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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Antonio Conselheiro

Ruínas da Igreja velha de Santo Antonio

Antonio Vicente Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro, nasceu em 1830, no sertão de Quixeramobim, Ceará. Seu pai foi um ex-vaqueiro, proprietário de uma bodega que queria vê-lo ordenado padre, por essa razão o menino teve acesso a uma instrução formal.

O sonho do sacerdócio, contudo, frustrou-se com o falecimento do pai, em 1855. O futuro conselheiro herdou o comércio e a responsabilidade de cuidar da família, mas acabou falindo, mergulhado em dívidas. 

Casou-se em 1857, sendo depois abandonado pela família. Exerceu as funções de professor, pedreiro, construtor, rábula e caixeiro – teria inclusive, como vendedor ambulante encontrado e acompanhado o Padre Ibiapina nas andanças pelos sertões. Residiu durante algum tempo em Santa Quitéria, onde conviveu maritalmente e teve um filho com Joana Imaginária, mulher mística e escultora de rústicas imagens sacras.

Por volta de 1873, aparece em Assaré-CE, já com a fama de beato, e com as notícias de suas peregrinações pelos Estados do Ceará, Bahia e Sergipe. Ganhou fama, prestigio e seguidores, e começou a ser chamado pela população de Antonio Conselheiro. Seus seguidores, gratuitamente, reconstruíam muros caídos de cemitérios, reforçavam paredes ameaçadas das igrejas, levantavam capelas, construíam pequenos açudes. Virou um homem respeitado no sertão, multidões se formavam para ouvir seus sermões: palavras otimistas, que previam um mundo melhor, feliz, mais próximo de Deus, longe da miséria.

Vista geral de Canudos, depois do massacre

Para as classes dominantes, no entanto, Antonio Conselheiro era um charlatão louco, e estaria desviando as pessoas das atividades produtivas.

Em 1893, Conselheiro e seus seguidores se fixaram numa velha fazenda abandonada do norte da Bahia, às margens do rio Vasa-barris. O beato batizou o lugar de arraial do Belo Monte, embora ficasse conhecido por Canudos. 

Ante o quadro de secas, fome, doenças e exploração vigente no sertão nordestino, o Arraial do Belo Monte tornou-se uma espécie de terra prometida para os pobres da região. 

Em pouco tempo o Arraial assumiu dimensões extraordinárias, há quem estime sua população em 30 mil habitantes. Era um ambiente rústico e pobre, mas nos domínios do Conselheiro não existia fome e reinava um espírito de solidariedade e cooperação. 

A maior parte do que era produzido era repartido entre os moradores. Essa comunidade alternativa, cooperativa, assustou os poderosos. Os latifundiários perdiam a mão-de-obra sertaneja. A igreja católica perdia os seus fiéis.

 

Por outro lado, era evidente que o Conselheiro pregava contra a república, estimulando a que não se lhe pagassem tributos e até espantasse os funcionários que representavam a justiça e o casamento civil. Canudos assemelha-se às incontáveis comunidades rebeldes religiosas, lideradas por fanáticos, que reúnem ao seu redor uma multidão de fiéis aos quais é assegurada não só a salvação, mas a imortalidade.

Seguidores do Conselheiro prisioneiros 

Usando como argumento principal o fato de Antonio Conselheiro fazer críticas à república – cuja proclamação em 1889 não alterou em nada a penúria em que vivia grande parte do povo nordestino – as camadas dominantes exigiram a destruição do Arraial, o que acabou acontecendo depois de três expedições anteriores fracassarem na tentativa de acabar com o aglomerado.

Mesmo com o arraial cercado pelo exército, a população lutou até o fim. Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Alguns homens sobreviventes foram degolados e os que resistiram até o fim foram mortos a golpes de baionetas na luta corpo-a-corpo que se travou dentro do arraial, no dia do assalto final, em 5 de outubro de 1897. 

Antônio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um louco fanático.

Pesquisa:
História do Ceará, de Airton Farias
A Guerra de Canudos e Sertões. Disponível em
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos.htm
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