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terça-feira, 29 de maio de 2012

Estética e estratégias do cangaço

Cangaceiros gostavam de ouro, cachorros e perfumes

Estética do Cangaço – além de manifestações culturais, cantoria e dança, todos gostavam de moda. Maria Bonita era a costureira do bando, mas também Lampião e Dadá costuravam, faziam bordado e produziam os modelos das roupas. Compravam alguns produtos aos mascates. Dizem que por muitas vezes Lampião e Maria Bonita viajavam às capitais disfarçados em cidadãos comuns

1 - Chapéu - inspirado no modelo francês adotado pelo imperador Napoleão Bonaparte, (de quem Lampião leu a biografia), na frente de um dos seus chapéus Lampião tinha a estrela de Salomão (5 pontas) em ouro, em outros acompanhava o enfeite do resto do bando: várias mandalas em estrela

2 - Lenços - de tafetá francês ou seda pura inglesa; geralmente estampados e coloridos, quebravam a monotonia do tom ocre da roupa de tecido gabardine

3 - Brincos - ao contrário de outros sertanejos, os cangaceiros usavam brincos e outras jóias, tudo de ouro

4 - Casaco - desenhado e costurado em algodão ou couro por Lampião , que carregava uma máquina de costura Singer para todos os seus acampamentos; tinham também inspirações medievais

5 - Perfume - os cangaceiros costumavam ser reconhecidos pelo cheiro excessivo de perfume, inclusive pelas volantes; Lampião preferia o "Fleur d'Amour", considerado um dos melhores perfumes franceses entre os anos 20 e 40

6 - Calça - o modelo mais usado era com culote e cintura bem alta; usavam até três no inverno devido ao frio à noite

7 – Cabelos - Lampião deixou de cortar os cabelos como promessa, após a morte do irmão, sendo seguido pelos outros cangaceiros; às vezes, eles penduravam anéis no cabelo, (que eram geralmente longos nas mulheres e em alguns dos homens), depois de lotados todos os dedos das mãos

8 - Arma - como outros adereços, era cravejada de moedas de ouro, influência da marchetaria árabe no sertão nordestino; segundo vários historiadores a presença da cultura dos árabes ¹ são uma evidência na cultura nordestina

9 - Alpargatas - enfeitadas com desenhos costurados; tinham uma lingueta para proteger os dedos

10 - Saia - sempre acima do joelho, desrespeitando a convenção da saia rendada até o tornozelo

11 - Anéis - de ouro, mulheres e homens usavam até três anéis por dedo

12- Alpargatas - desenhadas e confeccionadas em couro por Dadá, mulher de Corisco

13 - Colares e rosários - colares e correntes também de ouro, misturados com terços bentos, usados em abundância

14 – Lampião usava óculos - tinha o olho direito “vazado”, segundo dizem, ao ser atingido por um galho quando fugia a pé por dentro da caatinga
15 - Proteção para as pernas e braços - as mulheres usavam meias grossas de algodão, 3/4 ou seja, até os joelhos e os homens usavam perneiras, de couro, isso para não arranhar nas caatingas, motivo também pelo qual todos usavam manga comprida

Os nomes eram imortais. Quando um cangaceiro morria outro assumia o mesmo nome

Táticas e Truques do Cangaço - O conhecimento do ambiente e o uso de algumas táticas davam vantagem ao cangaceiro.

1 - Rastros
Uma forma de escondê-los era andar em fila indiana, todos pisando na mesma pegada. O último ia de costas, apagando-a com plantas, Mandavam também fazer alpercatas com o salto na frente e não atrás, como é normal. A pegada parecia apontar para o outro lado, de modo que os perseguidores não sabiam se o bando ia ou se vinha

2 - Comunicações
Quando entrava numa cidade, o bando cortava o fio do telégrafo e tomava o posto telefônico, impedindo pedidos de socorro

3- Estradas
Eram evitadas. Os bandoleiros iam por dentro da caatinga. Quando não tinham outra opção, sequestravam todas as pessoas que encontravam e levavam os reféns ao menos por um tempo

4 - Psicologia
Não deixavam a polícia avaliar o resultado dos combates. Levavam os mortos e, quando não dava, cortavam-lhes as cabeças, dificultando a identificação

5 - Apelidos
Quando um integrante do grupo morria, seu apelido era adotado por um novato. Essa é uma das razões que faziam os cangaceiros parecerem invencíveis, pois os nomes eram imortais

6 - Alarmes
Sempre havia cães acompanhando o bando, (já crianças pequenas não havia, as cangaceiras davam ou deixavam os filhos aos cuidados geralmente de padres ou de mulheres de coiteiros de muita confiança do capitão Virgulino, no entanto havia garotos ingressantes no bando), os cães funcionavam como sentinelas ( mas não latiam, exprimiam um rosnado gutural e abafado, como o da gia e que era entendido pelos cangaceiros), dizem que o cão do Capitão se chamava guarani.  Havia também um sistema banal de alarme, consistia em cercar o acampamento com fios ligados a chocalhos (sinos, guizos)

6 – Para não serem vistos pelos inimigos rezavam “orações fortes”, ensinadas por beatos ou curandeiros que havia no sertão, tal como: Se encobrindo por uma árvore ou mesmo a palma da mão empatando ver o inimigo, rezar o Credo em cruz pelo avesso

Surpresa, esperteza, covardia?

Para conseguir bons resultados, Lampião evitava ao máximo os confrontos e abusava de uma tática conhecida como dueto. Ao ataque da polícia, simulava uma fuga, esperando o inimigo em outro local, de surpresa. Havia quem dissesse que isso era covardia. Ele preferia chamar de esperteza.

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