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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TRILHANDO O MESMO CAMINHO DE LAMPIÃO NO RIO GRANDE DO NORTE


UMA MOSTRA FOTOGRÁFICA RELATIVO AOS LOCAIS E A MEMÓRIA SOBRE A PASSAGEM DE LAMPIÃO POR TERRAS POTIGUARES 

Entre os meses de Agosto de 2009 a Fevereiro de 2010, estive percorrendo as áreas rurais por onde o bando de Lampião no Rio Grande do Norte, como parte de uma consultoria que prestei aoSEBRAE, dentro do projeto “Território Sertão do Apodi – Nas Pegadas de Lampião”(www.sertaodoapodi.com.br) Desde a cidade de Luís Gomes, a Mossoró e finalizando em Baraúna, percorri “todo o mesmo trajeto dos cangaceiros” de todas as formas percorrer o mesmo caminho originalmente palmilhado por estes cangaceiros. Para traçar esta rota, além das obras escritas sobre a história da passagem do bando de Lampião pelo Rio Grande de Norte, fiz uso de materiais históricos existentes nos arquivos do Rio Grande do Norte, Paraíba e de Pernambuco. Após seis meses, foram percorridos, entre idas e vindas, mais de 4.000 Km, onde visitamos 82 sítios, fazendas, comunidades e cidades. Foram entrevistadas 123 pessoas e obtidas mais de 2.000 fotos. Em grande parte deste trajeto, a motocicleta se mostrou um aliado muito mais eficiente para se alcançar estes distantes locais.
Compartilho com os leitores e rastejadores do Lampião Aceso alguns momentos dessa minha aventura!


Uma pausa para um café. Aqui junto ao mototaxista Moisés Pautilho, de Luis Gomes. Quem quiser sair da frente do computador e ir ver estes locais, contrate este sertanejohonesto e trabalhador e pode rodar pelos caminhos de Lampião com segurança e satisfação.


Com o Sr. Pedro Belo do Nascimento, Sítio Tigre, zona rural de Luís Gomes. Na época da passagem do bando, o Sr. Pedro percorreu as mesmas fazendas pouco tempo depois das depredações e sequestros e contou muita coisa interessante. Quem quiser ir lá não perde a viagem. Lúcido em seus 99 anos, conta muita coisa em detalhes e fumando um cigarrinho feito por ele mesmo.


Casa do Sítio Baixio (ou Baixo dos Leites), as margens da BR que liga Major Sales (RN) a Uiraúna (PB). Segundo Sérgio Dantas, esta foi a primeira fazenda visitada por Lampião no RN. Falo visita, pois esta era a casa do pai de Massilon Leite, o cangaceiro que guiou o bando de Lampião no RN e o clima foi de tranquilidade. A data foi 10 de junho de 1927.


O que resta da fazenda Aroeira, de onde a Sr. Maria José Lopes foi sequestrada pelo bando. Zona rural da cidade de Paraná.


Segundo membros da comunidade, nesta antiga casa grande do Sítio Barro Preto, na zona rural do município de Tenente Ananias, que pertencia a família Paula, Lampião e seus homens passaram pelo local sem criar problemas, pois o proprietário era amigo de Massilon.


Segundo Dona Maria Emília da Silva, estas marcas circulares foram deixadas pelos canos dos fuzis dos cangaceiros, no umbral da porta principal da casa do seu pai, no Sítio Panati. Para ela, a existência destas marcas é fator de orgulho.


Dona Terezinha Queiroz, Sítio Juazeiro, zona Rural de Marcelino Vieira. Ela reclama que os mais jovens da região não se interessam mais pelas histórias da passagem de Lampião.



Segundo Dona Terezinha Queiroz, foram estes baús que os cangaceiros arrombaram quando invadiram o Sítio Juazeiro.

Marcos simbólicos existentes as margens do Açude da Caiçara no distrito homônimo. Conhecido como: "O Cruzeiro do soldado", existe para recordar, o "Fogo da Caiçara".


Detalhe


Na capela da Comunidade do Junco, construída no local original onde foi resada a primeira "missa do soldado", em 1928. Todo os anos, sempre no dia 10 de junho, a comunidade local não esquece o sacrifício do soldado José Monteiro de Matos e realizam uma missa em sua homenagem.


