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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Considerações Biográficas sobre Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia), a parteira das mulheres pobres de Mossoró (RN)

Por: José Romero Araújo Cardoso

Considerações Biográficas sobre Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia),  a parteira das mulheres pobres de Mossoró (RN)

Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia) nasceu no Sítio Carmo, município de Mossoró (RN), no dia quatro (04) de Dezembro (12) de 1927, falecendo na Capital do Oeste Potiguar aos cinco (05) de Fevereiro (02) de 2007.
          
Residiu por longos anos na Rua Venceslau Braz, número 1628, Bairro Barrocas. Foi casada com o senhor Antônio Caetano de Souza, também natural de Mossoró (RN), nascido na comunidade rural de Jurema seca. 
          
Ambos conheciam profundamente sobre as condições de vida do povo mossoroense, sobretudo daquele que habita a zona rural, com sua falta de perspectiva e vítima da ausência do Estado quanto a elaboração de políticas públicas que possam beneficiar infortunados, devido ao favorecimento de poucos.
          
O casal teve seis filhos: Francisco Antônio de Souza (falecido), Raimunda de Souza (falecida), Manuel Francisco de Melo Neto (falecido no dia dez (10) de Setembro (09) de 2002, com 49 anos), Antônia Maria de Souza(nascida no dia vinte e nove (29) de Janeiro (01) de 1957), Maria das Graças de Souza (falecida) e José Maria de Souza, tendo  adotado ainda uma criança do gênero feminino, a qual deu o nome de Maria Leite de Souza.
          
As informações prestadas a fim de compor a presente contribuição biográfica de Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia) foram fornecidas pela Sra. Antônia Maria de Souza, pelo esposo desta, de nome Gutemberg Oliveira de Souza (nascido no dia dezenove (19) de Fevereiro (02) de 1950) e pelos netos Salizete Oliveira de Souza (nascida no dia cinco (05) de Março (03) de 1976) e Vandemberg Oliveira de Souza (nascido no dia quatro (04) de Junho (06) de 1982), residentes na Rua Venceslau Braz, Bairro Barrocas, Mossoró (RN), bem próximo da casa onde morou a Sra. Maria Joaquina de Souza (Maria Correia).
          
Cópias de documentos pessoais da Sra. Maria Joaquina de Souza (Maria Correia) foram fornecidas pelos familiares: O número do RG é 200.085. O CPF é 062964674-00. O título eleitoral traz o número de inscrição 74548516/60 – Zona 034 – Seção 0013 – Data de Emissão: 18/09/1986.
          
A convivência intensa com a mãe enfatizou na filha Antônia Maria de Souza o desenvolvimento de habilidade em realizar partos, pois a mesma contabilizou o número de trinta e dois efetivados quando de assistência a Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia) em seus trabalhos ginecológicos práticos, tendo em vista que era intensa a procura pelos serviços da experiente parteira tradicional que fez muito pelas pessoas pobres da Terra de Santa Luzia do Mossoró.
          
Além de realizar trabalho extraordinário como parteira tradicional Dona Maria Joaquina de Souza foi líder comunitária, exercendo o cargo de presidente do Conselho Comunitário de Barrocas I. Segundo o advogado José Wellington Barreto, em livro por título de “Importantes Lideranças do Movimento Comunitário de Mossoró”, página 219, “Maria foi presidente de 1991 a 1994. Lutou e conquistou obras de infraestrutura, como pavimentação de casas, praças, melhoria da segurança pública, curso de qualificação profissional, respeito aos jovens e idosos”.
          
A importância das parteiras tradicionais para a assistência de mulheres pobres é indiscutível, sobretudo em regiões carentes espalhadas pelo mundo, as quais imprescindem de auxílio em razão que ainda são precárias as condições de saúde devido a ineficiência do Estado e privilégio das classes mais favorecidas com relação a esse importante setor relacionado à qualidade de vida do gênero humano.
          
Existiu em Mossoró (RN) uma grande mulher, consciente do papel que deveria desempenhar junto aos seus semelhantes, em vista que o trabalho desenvolvido durante décadas foi responsável pela salvação de centenas de vidas devido à intervenção da mais tradicional parteira que deu importante contribuição às famílias pobres da Capital do Oeste Potiguar.
          
Seu nome era Maria Correia, moradora da Rua Venceslau Braz, localizada no Bairro Paredões. Em sua residência existiam leitos a fim de acomodar parturientes pobres que não podiam pagar por serviços médicos.
         
