região em busca de dinheiro para manter armando seu bando. Para isso, mandou bilhetes aos principais fazendeiros da região, porém, em um desses bilhetes que chegou ao consentimento da baronesa, a mesma mandou uma resposta para o portador que tinha dinheiro, mais era pra comprar de bala para seus jagunços “arrancar a cabeça dos bandidos”. Sem se intimidar com a defesa que a jagunçada da baronesa poderia fazer, Lampião preparou uma artimanha colocando seus homens com roupas comuns para conduzir redes cheias de armamentos, servindo assim de isca para ludibriar a guarnição local que imaginava ser um comboio fúnebre, muito comum naqueles idos. 

Fuzis, punhais e cartucheiras eram carregados no lugar dos mortos. Ninguém desconfiou. Dirigiram-se esses à porta da delegacia de polícia local e, aos berros, um dos cabras de Lampião, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: “Acuda, praça! Mande gente lá para as bandas do povoado da Várzea, que a cabroeira de Lampião está acabando com tudo ali; mataram estes daqui e ainda há mais gente morta aos montes".

O despreparado soldado chamou imediatamente o corneteiro, que tocou reunir. Foi o momento propício para a execução do plano de Lampião: as armas foram retiradas das redes e nisso todos os volantes acabaram rendidos pelos cangaceiros. Enquanto a polícia era rendida, outra parte do grupo já havia entrado na cidade e agia no saque ao casarão da Baronesa de Água Branca. Somente nesse assalto ao casarão sabe-se que o cangaceiro roubou a quantia de 20 contos, que a baronesa tinha escondido em um surrão de couro. Foi após esse assalto, que o cangaceiro se tornou conhecido pela imprensa da época, liderando ele um grupo próprio de bandoleiros. Depois disto, retornou Lampião ao Estado de Pernambuco, encontrando-se com Sinhô Pereira que decidiu deixar a vida criminosa, passando ele o comando do bando e a 'coroa de Rei do Cangaço' para Lampião.

Luiz Ferraz Filho, Pesquisador - 23 de junho de 2020 ; Serra Talhada PE

FONTE: Lampião, Seu Tempo e Seu Reinado (MACIEL, Padre Frederico Bezerra Maciel); Lampião, Memórias de Um Soldado de Volante (LIRA, João Gomes de Lira); O Canto do Acauã (FERRAZ, Marilourdes); De Virgulino a Lampião (AMAURY, Antônio - FERREIRA, Vera); O Espinho de Quipá, Lampião a História (AMAURY, Antônio - FERREIRA, Vera) ; Lampião em Paulo Afonso (SOUSA LIMA, João de) ; Lampião, Nem Herói, Nem Bandido, A História (SOUZA, Anildoma Williams de) ;Serra Talhada, 250 anos de História (LORENA, Luiz Conrado de)

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/06/100-anos-do-assalto-ao-casarao-da.html

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