Placa comemorativa do trigésimo aniversário do "Fogo da Caiçara".


Da direita para esquerda vemos o professor de geografia da rede municipal de ensino de Marcelino Vieira, Ênio Almeida, o Secretário de Cultura desta cidade, professor Romualdo Antônio Carneiro Neto, o comerciante Francisco Assis da Silva e o autor deste trabalho. Com a ajuda destas pessoas foi possível levantar a história da memória em relação a passagem de La´mpião e seu bando por Marcelino Vieira.


Aspecto atual da cidade de Marcelino Vieira


Marcas de fuzis, mantidas preservadas na ponta principal da casa da fazenda Lajes, zona rural de Marcelino Vieira.


Aspecto atual da abandonada casa do S´tio Cascavel, na zona rural do município de Pilões. Esta foi a primeira casa "visitada" pelo bando na manhã de 11 de junho de 1927.


Após o Sítio Cascavel, vemos o Interior da casa do Sítio São Bento, igualmente invadida pelos cangaceiros.


Pelos caminhos de Lampião, muita dor, sangue e lágrimas.


Segundo os moradores da região, esta ermida, em honra a Jesus, Maria e José, foi uma obra edificada para o pagamento de uma promessa feita pela família do coronel Marcelino Vieira da Costa, proprietário da fazenda Caricé.


Marcas da passagem do bando, na porta da antiga residência do morador José Nonato, na Fazenda Caricé.


Nesta residência, na Fazenda Nova, zona rural do município de Pau dos Ferros, até hoje é comum a apresentação de cantadores de viola afamados da região e até de outros estados, onde o público se acomoda nestas toras de carnaúbas colocados em forquilhas. Sempre é solicitado aos cantadores que narrem a história do fazendeiro Antônio Januário de Aquino, que em 11 de Junho de 1927, pediu a Lampião que não deixasse seus homens fazerem mau as suas três filhas e ele foi atendido. A fundo da fotografia vemos os contrafortes da Serra de Martins.


Vista da Serra da Veneza, a partir da estrada que liga as cidades de Pilões e Martins. O ponto branco, bastante distinto na foto, localizado praticamente no meio da serra, é uma capela declinada a São Sebastião e construída como uma promessa pelo fato de três famíliares terem escapados incólumes das garras de Lampião.


Casa da Fazenda Morcego, Abandonada e sem conservação.


Uma entrevista, um diálogo sobre o cangaço, ou sobre a passagem de Lampião e seu bando pela região, e sempre foi bem aceito pelos sertanejos, que em nenhuma ocasião se negarma a receber este pesquisador.


A capela de Santo Antônio. Construída 1901, estava em festa quando da passagem dos cangaceiros pela vila de Boa Esperança, atual município de Antonio Martins.


A Prefeitura Municipal de Antônio Martins criou uma insignia honorifica, no formato de uma pequena placa de acrílco, personalizada, em honra das vítimas da passagem do bando de Lampião.


Na ocasião em que visitamos Antônio Martins, tivemos oportunidade presenciar o nosso amigo, o Secretário Municipal de Turismo e Cultura, Chagas Cristovão, entregando uma das ordens honoríficas a um dos familiares de uma das vítimas da passagem do bando de Lampião.


No Sítio Cruz, na zona rural de Frutuoso Gomes, encontramos o agricultor Glicério Cruz e sua família. Aos 96 anos, seu Glicério continua altivo e memorioso, onde recordou o medo das pessoas da região quando da passagem de Lampião e seu bando. Este agricultor participava da manifestação folclórica conhecida como Rei Congo, ou Rei do Congo, onde atuava no papel de monarca. Último remanescente deste grupo floclórico lamenta que a atual juventude não se interessa mais por este tipo de manifestação cultural.


Marcas deixadas pelos cangaceiros em uma das janelas da casa do Sítio Serrote.


Placa onde a comunidade de Lucrécia homenageia as vítimas do bando de Lampião.


Na zona rural desta cidade temos a casa do S´tio Serrote e os membros da família Leite na atualidade. Na noite de 11 de Junho de 1927, o fazendeiro Egídio Dias da Cunha foi sequestrado pelos cangaceiros e sua esposa, Donatila Leite Dias passou por sérios apuros.