A pobreza mossoroense afluía em massa em busca dos seus cuidados, pois nunca se negou em atender famílias carentes a qualquer hora do dia ou da noite, pois seu compromisso sempre foi com a vida em sua dimensão maior. Maria Correia foi exemplo de obstinação em servir ao próximo, sem buscar nenhuma recompensa para sua luta hercúlea em prol da edificação do bem comum.
          
Amiga de políticos importantes, sempre usou sua influência visando concretizar melhores condições infraestruturais para a clientela carente que assistiu durante sua digna trajetória no plano terrestre.
          
Nenhuma mulher gestante pobre chegava à sua residência sem receber os cuidados necessários embasados em seus conhecimentos práticos, os quais efetivavam de forma brilhante e precisa, pois a parteira Maria Correia tornou-se expert em diagnosticar e tratar casos de gravidez de risco que exigiam certos cuidados especiais a fim de garantir o bem estar da mãe e da criança que esta carregava no ventre.
          
As gestantes que Dona Maria Correia assistia só saiam de sua residência quando se encontravam em condições absolutamente exatas de ter uma vida normal. Dona Maria Correia não media esforços para dar o melhor para suas pacientes.
          
A grande parteira de Mossoró (RN) não tinha orgulho em sair à rua para pedir o que necessitava para ser usado nas mulheres carentes que tratava, razão pela qual se tornou bastante conhecida e bem-quista no meio político local.
          
Grandes personalidades com atuação no cenário nacional vislumbraram com afeto o trabalho realizado pela heroína mossoroense que empenhou sua vida em busca de melhores condições de existências para seus semelhantes sofredores.
          
Aglomerados humanos localizados na periferia de Mossoró (RN), marcados pelo sofrimento e pela exclusão, foram sobremaneira beneficiados com o humanismo que alicerçava as ações da mais devotada parteira tradicional da terra de Santa Luzia.
          
Bairros mossoroenses inteiros, como Paredões, Barrocas, Bom Jardim e Santo Antônio, os quais não contavam na época com a prestação de serviços médicos garantidos pelo Estado, tiveram em Dona Maria Correia um porto seguro com o qual sempre puderam contar nas horas de maior aflição, quando famílias se desesperavam em busca de socorro que pudesse viabilizar o aumento da prole.
          
Dona Maria Correia, com fidalguia e extrema abnegação, acolhia todas as mulheres pobres que lhe procuravam, intuindo um bom parto, menos sofrimento nas horas difíceis que assinalam a angústia de não ter com quem contar quando se trata de assistência médica que possa salvar vidas.
          
Além de parteira de raros dotes, possuindo extrema habilidade na divina arte de viabilizar a vinda de uma nova vida a este planeta, Dona Maria Correia também realizava com precisão intervenções pertinentes à enfermagem, como aplicar injeções, fazer curativos e aliviar sofrimentos diversos que incomodavam e ainda incomodam parcela significativa da população carente em todo mundo.
          
Centenas, talvez milhares de famílias de baixa renda da Capital do Oeste potiguar devem agradecer bastante ao Grande Arquiteto do Universo por ter enviado um anjo de luz que ajudou bastante a aliviar infortúnios e sofrimentos, razão pela qual há de ser enfatizada a oportuna homenagem feita a Dona Maria Correia quando esta se tornou patrona do Hospital da Mulher inaugurada em Mossoró (RN), cujo trabalho vem reeditando bastante as lutas heróicas da grande mulher que honrou o solo no qual se desenrolam batalhas titânicas em prol da elevação do gênero humano.

Conforme ainda José Wellington Barreto, na supramencionada obra, corroborado pelos familiares, Dona Maria Joaquina de Souza (Maria Correia) era amiga pessoal da atual Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Dra. Rosalba Ciarlini Rosado “que tinha por Maria uma inestimável admiração, porque ela, Rosalba, como médica e mãe, sabia o quanto a líder tinha sido importante para as famílias pobres de Mossoró” (Idem; Ibidem).  
          
Agradecida pelo trabalho exemplar desempenhado por Dona Maria Joaquina de Souza, velório e enterro da mesma, ocorrido respectivamente nos dias cinco (05) e seis (06) de Fevereiro (02) de 2007, a população mossoroense, sobretudo a residente nos Bairros Barrocas, Paredões, Bom Jardim e Santo Antônio, afluiu em massa para prestar última homenagem àquela que, em oportuna expressão do advogado José Wellington Barreto, tornou-se “uma verdadeira lenda da luta humanitária e social de Mossoró (Idem; Ibidem)”.

José Romero Araújo Cardoso é Geógrafo. Professor-adjunto do Campus Central da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Contato: romero.cardoso@gmail.com.

Enviado pelo autor: José Romero Araújo Cardoso

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