Após o sequestro de Egídio Dias, um grupo de parentes e amigos tentou buscar seu resgate na antiga vila de Gavião, atual município de Umarizal. No trajeto o grupo encontrou o bando de cangaceiros e três homens foram mortos. As margens da RN-072, este monumento, conhecido como "A cruz dos três heróis" marca o local do combate.


Na comunidade rural do sítio Caboré atua uma organização denominada Grupo Juventude Unida de Caboré, que atua no desenvolvimento da cultura local, utilizando principalmente o teatro como ferramenta e meio de expressão, atravé de um grupo de teatro denominado "Tribo da Terra". Conhecemos o grupo e ficamos sabendo que eles desenvolveram uma peça teatral denominada "Na boca do povo e das almas", onde tratam exclusivamente dos trágicos episódios vividos pela incipiente comunidade em Junho de 1927. Este grupode teatro, lederados pela estudante depedagogia Adriane Maia Dias.


Na zona rural do município de Umarizal visitamos uma das mais belas e bem preservadas propriedades rurais existentes no trajeto, a Fazenda Campos, que foi invadida na manhã de 12 de Junho de 1927.


O agricultor Pedro Regalado da Costa, memória viva da passagem do bando na comunidade Traíras, zona rural do município de Apodi.


O agricultor Pedro Regalado da Costa, memória viva da passagem do bando na comunidade Traíras, zona rural do município de Apodi.


Antiga casa grande da Fazenda Santana, atualmente prestes a desabar por falta de conservação. Aqui o prisioneiro Antonio Gurgel do Amaral teve o primeiro contato com Lampião.



Antônio Gurgel, neto e esposa


Marcas do projeto em várias localidades do Rio Grande do Norte, como aqui em Itaú.


O agricultor João de Deus de Oliveira no caminho que segue para a Ladeira do Mato Verde, onde o bando de cangaceiros galgou a Chapada do Apodi.


No alto da Chapada do Apodi, com meu "Cavalo de aço", atrás do rastro dos cangaceiros 83 anos depois.


No Sítio Arapuá, zona rural de Felipe Guerra, conhecendo um pouco dos fatos relativos à passagem do bando junto  ao agricultor Edmundo Paulino da Silva (de óculos escuros), e seus familiares.


Na região do Sítio Carnaubinha, onde existia uma pousada conhecida como "pouso de Pregmácio", atacada pelos cangaceiros, o senhor Francisco Barbosa de Lima, de 87 anos, conheciddo em toda a região como "Caiolin", aponta o caminho que seu pai afirmava ter sido originalmente percorrido pelo bando.


No Sítio Camurim, zona rural da cidade de Governador Dix-Sept Rosado, junto a José Euzébio de Freitas, filho de Cícero Secundino, onde narrou como o bando levou um bom cavalode seu pai.


Às margens da rodovia estadual RN-117, na atual zona rural do município de Mossoró, no Sítio Lagoa dos encontramos o agricultor Expedito Evangelista de Oliveira, que narrou as agruras que seu sogro, João Abdias de Araujo, passou junto ao bando.


Deitado na rede de uma das casas do Sítio Cajueiro, Lucas José da Silveira, nascido em 1924, narra os episódios que envolveram o sequestro do seu parente Pedro José da Silveira, proprietário do lugar em 1927.


À direita vemos o amigo da cidade de Governador Dix-Sept Rosado, Jonathan Halison, que muito ajudou neste projeto. Ao seu lado este senhor conduz tropas de jumentos e burros entre as cidades da região. 


Luis Ferreira da Silva, morador do Sítio Bonito, zona rural da cidade de Governador Dix-Sept Rosado. Nascido em 19 de agosto de 1910, de aspecto frágil, possui, entretanto uma imprecionante memória, onde ainda declama versos sobre lendas locais e a passagem dos cangaceiros pela região.


Feliz por estar a apenas sete qulômetros de Mossoró, na casa do Sítio Picada, invadida na manhã de 13 de Junho de 1927, onde foi sequestrado o fazendeiro Azarias Januário Oliveira.


Seguindo pelas estradas existentes nas margens do Rio Apodi, os cangaceiros seguiram em direção a Mossoró.


Final do trajeto e uma pausa para uma última conversa.
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